O Homem Que Engarrafava Nuvens

4.0 out of 5.0 stars

O Homem Que Engarrafava Nuvens, o documentário sobre Humberto Teixeira, é grande, belo, fascinante, emocionante. Para quem gosta de cultura, de arte, de história, de Brasil, é imprescindível.

Há momentos em que parece que o diretor Lírio Ferreira – experiente, tarimbado, autor de Cartola – Música para os Olhos, de 2007 – perde um pouquinho o fio condutor da narrativa. A imperfeição, no entanto, é plenamente justificável e justificada: há coisas demais para se falar, há um excesso de informação, de temas, de subtramas, de personagens, de depoimentos, de canções.

Pensei nisso enquanto via, embevecido, o filme: é informação demais. Há um excesso de coisas fascinantes para se mostrar relacionadas a Humberto Teixeira. A música brasileira é uma coisa que excede.

No momento seguinte, pensei: mas esse excesso todo, essa coisa de que às vezes o fio condutor da narrativa não fica muito nítido, muito claro, isso não é um defeito – é uma qualidade.

O Homem Que Engarrafava Nuvens não é um documentário com uma narrativa cronológica, reta, clara. É um caleidoscópio multicolorido, multifacetado, é um Niágara, são Cataratas do Iguaçu de informações.

Dá vontade, assim que termina, de ver de novo, uma, duas vezes. Dá vontade de ler sobre Humberto Teixeira, de ouvir de novo suas canções. De passar dias e dias reouvindo suas canções.

Ao produzir o documentário, Denise Dumont procurava conhecer que homem havia sido seu pai

Mas talvez o mais fascinante de tudo, o que torna este documentário excepcional uma experiência única, inigualável, seja sua carga emocional. É um documentário feito com um viés personalíssimo, pessoal e intransferível como dor de dente: O Homem Que Engarrafava Nuvens é, em boa parte, o resultado do trabalho, do esforço, da dedicação de Denise Dumont, essa mulher impressionante, atriz que deveria ter feito muito mais filmes do que fez, uma pessoa que parece ter um caráter maravilhoso, uma fibra que pouca gente tem.

Denise Dumont é filha de Humberto Teixeira, sua única filha. Foi criada por ele, com ele, depois que os pais se separaram. E, no entanto, conheceram-se pouco, filha e pai. Falaram-se pouco. Denise – ela própria personagem do filme, uma das pessoas que dá depoimento, e que também entrevista outras personalidades, e serve como um dos fios condutores da história, além de ser produtora – confessa que a rigor não conhecia a pessoa Humberto Teixeira.

Denise Dumont teve a coragem de mostrar que a figura pública Humberto Teixeira é admirável por trocentas razões, mas o homem, a pessoa Humberto Teixeira não era, de forma alguma, flor que se cheirasse.

Acho que nunca houve isso, num documentário. E é muito difícil que volte a haver.

O homem escreveu alguns dos versos mais belos que já foram criados na língua portuguesa

Para quem acabou de chegar de Marte e por algum acaso fantástico está lendo este texto, um lembrete, uma dica. Humberto Teixeira é o cara que escreveu estes versos:

Quando o verde dos teus olhos se espalhar na plantação, eu te asseguro, não chore não, viu?, eu voltarei, viu?, meu coração.

Pode ser lido, falado, cantado também assim:

Quando o verde dos teus óio se espaiar na prantação, eu te asseguro, não chore não, viu?, que eu vortarei, viu?, meu coração.

Dá na mesma. Tantôfas, como diz Fernanda.

Na minha modesta opinião, estes são alguns dos versos mais belos que já foram criados na língua portuguesa.

A minha opinião vale no máximo uns três guaranis furados, mas, na opinião de milhões e milhões de pessoas, há diversas gerações, “Asa Branca” é um hino. Alguém, acho que foi Bráulio Tavares, escreveu que, se o Nordeste fosse um país, o hino nacional seria “Asa Branca”.

E penso aqui que, se fosse um hino nacional, “Asa Branca” seria páreo duro para aquele que talvez seja o mais belo hino nacional, a “Marselhesa”. A melodia da “Marselhesa” é uma maravilha, mas a de “Asa Branca” também é. Acontece que a “Marselhesa” é marcial, patriótica, bélica. Insufla à luta, à guerra, à conquista, à vitória. É sanguinária. “Asa Branca” é um hino de paz.

O homem sonhava com um mundo sem ismos

Este texto corre o risco de perder, mais que o filme, qualquer fio condutor, mas, já que falei em hino, guerra e paz, O Homem Que Engarrafava… traz as seguintes palavras, na voz do cinebiografado:

“Eu tenho um sonho muito maior que o de Dom Quixote. Um sonho impossível, mais impossível que o de Dom Quixote, que é de um mundo só. Um mundo sem fronteiras, sem Biafra, sem ismos, sem guerra. Um mundo integralmente em paz.”

