Rotular Maggie Tem um Plano/Maggie’s Plan, de 2015, o quinto filme dirigido por Rebecca Miller ao longo de 20 anos, como uma comédia romântica seria imperfeito e reducionista. O filme tem, sem dúvida, muitos elementos de comédia romântica, inclusive humor e amor, mas é mais que isso.
Acho que mais exato seria dizer que Maggie’s Plan é um estudo de comportamento. No caso, do comportamento – quanto a relações afetivas, casamento, paternidade/maternidade – de gente pertencente a um grupo muito específico, restrito: o mundo dos jovens professores universitários de Nova York.
O eventual leitor teria todo o direito de se perguntar: mas que cazzo tenho eu a ver o mundo dos jovens professores universitários de Nova York? Bem, na verdade, o filme mostra que eles são mais parecidos com os seres humanos “normais”, gente como a gente, ordinary people, do que poderiam supor a vã filosofia deles e a nossa . Em segundo lugar, é um filme sensível, que chega mesmo a ser terno, e também agradável, gostoso de se ver.
E, para mim, teve a deliciosa vantagem de apresentar Greta Gerwig, uma atriz extremamente talentosa, simpática, que eu não conhecia ainda. Greta Gerwig faz a Maggie do título, e Maggie’s Plan já valeria só por ela.
Maggie não tem relações longas e estáveis, e então resolve ter um filho sozinha
Maggie tem 30 e tantos anos (a atriz tinha 32 no ano de lançamento do filme), diz que nunca conseguiu ter uma relação afetiva por mais de seis meses, não tem esperança de começar uma a médio prazo, e por isso traçou o plano de ter um filho por conta própria, produção independente. Como é chegada a um estilo de vida assim menos convencional, mais alternativo, meio o que a minha geração chamaria de riponga, optou por um plano que não envolve banco de esperma, clínica e tratamento de fertilização. Decidiu que vai pegar o esperma de um conhecido e ela mesma enxertá-lo no local apropriado, no ápice de um período fértil.
Maggie explica isso a seu amigo – e ex-namorado – Tony (Bill Hader, na foto abaixo), enquanto passeiam pelas ruas de Nova York, ele empurrando o carrinho do seu filhinho com a esposa Felicia (Maya Rudolph), ela também grande amiga de Maggie.
Diante da afirmação dela de nunca ter tido uma relação afetiva que durasse mais de seis meses, Tony protesta, já que, afinal, ele e ela tinham namorado durante dois anos. Mas Maggie contra-argumenta que foi namoro dos tempos de faculdade, e na maior parte do tempo um fazia o outro miseravelmente infeliz, então não conta.
Tony brinca que, se ela quiser, pode usar esperma dele, que está depositado em um banco. Mas é apenas uma brincadeira.
Com uma expressão de quem tem muito medo de como o amigo vai reagir, Maggie pergunta se Tony se lembra de Guy Childers, colega deles de faculdade. Tony repete o nome e diz: – “Não é o cara que virou vendedor de picles?”
A expressão no rosto de Maggie-Greta Gerwig é extraordinária, sensacional, quando ela o corrige: – “Ele é um empreendedor no ramo de picles. (E, depois de uma pausa: ) Ele concordou em fazer uma doação de modo a que eu possa me inseminar.”
Quando Tony faz uma primeira contestação ao nome de Guy Childers, ela replica que ele era um gênio em matemática. – “E eu não vou me casar com ele. Vou só pegar emprestados os seus genes.”
Reafirma que está pronta para ser mãe, que não quer deixar para última hora, que está decidida, já tem seu plano.
Plano de conjunto: vemos os dois amigos caminhando numa rua movimentada de Nova York, ele empurrando o carrinho de bebê. Tony pergunta a ela: – “Estou com mau hálito?” Vemos que Maggie chega para perto dele; diz que não, mas então é a vez de ela perguntar, e o amigo de cheirar e dizer que está tudo bem.
Uma absoluta delícia de detalhe, esse. Os dois amigos estão conversando sobre algo fundamental na vida dela – ter um filho, e com os genes de que pai. Assunto encerrado, falam de um detalhinho bobo, insignificante.
