Divertida Mente / Inside Out

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Nota: ★★★½

Divertida Mente é um daqueles filmes que partem de uma idéia sensacional, de uma sacada brilhante. Pode-se partir de uma grande idéia e se perder durante o processo de realizar o filme, o que é uma imensa pena. Mas, felizmente, não é o caso: Divertida Mente é maravilhosamente bem realizado, em todos os quesitos.

Partir de uma idéia sensacional, uma sacada brilhante. Como Toy Story, por exemplo: os protagonistas da história são os brinquedos da criança, com emoções, sensações, ódios e amores, exatamente como as pessoas. Como Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças: o protagonista se submete a uma máquina que elimina as memórias desagradáveis. Como A Rosa Púrpura do Cairo: um personagem de um filme sai da tela e vai conversar com a protagonista no mundo real, conviver com ela, se apaixonar por ela.

Em Divertida Mente, quase toda a ação acontece dentro de um cérebro – o cérebro de uma garotinha. Os personagens centrais são as cinco emoções básicas – Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e desgosto, repulsa, aqui chamada de Nojinho. (Os nomes no original são exatamente estes: Joy, Sadness, Fear, Anger, Disgust.)

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A trama mostra como vai se formando a personalidade da garotinha, Riley (a voz de Kaitlyn Dias), a partir das lembranças que vão se acumulando no cérebro, suas memórias – lembranças, é claro, feitas a partir das experiências que ela viveu e do tipo de emoção que predominou em cada uma delas.

Ou seja: esta não é, de forma alguma, uma animação para toda a família. É uma história muito elaborada, complexa – voltada, a rigor, para o público adulto. Tudo bem: pode ser vista e curtida por adolescentes, aí a partir dos 13, 14 anos, mas não creio que o filme deva ser aplicado a pessoas menores de 13 anos, em função exatamente de sua complexidade.

A sensação que tive é que este é um filme que tem que ser visto por pais, avós, tios.

Claro, os adultos que não convivem com crianças também têm motivos de sobra para apreciar o filme. Mas, para quem convive com crianças, é uma experiência ainda mais fascinante. E enriquecedora. Este é filme com que podemos aprender – ou rememorar lições talvez já esquecidas, ou às quais não andamos prestando muita atenção.

Cada gesto que fazemos para nossos filhos, netos, sobrinhos pode ter importância na vida dele. É preciso estar sempre atento a isso. Muitas vezes não estamos atentos como deveríamos.

Não é propriamente um filme divertido. É angustiante, quase sufocante

Então: não é um filme para crianças. E não é, ao contrário do que diz o título brasileiro, um filme propriamente divertido. Em boa parte do tempo, eu, pelo menos, achei Divertida Mente angustiante. Quase sufocante.

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Divertida Mente é um título bem sacado, sem dúvida, um bom jogo de palavras, já que divide o advérbio em duas partes, de tal modo a destacar que se está falando da mente, do cérebro, do espírito. E, tá bom, a rigor, a rigor, é uma diversão. Mas, diacho, a pobre Joy (com a voz de Amy Poehler) sofre tanto, a pequena Riley sofre tanto, que eu, pelo menos, me angustiei profundamente ao ver o filme, e mais ainda ao rever. (Sim: tive vontade de rever o filme, uns dez dias após ter visto pela primeira vez, e ele é tão bom que Mary também quis rever.)

Talvez a Sadness da minha cabeça seja muito poderosa. E o Fear. Talvez. É. Pode ser.

De qualquer maneira, o título original é Inside Out. De imediato, da maneira mais literal possível, “inside out” parece significar “de dentro para fora”. O dicionário da Longman, no entanto, registra “inside out” como do avesso – “com as partes que normalmente ficam para dentro voltadas para fora”, “revirar tudo ao avesso”. Vice-versa. Este, aliás, Vice-versa, é o título do filme na França.

Alegria, Tristeza e seus companheiros atuam usando um console

Os primeiros 11 anos da vida de Riley são comprimidos em uns dez, no máximo 15 minutos iniciais dos 95 que dura o filme. Riley é a filha única de um casal jovem, simpático, que mora na gelada Minnesota. (A voz da mãe é de Diane Lane; a do pai, de Kyle MacLachlan.) Os pais dedicam bom tempo a brincar com Riley, o que dará a ela muitas memórias alegres. Desde muito cedo, ela aprende a jogar hóquei; joga no time da escola, e é boa naquilo, o que também resulta em boas memórias.

Não se mostra muito da vida de Riley: o foco é o que vai acontecendo dentro da cabecinha dela. Na maior parte do tempo em que o espectador vê a garotinha, ele a vê através do que as cinco emoções estão vendo, no QG, o quartel-general, o centro de comando operacional – o cérebro.