Um mundo sem ismos. Que maravilha de sonho, que maravilha de frase.

Claro, os cínicos todos poderão dizer que é infantilidade, asneira, besteira. E que John Lennon já havia dito isso antes, em “Imagine”, de 1971. O filme não explicita quando Humberto Teixeira gravou essa declaração, mas dá para imaginar que foi num de seus últimos anos – morreu em 1979, aos 64 parcos anos -, e, portanto, depois da canção de Lennon.

Verdade, verdade.

Mas a frase de Humberto Teixeira faz lembrar aquele axioma do qual precisamos sempre nos lembrar: sem utopia, não há razão para existirmos.

Do encontro de Luiz Gonzaga com Humberto Teixeira saíram algumas das mais belas canções já feitas neste país

Humberto Cavalcanti Teixeira nasceu em Iguatu, interior do Ceará, em 1916. Se os caprichos do destino não o houvessem feito conhecer Luiz Gonzaga do Nascimento, nascido em 1912 em Exu, Pernambuco, muito provavelmente ele teria sido, ainda assim, um personagem importante da música brasileira. Era um compositor e letrista de talento. Tem obra vasta, forte, ele próprio, sozinho.

Mas o fato é que quiseram os tais caprichos do destino que ele viesse a conhecer, em meados dos anos 40, já no Rio de Janeiro, então a capital, a única metrópole e o centro irradiador de cultura para o país inteiro, o tal Luiz Gonzaga.

Numa entrevista gravada, sabe-se lá quando, Humberto Teixeira lembrou que Iguatu, no Ceará, fica perto de Exu, em Pernambuco, e que o encontro entre ele e Luiz Gonzaga teria mesmo que acontecer. Numa belíssima sacada, o diretor Lírio Ferreira mostra no seu filme essa frase enquanto vemos um mapa do Brasil: de Iguatu para Exu e daí para o Rio de Janeiro, é uma linha reta.

Por que as pessoas se encontram?

O acaso. As coincidências. O destino. O que os deuses decidiram. Tudo isso, ou nada disso. Ira Gershwin encontrou George porque eram irmãos. Paul encontrou John porque moravam na mesma cidade. Tom encontrou Vinícius também porque moravam na mesma cidade, a capital federal, a única metrópole do país, em que as pessoas bem de vida e de talento se concentrava em três ou quatro bairros contíguos.

Encontraram-se no Rio, uns 20 anos antes de Tom encontrar Vinicius, o cearense doutor, advogado (ou adevogado, como diz no filme uma de suas mulheres, exatamente a mãe de sua única filha) e o pernambucano de origem mais humilde, sanfoneiro, musicalidade saindo pelos poros.

Do encontro de Luiz Gonzaga com Humberto Teixeira saíram algumas das mais belas canções já feitas neste país, cuja principal riqueza, sei disso faz tempo, é a música popular. Saiu um fenômeno cultural – foi por causa de Luiz Gonzaga-Humberto Teixeira que pela primeira vez um ritmo, uma tradição nordestina conquistou essa tralha imensa chamada Brasil, para usar uma expressão de Chico Buarque, ele mesmo presente no documentário cantando “Kalu”, uma canção só de Humberto Teixeira, sem Luiz Gonzaga.

A dupla criou um fenômeno cultural que se espalhou pelo país inteiro – e por muitos outros países

Estou hoje com 62 anos; só fui entender a grandeza, a genialidade de Luiz Gonzaga quando já tinha passado dos 20. Este é um país jovem, e de memória pequeníssima – ou nenhuma. Metade dos brasileiros nasceu na era do funk, do rap, do hip-hop.

Apenas cerca de um quarto, talvez um quinto dos brasileiros se lembra dos tempos em que o Rio de Janeiro era a única caixa de repercussão, de reverberação de cultura – os tempos da Rádio Nacional, da Revista do Rádio.

Por causa de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, o baião virou mania nacional.

E também internacional.

Na minha opinião (embora a minha opinião valha no máximo, etc, etc), o filme usa tempo demais para mostrar que o baião teve reconhecimento internacional.

Mostra-se, por exemplo, um trecho do filme Anna, de Alberto Lattuada, de 1951, em que se canta “O Baião” em espanhol – El Baión!!!!! E é fascinante que o filme mostre isso.

Entrevista-se o talking head David Byrne, que fez uma versão para o inglês de “Asa Branca”. Legal, interessante mostrar David Byrne cantando em inglês “Asa Branca” – mas seria mesmo necessário mostrar David Byrne andando de bicicleta sobre as pontes de Nova York? Ou seria aquela doença colonizada que temos todos de precisar mostrar que os estrangeiros gostaram da nossa arte para provar que nossa arte é boa?

