Menina.má.com / Hard Candy


Nota: ★★½☆

Anotação em 2007, com complemento em 2008: Eis aí um filme impressionante – e que achei nojento, abjeto. Impressionante: ele é praticamente todo em cima de apenas uma dupla de atores, um tour-de-force, portanto. A atriz, Ellen Page, em especial, é extraordinária. E quase todo o filme é feito em close-ups. Um imenso tour-de-force.

O filme aborda de forma crua, brutal, um tema sensível, polêmico, perigoso – a pedofilia. Uma garota de 14 anos seduz pela internet um rapaz de cerca de 30, propõe um encontro e vai para a casa dele – e, lá chegando, diz saber que ele é um pedófilo e assassino, e pasa a torturá-lo com violência e requintes de crueldade. Muita, muita violência, e muitos requintes de muita crueldade.

Mas por que então que eu disse que achei o filme nojento? Porque, ao querer dizer que está denunciando a pedofilia, o diretor usa todas as armas de sensualidade da garotinha, e o que parecia ser uma denúncia acaba virando quase um filme pornô usando criança, um pornô para pedófilos.

Agora, uma coisa é certa: é preciso prestar atenção a essa garota Ellen Page. É uma atriz extraordinária.

        

Fiz essa anotação acima logo depois de ver o filme, em fevereiro de 2007. Em abril de 2008, acrescentei o seguinte:

Às vezes eu acho que sou um espectador bem atento. De fato, essa Ellen Page era uma atriz para se prestar atenção. Sua atuação em Juno, de 2007, foi elogiadíssima; recebeu indicação para o Oscar.

 

Ellen Page tinha 18 anos quando fez este filme Hard Candy (a expressão é a gíria internética para meninas menores de idade). Ela é de 1987, e o filme, de 2005. Mas ela parecia ter os 14 da sua personagem, e isso é que é extremamente perturbador.

A atuação de Ellen Page neste filme, como eu já disse, mas quero repetir, é absolutamente extraordinária. É uma coisa assim fenomenal, fora de jeito. Em se tratando de garotas muito jovens, só se pode comparar – penso agora – com a Saoirse Ronan (mais jovem ainda, nascida em 1994), que fez a Briony de Desejo e Reparação/Atonement.

Ellen Page é um fenômeno; começou a trabalhar em 1997, aos dez anos de idade; trabalhou em diversos episódios para a TV e em vários filmes, antes deste Hard Candy. É para a gente acompanhar e torcer para que tenha bons papéis.  

Vejo no iMDB que, até agora, outubro de 2008, Ellen Page, em seus 21 anos, já ganhou 22 prêmios e teve outras 17 indicações, inclusive o Oscar.

Aliás, o iMDB traz uma contabilidade interessante: ela é a quinta mais jovem atriz a receber indicação para o Oscar de melhor atriz por Juno, quando tinha 20 anos, quase 21. As quatro mais jovens que ela foram Keira Knightley, aos 20 anos e menos dias, por Orgulho e Preconceito, em 2005; Isabelle Adjani, aos 20 anos e menos dias, por A História de Adèle H., de Truffaut, de 1975; Keisha Castle-Hughes, aos 13 anos, a neo-zelandesa de Encantadora de Baleias, de 2002, e – quem, quem? ela, Saoirse Ronan, aos 13 anos e menos dias, por Atonement, em 2007.

Menina.má.com/Hard Candy

De David Slade, EUA, 2005.

Com Ellen Page, Patrick Wilson, Sandra Oh

Roteiro Brian Nelson

Produção Vulcan Productions

Cor, 104 min.

14 Comentários para “Menina.má.com / Hard Candy”

  1. Ola!
    gostei muito do seu blog!
    Achei esse filme meninama.com surpreendete e a atuação da Ellen Page maravilhosa!!
    a teve uma outra atriz que foi indicada bem noa, a Ann (ou Anna..?) Paquim, e ela ganhou, mas
    acho que foi atriz coadjuvante…
    de qualquer forma o blog é muito bom.
    parabéns

  2. Muito obrigado pelo comentário e pelo elogio, Isabel!
    Sobre atrizes jovens e o Oscar: sim, as atrizes que citei no meu texto, com base em levantamento do iMDB, são as mais jovens indicadas ao Oscar de melhor atriz.
    Anna Paquin venceu o de melhor atriz coadjuvante por O Piano, em 1993; antes dela, Tatum O’Neal havia ganho também o de melhor coadjuvante, por Lua de Papel, de 1973, assim como Patty Duke, por O Milagre de Annie Sullivan, de 1962.

  3. Assisti Juno antes de Menina Má. Com certeza o meu “oscar” vai para a interpretação de Ellen Page em meninamá.com. Filme envolvente e disconcertante. Q atuação brilhante, é apenas uma menina!!!

  4. Realmente esse filme é incômodo e a atuação da Ellen Page é demais (pelo menos nesse filme; não vi Juno, nem quero ver). Tb achei o filme nojento. Graças a Deus minha memória é seletiva e não lembro de quase mais nada.

    Falando em atrizes novas indicadas ao Oscar, a Abigail Breslin de Pequena Miss Sunshine tb foi indicada como coadjuvante. E uma atriz mirim que mais me impressionou nos últimos tempos foi a Nina Kervel-Bey, de A culpa é do Fidel. Não me lembro da atuação da Anna Paquin em O Piano… preciso rever, até pq é um dos meus filmes top 10.

  5. Jussara, não entendi por que você não quer ver “Juno”. Todas as indicações são boas, todo mundo elogiou – e essa garota Ellen Page é de fato sensacional. Por que a sua má vontade?

  6. Porque o roteiro achei meio bobo, e já sei como a história termina, de tanto as pessoas falarem… rs. Por isso.

    Ah, voltei aqui pra falar de outro incômodo que esse filme causou: colocaram um ator muito bonito pra fazer o pedófilo. E era incômodo ver uma pessoa bonita num papel que em mim causa repulsa. Não sei se fizeram de propósito… Pq é meio que instintivo a gente querer admirar o que é bonito. Mas admirar um pedófilo, no way! não dava. Pra mim foi duplamente ruim.

  7. A estória é tratada de modo hard (muita violência)e meio babaca, e até pensei em parar de ver o filme. Mas, a atuação desta garota está simplesmente incrível e brilhante. Ela tem uma carinha de inocente e foi extremamente convincente como menina má. Para mim, a atuação dela neste filme seria digno dos melhores premios de atuação.

  8. Eu também fiquei muitíssimo impressionado com este filme e, apesar de estar muito bem realizado e interpretado, não tenho nenhuma vontade de o ver de novo.
    Talvez por ser homem, não sei.

  9. Discordo dessas opiniões. “Hard candy” é um filme de arte, corajosíssimo, não falta uma alfinetada em Roman Polanski, bem merecida. Hayley Stark é uma heroína, uma justiceira. É preciso pensar um pouco nas atrocidades sem nome que Jeff Kohlver havia praticado com meninas, e vejam bem, não há cenas de muita violencia. Hayley até se moderou em tudo o que fez, e no fim deixou o sujeito vivo mas sem saída, pois seu caminho ficou traçado; o hospital (pela queda do terraço, afinal a corda da forca nãoe esticou), o tribunal e a penitenciaria, pois as provas ficaram expostas sendo descobertas pela policia que já vinha chegando. A sabedoria de Hayley Stark é sensacional: “É tão fácil por a culpa numa criança! Não é?” E outras frases lapidares. A situação é de Davi contra Golias, notem que ele tenta matar a menina várias vezes, e só não mata porque ela é mais poderosa que ele.

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