As cinco emoções exercem papel fundamental nas ações de Riley. Elas atuam – numa bela sacada dentro da magistral sacada inicial – através de um console, como se fosse um console de videogame, com diversos botões. Joy, a Alegria, é a mais ativa delas, e em geral comanda as ações no console – mas não consegue, e não pode, impedir que as demais quatro também atuem, e apertem os botões que resultam em que Riley ficará triste, ou terá medo, ou raiva, ou respulsa diante dos fatos, das situações.

Joy ou Alegria, já foi dito, tem na versão original a voz de Amy Poehler. É uma garotinha obviamente alegre, espevitada, extremamente ágil, rápida no gatilho. Usa uma saia simples, funcional, esportiva, amarela.

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Tristeza é azul, obviamente; o blues é azul, meu bem, já brincava Walter Franco, muitos anos atrás, e blue é mesmo sinônimo de Sadness, o nome original da personagem, que fala pela voz de Phyllis Smith. Tem óculos gigantescos, a franja do cabelo cai um pouco sobre seus olhos. Tristeza, tadinha, é extremamente simpática – mas é triste, fazer o quê? E, quando encosta a mão nos controles do console, Riley fica triste, chora.

Raiva, ou Anger, é homem, e é vermelho, colérico, tremendamente mal humorado. Lewis Black, um comediante famoso da TV americana, fala por ele.

Nojinho-Disgust (voz de Mindy Kaling) é verde, e é uma mocinha cheia de onda, com roupa chique, provavelmente de grife.

Medo (voz de Bill Hader) é um sujeitinho bem magro, enrolado, atrapalhado, hiper-ativo, sempre alerta – sempre apavorado, sempre medroso, é claro. Na infância tenra, como Alegria comenta para si mesma e para o espectador, tem função clara e importantíssima – alertar a pequenina Riley para os perigos da vida, como os fios no chão que podem levar a um tombo, por exemplo.

Há operários encarregados de jogar fora algumas memórias – não cabe tudo na cabeça!

Os acontecimentos de cada dia vão sendo transformados em lembranças, e as lembranças são mostradas visualmente, nesta animação de traços maravilhosos, como bolinhas, um pouco maiores que as bolas de sinuca, que vão sendo armazenadas, e ocupam um espaço bem grande.

Cada bolinha tem uma cor predominante – correspondente, é claro, à cor de cada uma das cinco emoções básicas. Sempre que Riley, desde bebezinha, tem um momento de afeto, carinho, com pai e mãe, cria-se uma nova bolinha amarela, a cor de Alegria.

Algumas bolinhas são o que no original se diz “core memories”, as memórias base, como está nas legendas brasileiras, as memórias básicas. “Cada memória base alimenta um aspecto da personalidade, como a Ilha do Hóquei”, Alegria explica para o espectador.

As ilhas são os traços fundamentais que formam a personalidade da pequena Riley. Ela tem a Ilha do Hóquei, a da Palhaçada, a da Amizade, a da Honestidade, a da Família.

Há algumas bolinhas que, quando Riley dorme, vão a memória de longo termo ou longa duração.

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Apesar de o cérebro ter uma quantidade imensa de estantes cheias de bolinhas – a imagem que corresponde, claro, aos neurônios –, há lá dentro os operários de mina, encarregados de, constantemente, examinar as bolinhas das lembranças e ver o que pode ser dispensado para dar lugar às novas bolinhas que constantemente entram no cérebro.

Eles jogam fora em especial bolinhas que, por estarem esquecidas, perderam sua cor natural e ficaram cinza.

Numa sequência maravilhosa, por exemplo, Alegria, que havia saído do QG juntamente com Tristeza, dá de cara com dois desses operários de mina, examinando algumas memórias, e botando para fora algumas – números de telefone, os nomes da maior parte dos presidentes americanos.

Alegria tenta interferir, mas os operários de mina retrucam que estão fazendo o trabalho deles, que é preciso abrir espaço – para que é necessário lembrar, por exemplo, o nome de todos os ex-presidentes?

As bolinhas de lembranças que não são mais consideradas úteis são lançadas no lixão – um imenso buraco negro.

O grande perigo – sempre há um grande perigo – é que se lancem no lixão lembranças que serão mais tarde necessárias na vida de Riley.

A partir da chegada da família a San Francisco, a vida de Riley virar um inferno

Os créditos iniciais vêm, como já foi dito, quando estamos com uns 10, no máximo 15 de filme. Riley está então com 11 anos, e vai passar por uma experiência que terá imensa importância em sua vida: a família está de mudança de sua cidade em Minnesota para San Francisco.

Veremos que o pai está se mudando para a metrópole mais próxima do Vale do Silício – onde estão as grandes empresas da área de tecnologia da informação – para abrir uma empresa dele mesmo, com um sócio.