Os caras que ensinaram ao Brasil que existia o Nordeste

Quer saber? Na minha opinião, foda-se o reconhecimento internacional. Para mim, não importa nada se o baião teve aplausos na Itália, nos Estados Unidos.

Importa, isso sim, que o país inteiro curtiu o baião. Foi um imenso fenômeno cultural: pela primeira vez, o Brasil do Sudeste, do Sul, reconhecia e aplaudia e aprovava como sua a música do Nordeste.

Um dos muitos entrevistados no filme é Tárik de Souza. Quando era bem jovem, eu lia Tárik de Souza com o respeito com que os muçulmanos lêem o Corão. Foi Tárik de Souza que me deixou clara a noção de que a música popular brasileira descende de três grandes vertentes: Noel Rosa, o samba urbano, metropolitano, Zona Norte do Rio de Janeiro; Dorival Caymmi, cuja obra abrigou as canções regionais, praieiras, nordestinas, e também as canções urbanas, Zona Sul, que prenunciavam a bossa nova; e Luiz Gonzaga, o cara que ensinou ao Brasil que existia o Nordeste.

Às vezes, em termos de costumes típicos, de cultura popular, de música, parece que o Nordeste é maior do que o Brasil.

Depois que Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira ensinaram ao Brasil (e ao mundo, mas o mundo que se dane) como se dança o baião, a cultura deste país, e o próprio país, jamais foram os mesmos.

Metade, ou mais da metade da música brasileira vem de origens nordestinas, se entendermos a Bahia como Nordeste.

O filme mostra belos depoimentos e/ou interpretações de uma penca imensa de cantores nordestinos – Elba Ramalho, Raimundo Fagner, Lenine, Belchior, Nonato Luiz, Fausto Nilo, Dominguinhos -, todos incensando Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Mais os baianos todos, que são Leste mas são também Nordeste: Caetano, Gal, Gil, Bethânia.

Tem Chico também.

Tem todo mundo, na verdade. Seria mais fácil ver quem não está.

Não está o carioca de nascimento mineiro de coração Milton Nascimento.

Taí. Descobri um defeito no filme. Vou tirar meia estrela dele: não se ouviu Mirtão.

Shows feitos para o filme, no Teatro Rival, do Rio, viraram um belo disco de 2002

O filme traz “Légua Tirana”, uma das dezenas e dezenas de pérolas que Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga compuseram, e que Mirtão gravaria, com sua voz de sino de cobre de igreja histórica das Gerais, junto com Gonzagão. (Fizeram juntos também outro dueto extraordinário, de doer o coração, em “Luar do Sertão”, no disco de 1971 em que Gonzagão comemorava alguma data importante de sua carreira, não me lembro qual.)

Se Milton não foi ouvido, os outros gênios de sua geração foram. Caetano e Gil falam, e muito, no filme. Bem, Caetano e Gil falam muito, na vida. Gil gilniza – fala aquelas coisas gilnianas. Caetano brilha, como sempre, com aquela inteligência faiscante dele. Lá pelas tantas, ele revela, para surpresa total da audiência, que, na letra de “Terra”, ele estava se referindo a Humberto Teixeira.

Bethânia e Chico não falam – só cantam. Bethânia canta “Asa Branca”, em teatro – no Teatro Rival, do Rio de Janeiro, em 2002. Também no Teatro Rival cantam, e o filme nos mostra, Fagner, Elba Ramalho, Lenine.

O filme não diz, mas as apresentações desses grandes artistas no Teatro Rival, em 2002, resultaram no disco O Doutor do Baião – Humberto Teixeira, uma preciosidade lançada naquele mesmo ano pela Biscoito Fino.

No espetáculo no Rival, no disco, e no filme, Chico Buarque canta “Kalu”. “Kalu” – mostra o documentário – foi a primeira música de Humberto Teixeira depois do fim de sua parceria com Luiz Gonzaga. “Kalu” é letra e música de Humberto Teixeira. O cara fazia letra e música. Antes de se encontrar com Luiz Gonzaga, havia feito letra e música de uma obra pretensiosa, que foi, parece, apresentada no Municipal do Rio, “Sinfonia do Café”. Na longa parceria com o compositor prolífico Lua, dedicou-se às letras, às palavras.

Então, depois de romper a parceria com Lua…

O filme sequer tenta explicar por que houve a separação. Se houve briga, se não houve. É um documentário que tem tanta informação que não se preocupa em contar exatamente a história do biografado. Sobre o fim da parceria com Lua, o filme reproduz um trecho de entrevista em que Humberto Teixeira diz que foi legal, porque aí Luiz Gonzaga pôde lançar um novo parceiro, Zé Dantas.

Pois então, depois de romper ou ter tido rompido a parceria com Lua, Humberto Teixeira compôs “Kalu”, que foi um imenso sucesso.