Eça de Queiróz usou artifício semelhante em Os Maias, após uma conversa séria entre Carlos da Maia e Maria Eduarda, os protagonistas do romance magistral.
Detalhinho de quem sabe das coisas.
O roteiro é da própria Rebecca Miller, baseado em um livro até então não publicado de Karen Rinaldi, uma amiga da diretora.
Arthur Miller (1915-2005) deve ter grande orgulho da filha, lá onde estiver.
Maggie dá um potinho para o colega de faculdade recolher o sêmen
Logo após aquele final de diálogo entre Maggie e Tony, vemos, em letras imensas, o título do filme, Maggie’s Plan. Não há outros créditos – apenas o nome do filme. Os créditos mesmo só virão ao final.
Logo após vermos o título Maggie’s Plan, vemos Maggie dando prosseguimento a seu plano na pequena fabriqueta de picles de Guy Childers (o papel de Travis Fimmel, na foto abaixo). Ele é de fato um empreendedor – tem ali uma meia dúzia, talvez uma dezena de pessoas trabalhando para ele.
A figura dele é que é engraçada. Apesar de estarmos em 2015, Guy parece um hippie pronto para ir a Woodstock em 1969. Tem o cabelo grande, a barba enorme, está sempre com um monte de agasalhos e um gorro bem pouco convencional. Maggie entrega para ele um potinho que havia, naturalmente, esterilizado.
Veremos que Maggie é uma pessoa bastante organizada, zelosa, metódica. Tidy, diriam os ingleses. Tem também aquela certeza de que pode controlar a vida, de que a vida seguirá conforme o que ela planejou. A vida dela e também a dos outros.
Maggie, evidentemente, jamais prestou atenção à letra de “Roda Viva”.
Na terceira sequência do filme, ela está na faculdade em que dá aula, a New School, conforme podemos ver em um cartaz na entrada. Vai à tesouraria, dizer que recebeu dois cheques naquele mês, deve ter algo errado. Surge um sujeito dizendo que ouviu a frase dela, e acontece que ele não recebeu cheque algum. A mulher da tesouraria, séria, cara de pouquíssimos amigos, pergunta os nomes. Ele diz John Harding (é o papel de Ethan Hawke, simpático, bonitão, aos 45 anos, já com alguns fios de cabelo branco), e Maggie diz que a coincidência de nomes pode explicar a confusão: ela se chama Johanna Margaret Hardin.
Saem os dois juntos da tesouraria da faculdade, e o diálogo que vem a seguir é absolutamente sensacional.
Em uma rápida sequência, o filme arrasa com a metidez dos acadêmicos
Ele: – “Aquela mulher poderia ficar no lugar de Cérbero, se ele tivesse que ir ao veterinário.”
Claro: um professor universitário de Nova York não faria com uma moça bonita que tinha acabado de conhecer um comentário bobo, raso, tipo “Mas que mulher de maus bofes, hein?” Tem que demonstrar cultura, inteligência, vivacidade. Que conhece mitologia grega.
Maggie pergunta o que ele ensina.
Ele: – “Perspectiva Crítico-Funcional na Dinâmica Familiar e Família Moderna da Era Vitoriana aos Dias Atuais.”
Ela: – “Departamento de Sociologia?”
Ele: – “Antropologia.”
Ela: – “Não conheço ninguém da Antropologia.”
Ele: – “E você?”
Ela: – “Eu dirijo Desenvolvimento de Negócios para Estudantes de Arte e Design.”
Ele: – “O que é isso?”
Ela: – “Eu ajudo os estudantes formados a criarem estratégias de sucesso. Faço a ponte entre a arte e o comércio.”
Em menos de dois minutos, o filme de Rebecca Miller arrasa com a fatuidade, a imbecilidade do mundo acadêmico e sua presunção, seus narizes arrebitados, seus egos inflados. Maior delícia.