Na vida de Riley, desparecem os amigos, a maior amiguinha, o time de hóquei. Troca-se a casa ampla de bairro estritamente residencial, com quintal e jardins, por um sobrado apertado numa rua em declive e com muito movimento. Como a vida vem em ondas como o mar e desgraça pouca é bobagem, o caminhão com a mudança se atrasa e os primeiros dias na nova casa – que fede, e onde havia um rato morto – serão sem os brinquedos, a cama… E sem as atenções de papai, agora extremamente ocupado, sempre chamado ao telefone para resolver problemas da pequena empresa que está começando, e há sempre pepinos, os investidores fazendo exigências…

E, quando Alegria tem uma bela idéia, aciona os comandos do console e faz Riley sugerir à mãe que poderiam ir a uma pizzaria que no caminho ela, Riley, havia visto… Mãe e filha chegam à pizzaria e lá só servem pizza de brócolis, verdura que minha neta Marina adora, mas Riley de-tes-ta furibundamente.

Diante da visão da pizza de brócolis, Disgust-Nojinho tem um ataque histérico.

E depois virá a nova escola, a nova classe, a nova turma de colegas desconhecidos.

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A partir da chegada da família a San Francisco, a vida de Riley vai virar um inferno. Alegria terá uma dificuldade insana de reverter a situação. E, nesse período de pré-adolescência, tudo treme no cérebro da garotinha, as bolinhas da memória base são chacoalhadas, perigam se perder, e as ilhas, as linhas básicas que fazem a personalidade de Riley vão ser ameaçadas.

A maior 95 minutos de Divertida Mente é ocupada pelas grandes ameaças à cabecinha de Riley. As sequências são inteligentes, o traço é espetacular, as idéias são todas boas e muito bem concatenadas e encenadas – mas, muito mais que divertidas, são apavorantes, angustiantes.

É bastante provável que venha aí um Inside Out 2, assim como vieram os Toy Story 2, 3 e 4. Se vier mesmo, o Inside Out 2 seguramente será brilhante como este ano, mas ainda mais apavorante, angustiante – porque há pouquíssimas coisas tão terríveisd, neste mundão véio de Deus e o diabo, do que a adolescência.

Uma forma fascinante de falar do funcionamento do cérebro

Não tenho idéia do que psiquiatras e psicólogos pensariam do filme, mas Mary e eu achamos fascinante a forma com que a história mostra o funcionamento do cérebro.

O lixão da memória é uma fantástica invenção.

Será que em uma boa terapia consegue-se mexer com o lixão e trazer à tona, ao consciente, algumas das bolas de memória que estavam perdidas no lixão? Acho que é disso que trata a psicanálise – mas não sou autoridade alguma para falar dessas coisas. Regina, minha segunda mulher, não perdia uma oportunidade de dizer que eu sou um ser pré-freudiano.

Quando Alegria e Tristeza estão andando pelo cérebro, tentando voltar ao QG, o centro de controle operacional, e têm que entrar no subconsciente, Tristeza comenta, um tanto apavorada: “Nossa, aqui é que ficam os piores medo da Riley!”

zzmente7Mas uma das sacadas mais divertidas, neste filme todo feito de sacadas inteligentes, foi o fato de que os sonhos são feitos em um estúdio de cinema, com diretor, atores, roteiristas, equipes de fotografia, de iluminação, de maquilagem…

O filme mostra que, enquanto Riley está dormindo, algumas bolas de memória são enviadas para a memória de longo termo. Psicólogos consultados pelos roteiristas deram essa dica, que a memória de longo termo já é uma verdade conhecida pela ciência, segundo o IMDB.

Outra das belas sacadas do filme é o amigo imaginário, o Bing Bong (voz de Bill Hader). Quem não teve um amigo imaginário quando criança?, lembrou Mary, quando o filme acabou e ficamos um tempão pensando nele.

Um dos poucos filmes de animação indicados ao Oscar de melhor roteiro

Divertida Mente é a 15ª produção da Pixar Animation Studios, o estúdio que remexeu profundamente na indústria de animação americana com filmes de roteiros inteligentes, cheios de grandes sacadas e visual extraordinário; mais recentemente, a empresa foi comprada pela Disney.

John Lesseter, um dos criadores e chefão da Pixar, diretor e um dos autores do argumento de Toy Story, foi um dos produtores executivos de Divertida Mente. A história original deste filme aqui é de Pete Docter e Ronnie Del Carmen, que também assinam a direção. Pete Docter, não por coincidência, havia dividido a autoria do argumento de Toy Story com John Lesseter.

Este foi o terceiro longa da Pixar dirigido por Pete Docter, depois de Monstros S. A. (2001) e Up: Altas Aventuras (2009).