A gravação de Chico de “Kalu” é belíssima. Chico é um grande cantor. Chico é grande em tudo o que faz – menos quando fala de política.

Com uma coragem absurda, a filha mostra imensa distância entre o artista e o homem

Kalu, Kalu, tira o verde desses óis de riba d’eu.

Outro verso antológico, brilhante, genial.

Os olhos verdes. Há aí uma repetição de tema olhos verdes.

De uma forma extremamente corajosa, Denise Dumont expõe a imensa distância entre o Humberto Teixeira artista e o Humberto Teixeira pessoa.

Denise, parece, passou muitos anos sem ver sua mãe, nascida Margarida Pollice no rico interior paulista, que, em sua carreira como atriz de cinema, entre 1951 e 1954, usou o pseudônimo Margot Bittencourt, e, nos últimos anos de vida, assinava-se Margarida Jatobá, por ter sido casada com Luiz Jatobá.

Pois então Denise reencontrou a mãe para entrevistá-la para o documentário que vinha produzindo. Margarida morava em Nova York fazia anos. A entrevista, no amplo apartamento da velha senhora, é o ponto mais emocionante do filme. É visível que Margarida não se sente inteiramente à vontade para falar do ex-marido diante da câmara. Chega a perguntar para a filha se está tudo bem, se deve mesmo falar tudo, e Denise a incentiva a falar, se abrir. Diz a ela que todas as pessoas que havia entrevistado até então sobre o pai só tinham elogios a ele, o grande músico; mas que queria saber da pessoa do pai.

– “Era um nordestino do interior, macho”, define Margarida.

Um machista, retrógrado, possessivo, conservador até a medula. Esse é o retrato que Denise Dumont descobriu do pai, e que tem a coragem de revelar.

Coragem. Sobra coragem a essa moça.

A uma determinada altura, Denise Dumont, sendo filmada, faz para a mãe a pergunta para a qual ainda não tinha tido resposta na vida:

– “Como é que acabou ele ficando comigo e você deixando isso acontecer?”

Quase tão ruim quanto um traficante de escravos – mas que maravilhoso compositor

Sempre achei que a vida pessoal do artista não tem muito a ver com sua obra. Um sujeito pode ser egoísta, vaidoso, até mau caráter, e ser capaz de criar belas obras. Pode até traficar escravos e ser grande poeta, como prova Rimbaud. Dizem que Erza Pound simpatizava com o nazi-fascismo, e no entanto era um grande poeta.

Humberto Teixeira não foi um bom pai, um pai presente, amigo. Ao contrário. Ao descobrir que Denise estava fazendo usa primeira peça teatral, aos 16 anos de idade, foi ao teatro com um oficial de justiça, para proibi-la de continuar atuando: moça decente não trabalha em teatro.

Era um machista, retrógado, possessivo, conservador – e, pior do que tudo isso, um pai ausente.

E, no entanto, que grande compositor.

Que belo, maravilhoso filme.

Anotação em fevereiro de 2012

O Homem Que Engarrafava Nuvens

De Lírio Ferreira, Brasil, 2009

Documentário com depoimentos de e/ou canções interpretadas por, entre outros, em ordem alfabética, Alceu Valença, Anselmo Duarte, Bebel Gilberto, Belchior, Caetano Veloso, Carmen Miranda, Chico Buarque de Hollanda, Dalva de Oliveira, Daniel Filho, David Byrne, Denise Dumont, Elba Ramalho, Fagner, Gal Costa, Gilberto Gil, Humberto Teixeira, Ilka Soares, Lenine, Lirinha, Luiz Gonzaga, Maria Bethânia, Marília Gabriela, Otto, Procópio Ferreira, Raimundo Fagner, Raul Seixas, Ricardo Cravo Albin, Rita Lee, Zeca Pagodinho

Fotografia Walter Carvalho.

Produção Asylum Films, Good Ju Ju Productions, Total Entertainment.

Cor, 107 min

****

10 Comentários para “O Homem Que Engarrafava Nuvens”

  1. O deserto de comentários, decorridos anos do filme documentário, não faz justiça a Humberto teixeira e retrata muito bem o tipo de gente que orbita estes patrocinios carta branca.Todos os que apareceram no filme e até depois queriam apenas aparecer(muitos nem precisavam).A figura do poeta fica esmaecida, em segundo plano, a não ser quanto as acusações terriveis que o execram como machista e coisa pior.Ora, deixem que repouse em paz orbitando olhos verdes não de víboras, mas das mulheres que o amaram verdadeiramente, tanto quanto seu povo.Ao lado de Luiz Gonzaga,Noel,Cartola, Vinicius, Braguinha e outros, ele é indiscutivelmente um dos mais autenticos valores eternos da MPB e da poesia brasileira.

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