O destino faz com Maggie Hardin e John Harding voltem a se encontrar
Pouco depois, Maggie Hardin e John Harding se revêem no refeitório da faculdade. Ele está com dois colegas, ela está com Felicia, a grande amiga, que também dá aula ali. John faz da sua mesa uma pergunta qualquer a Felicia, ela responde. Maggie diz que acabou de conhecer o cara, por causa de um rolo em torno de cheques de pagamento.
Felicia tem a ficha todinha da rapaz, e a apresenta para a amiga. É tido como um bamba na área dele, tinha muita fama em Chicago, mas agora, ali naquela faculdade, é apenas um auxiliar. É casado com uma bambambã da Antropologia, da prestigiosa Columbia University, Georgette Norgaard (é o papel de Julianne Moore, fazendo-se passar por uma holandesa que fala inglês com forte sotaque). A mulher tem fama de fria e dominadora, um monstro.
Daí a alguns dias os acadêmicos Maggie Hardin e John Harding vão se reencontrar no Central Park. Ele conta que está escrevendo um romance.
Veremos que Georgette, a mulher dele, nunca havia se interessado por ler uma linha do romance que o marido está escrevendo. Na verdade, Georgette só se interessa pela própria carreira, não dá a menor bola para o marido nem para os filhos, Justine (Mina Sundwall), já adolescente, aí com uns 14 anos, e Paul (Jackson Frazer, um garoto de uns 8).
Maggie se dispõe a ler os primeiros capítulos do romance de estréia de John – e gosta do que lê.
Vou relatar em seguida fatos que acontecem quando o filme está com 25, 30 minutos dos seus 98 totais. A rigor, é spoiler. Se o eventual leitor tiver interesse em ver o filme, deveria pular para depois do próximo intertítulo.
Atenção: spoiler. Se você não viu o filme, pule para o outro intertítulo
Lá pelos 20 e tantos minutos de filme, Guy Childers, aquela figura meio esquisitona, troncha, nada convencional, um hippie fora de hora, chega ao apartamento de Maggie – mas, ao contrário do que ela esperava, não traz no potinho que ela havia entregue a doação prometida por ele.
Quando ela demonstra estranheza, ele – com um jeitão troncho, desajeitado, mas de forma algum invasivo, ofensivo, violento – diz que havia pensado se não seria o caso de eles fazerem do modo tradicional. Ela diz que não, de jeito algum! – e então, munido de um novo potinho que ela entrega, Guy Childers vai para o banheiro de Maggie. Poucos instantes depois, faz a doação.
Corta, e vemos Maggie deitada na banheira, logo após haver se inseminado com os genes de Guy Childers.
Toca a campainha – é John Harding, é óbvio.
Ela pede para ele esperar um pouquinho, se ajeita, deixa cair um resto de esperma de Guy no chão.
John, o professor de Perspectiva Crítico-Funcional na Dinâmica Familiar e Família Moderna da Era Vitoriana aos Dias Atuais, mal chega e já se declara apaixonado por ela. Trepam.
Corta.
Estamos com exatos 30 minutos de filme, e Maggie está passeando com a filhinha Lily, que está aí em torno de 2 anos de idade.
John Harding havia se separado de Georgette, e se casado com Maggie, e escrevia sem parar seu romance interminável, feliz da vida. Para se dedicar inteiramente ao romance, tinha parado de trabalhar. Maggie sustentava a casa – e, como John estava sempre ocupado, ela mesma dava um jeito de pegar os filhos dele na escola e levá-los para a casa da mãe.
Georgette estava para lançar um livro em que contava toda a história do seu casamento destruído quando o marido se engraçou por uma mulher mais jovem.
Mas que diabo! Com 30 minutos, já tivemos o que seria o fim de uma comédia romântica normal, tradicional! Mocinha conheceu mocinho, casaram-se – pronto, acabou!
Rebecca Miller usa seu grande talento para falar de casamento, familia
De fato, Maggie’s Plan não é apenas uma comedinha romântica.
A partir daí, haverá ainda muita água a correr sob as pontes. Muita, muita água.
