4.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Tudo neste filme é perfeito. É, certamente, um dos mais emocionantes, tocantes panfletos anti-guerra de toda a história do cinema.
A maravilha começa pelo tema em si, uma coisa que eu desconhecia totalmente – e que a História esqueceu, como diz o cartaz do filme: o fato de que, na Primeira Guerra, soldados saíram dos dois lados das trincheiras para se confraternizar durante o Natal – e depois foram repreendidos e castigados por seus superiores por esse absurdo crime de lesa-idiotice.
O fato de a produção ser internacional, juntando países que estiveram dos dois lados das trincheiras, é, em si, uma das mais absurdas provas de como a humanidade pode ser ao mesmo tempo idiota e quase sublime.
A música, ponto central do filme, é absolutamente extraordinária, suntuosa, quase divina. O autor da trilha sonora é Phillippe Rombi, que já trabalhou em mais de 25 filmes; é um colaborador freqüente de François Ozon, para quem criou as trilhas de Sob a Areia/Sous le Sable, Swimming Pool – À Beira da Piscina/Swimming Pool e Amor em Cinco Tempos/5 x 2. Mas a trilha deste filme aqui é sua obra-prima, acho.
Nos especiais do DVD, o diretor e roteirista Christian Carion conta como estudou, pesquisou profundamente sobre as confraternizações que existiram nos terrenos entre as trincheiras, a nowhere land dos filmes e da canção épica do Eric Bogle.
Com base nos acontecimentos históricos, Carion criou os personagens do filme – um tenente francês (Guillaume Canet), um padre escocês, um tenor alemão que se alistou no Exército (Bruno Fürmann) e uma soprano dinamarquesa (Diane Kruger, lindíssima), que consegue autorização para visitar o namorado, ele também um cantor lírico famoso, na trincheira alemã na época do Natal.
As seqüências em que os soldados, depois de ouvirem as músicas cantadas e tocadas dos dois lados, vão pouco a pouco, a princípio medrosamente, timidamente, saindo de suas trincheiras e passam a se confraternizar uns com os outros são de arrepiar, de chorar de emoção.
O filme foi o escolhido pela França para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2006; obteve a indicação, e foi indicado também para o Globo de Ouro, mas não ganhou os prêmios.
Mas isso não importa. É um grande, imenso, extraordinário filme.
Feliz Natal/Joyeux Noël
De Christian Carion, França-Alemanha-Inglaterra-Bélgica-Romênia, 2005.
Com Benno Furmann, Daniel Brühl, Diane Kruger, Natalie Dessay, Ian Richardson
Argumento e roteiro Christian Carion
Música Philippe Rombi
Produção Nord-Ouest
Cor, 116 min.
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O ser humano não tem timidez para fazer guerra, matar, estuprar, difamar, ser corrupto, etc. Mas, para Amar, ser solidário e viver em paz tem uma “timidez”!!!
Filme muito interessante, sobretudo nessa época de Natal. Não estamos em guerra, mas o “feliz Natal” dura quanto tempo? Tem uma crítica sobre isso em http://www.artigosdecinema.blogspot.com/2013/12/feliz-natal-joyeux-noel.html