Inside Out conquistado 65 prêmios, fora 83 outras indicações, inclusive a dois Oscars, nas categorias de melhor animação longa-metragem e – o que é sensacional – melhor roteiro. Não são muitas as animações que tiveram indicação para melhor roteiro, nestes 88 anos de história dos prêmios da Academia.

Entre os 53 prêmios, estão o Oscar, o Globo de Ouro e o Bafta de melhor animação.

O filme teve um orçamento de US$ 175 milhões, bem maior, por exemplo, que o de Perdido em Marte/The Martian, que foi de US$ 108 milhões. Até meados de fevereiro de 2016, tinha rendido nas bilheterias US$ 856 milhões, segundo o site especializado Box Office Mojo.

Levaram cinco anos para concluir o filme. Valeu a pena

A página de Trivia sobre o filme no IMDb tem nada menos que 166 itens. Acho que é um absoluto recorde. Deo uma olhada para escolher os fatos mais interessantes.

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* Desde o início do planejamento até a estréia mundial do filme, em 18 de maio de 2015, passaram-se cinco anos.

* Os roteiristas listaram 27 diferentes emoções, antes de reduzir para cinco, para tornar a trama menos complicada. Entre as emoções que foram cortadas estão Surpresa, Orgulho e Confiança.

* Segundo o diretor Pete Docter, a figura de cada emoção se baseia em uma forma, um modelo. Alegria se baseia numa estrela; Tristeza, numa lágrima; Raiva, em um tijolo anti-incêndio; Medo, em um nervo, e Nojinho, no brócolis – a verdura que Riley detesta.

* O filme recebeu uma ovação de 8 minutos após sua apresentação no Festival de Cannes – a ocasião escolhida para acolher a première mundial.

* Perto do prédio da Pixar Animation Studios, em Los Angeles, há uma padaria que – exatamente como a pizzaria perto da casa da família em San Francisco – serve apenas um tipo de pizza a cada dia. E há um dia em que só faz pizza de brócolis.

* O portão de entrada dos Estúdios de Produção de Sonhos lembra o famosérrimo portão principal dos estúdios da Paramount.

* O espectador comum, normal, não percebe, mas o filme – como todos os da Pixar – é cheio de piadas internas, auto-referências. Assim, por exemplo, na capa de uma revista que aparece rapidamente está Colette Tatou, personagem do filme Ratatouille, também da Pixar. Em algumas das bolinhas de memórias há cenas de outros filmes da produtora, como a do casamento do protagonista de Up: Altas Aventuras (2009).

* Mas o filme não faz apenas piadas com outras produções da própria Pixar. Há uma cena em um lugar do cérebro de Riley chamado Cloudtown, Cidade da Nuvem. Ali, um policial diz para o outro: “Esqueça, Jake, isso aqui é Cloudtown.” A frase “Esqueça, Jake, isso aqui é Chinatown” é a última que o espectador ouve em Chinatown, de Roman Polanksi. É uma obra-prima citando outra obra-prima.

Anotação em fevereiro de 2016

Divertida Mente/Inside Out
De Pete Docter e Ronnie Del Carmen, EUA, 2015
Com as vozes de Amy Poehler (Joy), Phyllis Smith (Sadness), Bill Hader (Fear), Lewis Black (Anger), Mindy Kaling (Disgust), Kaitlyn Dias (Riley), Richard Kind (Bing Bong), Diane Lane (a mãe), Kyle MacLachlan (o pai), Paula Poundstone (Forgetter Paula), Bobby Moynihan (Forgetter Bobby)
Roteiro Pete Docter & Meg LeFauve & Josh Cooley
Baseado em história original de Pete Docter & Ronnie Del Carmen
Música Michael Giacchino
Montagem Kevin Nolting
Produção Disney, Pixar.
Cor, 95 min
R, ***1/2

Título na França: Vice-versa. Na Espanha: Del Revés. No Chile, Argentina e outros latino-americanos: Intensa Mente.

 

5 Comentários para “Divertida Mente / Inside Out”

  1. Sem dúvida esse filme poderia concorrer à categoria de melhor filme, até! É sensacional! Pensei que dá pra todas as idades, cada um vai ter sua maneira de entendimento, não acha, Sérgio? (tipo O pequeno Príncipe)…
    Abraço

  2. Havia visto este no cinema e revi esta semana, 2 anos depois. As sensações do filme são as mesmas: que obra prima, um dos melhores filmes que a pixar já fez(se nao o melhor).
    Quando o vejo, fico pensando na minha filha, que já tem 5 anos e daqui a pouco vai deixar de lado coisas como ‘a ilha da bobeira’ e começar a crescer na nostalgia. Com isto, me debulho perto do final do filme.

    Quando ela tiver nos seus 12, 13 anos espero ver com ela este também.

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