Há um tom leve, suave, ao longo do resto da história – e há mesmo algumas situações engraçadas. Não são, de forma alguma, situações que façam o espectador dar gargalhadas – não, isso não. O espectador poderá sorrir diversas vezes. Os momentos quase cômicos se intercalam com outros sérios, mais pesados – mas também nada de absoluto drama.
François Truffaut dizia que gostaria de fazer filmes que tivessem, ao mesmo tempo, momentos engraçados e momentos sérios. Como acontece na vida. Como é a vida. Ele conseguiu, é claro.
Rebecca Miller também conseguiu.
Quando vi A Vida Íntima de Pippa Lee/The Private Lives of Pippa Lee, que Rebecca Miller roteirizou e dirigiu, baseado em novela de sua própria autoria, escrevi: “É um belo, sensível drama sobre casamento, relações familiares e as surpresas que a vida nos apresenta quando menos esperamos. Todo o elenco cheio de bons nomes está impecável, mas o show é de Robin Wright Penn.”
A Vida Íntima de Pippa Lee é de 2009, e é o filme dela imediatamente anterior a este Maggie’s Plan. Entre um e outro, passaram-se, portanto, seis anos, o que é incomum na carreira da maioria dos diretores.
A mesma frase sobre A Vida Íntima de Pippa Lee vale para este Maggie’s Plan – apenas seria necessário trocar “drama” por algo como “mistura de drama e comédia” e o nome de Robin Wright pelo de Greta Gerwig.
É impressionante como as mesmas características estão presentes nos filmes de 2009 e 2015. Os dois falam do mesmo tema – casamento, relações familiares e as surpresas que a vida nos apresenta quando menos esperamos. Os dois têm elencos cheios de bons nomes. Nos dois, a interpretação da protagonista é um show.
Sei muito pouco sobre Rebecca, a não ser alguns dados básicos – ela nasceu em 1962, o mesmo ano em que seu pai, logo após se divorciar de Marilyn Monroe, se casou com sua mãe, Inge Morath (1923-2002). Desde 1996 está casada com o ator Daniel Day Lewis, que conheceu na casa do pai, quando os dois se preparavam para as filmagens de As Bruxas de Salém/The Crucible – Daniel Day Lewis faria o papel principal da peça escrita por Arthur Miller e que ele mesmo roteirizou. Tiveram dois filhos o grande ator que optou por uma aposentadoria antecipada e a talentosa escritora, atriz e diretora de poucas obras.
Greta Gerwig, um nome a se acompanhar. Parece um geninho tipo Jodie Foster
Greta Gerwig, nascida em Sacramento, na Califórnia, em 1983, já tem 40 títulos na filmografia. Vi pelo menos três deles, Sexo Sem Compromisso (2010), Para Roma Com Amor (2012) e Jackie (2016), mas confesso que nesses não reparei muito nela. Não vi ainda Frances Ha (2012), de Noah Baumbach, com roteiro do diretor e dela mesma; todos falam muito bem do filme e da interpretação dela.
A garota escreve! Aos 34 anos agora em 2017, tem já 10 títulos como roteirista.
E a garota também dirige! Em 2008, dividiu a autoria do roteiro e a direção com Joe Swanberg em Nights and Weekends, um drama em que os dois também interpretam os papéis principais. E em 2017 escreveu e dirigiu Lady Bird, em que não trabalha como atriz. É uma comédia dramática, segundo o IMDb, estrelada por Saoirse Ronan, a jovem atriz de quem sou fã de carteirinha desde que a vi pela primeira vez em Desejo e Reparação/Atonement (2007), baseado no belíssimo romance de Ian McEwan.
É… Parece ser mais um geninho tipo Jodie Foster…
Como Maggie, a moça que faz planos, ela está nada menos que extraordinária.
É bonita (faz lembrar bastante Kate Winslet, 8 anos mais velha que ela). Mas, para interpretar essa Maggie, se fez de um tanto mais pesada do que deve ser, um tanto pouco graciosa no andar – quando ela anda, parece a própria pata choca. Está a maior parte do tempo com os cabelos presos, e presos meio às pressas. Maggie tem todo o ar de uma mulher que não cuida muito de sua aparência – ou que talvez opte por ter mesmo aquela aparência que demonstra pouca preocupação com a própria aparência.
Uma grande interpretação. Uma magnífica interpretação.
Greta Gerwig. Mais um nome a ser bem acompanhado. Rebecca Miller, essa eu já acompanhava faz tempo.
“Maggie’s Plan é um filme amargo, mas não azedo, como um dos picles de Guy”
Ainda quero registrar dois detalhinhos. O primeiro: Rebecca Miller parece adorar – prova de bom gosto – de Bruce Springsteen. Ouvimos no filme duas vezes “Dancing in the Dark”, a gostosíssima faixa do álbum Born in the USA. Uma vez a música está tocando – e muito alto – no som da casa de Maggie e John. Bem mais tarde, quando John e Georgette estão em Québec para um simpósio de Antropologia, uma dupla – Kathleen Hanna e Tommy Buck – canta a música num bar do hotel. Maior delícia.
O segundo detalhe: nos créditos finais, o filme é dedicado a Gary Winick, o diretor de De Repente 30 (2004), Noivas em Guerra (2009) e Cartas para Julieta (2010). Contemporâneo e conterrâneo de Rebecca Miller, Gary Winick morreu em 2011, de câncer; tinha apenas 49 anos.
E encerro com o final de uma belíssima crítica sobre o filme, assinada por A. O. Scottmay e publicada no New York Times. Quem tiver gostado do filme deveria ler; é um texto extremamente sensível.
“Maggie’s Plan é um filme modesto, relutante, como sua heroína, em fazer grandes reivindicações ou demandas excessivas. Mas é também lúcido, generoso e engraçado – amargo, mas não azedo, como um dos picles de Guy.“
Anotação em setembro de 2017
Maggie Tem um Plano/Maggie’s Plan
De Rebecca Miller, EUA, 2015
Com Greta Gerwig (Maggie)
e Ethan Hawke (John), Julianne Moore (Georgette), Travis Fimmel (Guy), Bill Hader (Tony), Maya Rudolph (Felicia), Mina Sundwall (Justine), Jackson Frazer (Paul), Wallace Shawn (Kliegler), Kathleen Hanna (cantora da banda de Québec), Sue Jean Kim (Komiko)
Roteiro Rebecca Miller
Baseado em história de Karen Rinaldi
Fotografia Sam Levy
Música Michael Rohatyn
Montagwem Sabine Hoffman
Casting Cindy Tolan
Produção Franklin Street, Freedom Media, Hall Monitor, Hyperion Media Group.
Cor, 98 min (1h38)
***
Vi o trailer desse filme nos primeiros meses do ano passado, mas não me atraiu, embora eu goste da Julianne Moore (tinha acabado de ver “Para Sempre Alice”, com ela, na época em que saiu o trailer desse “Maggie Tem um Plano”). Continua não me atraindo, o que é raro depois que leio um texto seu sobre algum filme.
Ethan Hawke certamente pintou as madeixas, porque ele tem bem mais do que apenas alguns fios de cabelo branco. Já estava acabado para a idade em “Antes da Meia-Noite”, mas também sempre fumou feito uma chaminé. Foi meu crush em “Antes do Amanhecer”, só que envelheceu mal pra caramba.
“Maggie tem todo o ar de uma mulher que não cuida muito de sua aparência” — esse cara sou eu; “ou que talvez opte por ter mesmo aquela aparência que demonstra pouca preocupação com a própria aparência” — agora é moda: muitas mulheres arrumam o cabelo, por exemplo, de modo que pareça bagunçado, mas um bagunçado chique, seja lá o que isso signifique. Meu cabelo amanhece naturalmente bagunçado todos os dias, será que estou na moda? Na Europa as moças não ligam para isso de ter todos os fios no lugar (ou de alisar, escovar e escovar), como no Brasil e EUA (infelizmente copiamos o estereótipo da beleza americana), e eu acho maravilhoso e libertador.