O Segredo de Berlim / The Good German

3.5 out of 5.0 stars

(Disponível em DVD.)

Entre 2004 e 2006, o incansável workaholic Steven Soderbergh dirigiu três longa-metragens e dois curtas, produziu 11 filmes e uma série de TV, escreveu três roteiros, foi diretor de fotografia de cinco e montador de quatro. Para realizar um desses filmes, entrou numa cápsula do tempo e viajou até a Berlim arrasada pelas bombas aliadas em 1945. O resultado foi uma obra admirável, impressionante.

The Good German, no Brasil O Segredo de Berlim, tem uma trama densa, pesada, complexa, que mostra o surgimento, entre os escombros da capital do Reich recém-derrotado após cinco anos de batalhas e cerca de 40 milhões de mortos, de uma nova guerra, a que foi chamada de Fria, entre os dois lados dos vencedores – os que vieram do Leste, o Exército Vermelho da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, e os que vieram do Oeste, as forças dos países capitalistas aliados, Estados Unidos à frente.

No meio desse pano de fundo da Grande História, há um homem perdidamente apaixonado, uma mulher que é a personificação do mistério, um sujeito que os dois lados – soviéticos e americanos – procuram desesperadamente, um jovem militar malandro demais da conta, um assassinato…

É uma trama fascinante, maravilhosa.

Mas, além disso, além da beleza da trama, há o extraordinário tratamento do visual. Tudo que diz respeito ao visual do filme é terrível, absolutamente impressionante. A imagem da viagem numa cápsula do tempo até a Berlim de 1945 não é exagero, não é forçação de barra. De forma alguma.

Workaholic, perfeccionista, maluco de pedra, Steven Soderbergh – que cuidou ele mesmo tanto da fotografia quanto da montagem – fez questão de dar a este The Good German o visual de um filme feito na época em que ele se passa, julho de 1945, logo após a rendição da Alemanha nazista, em 7 de maio, como mostra um letreiro no começo da narrativa.

Para conseguir isso, Soderbergh radicalizou durante o processo de filmagem. Todas as sequências foram rodadas dentro do terreno de um estúdio em Los Angeles – como eram feitos os filmes dos anos 40 em sua imensa maioria, sem cenas nas ruas, ao ar livre. Usou-se o mesmo tipo de iluminação existente nos estúdios nos anos 40, com luzes incandescentes, ásperas, pouco naturais. Os atores foram instruídos para representar no estilo um pouco mais teatral do que o que vem sendo o padrão nas últimas décadas. Para a gravação dos diálogos, os microfones foram colocados no alto, acima da cabeça dos atores, exatamente como se fazia na época. Sem os microfones sem fio dos dias de hoje, que captam o menor sussurro, os atores tinham que falar mais alto do que na conversação normal.

A proporção do tamanho da tela seguiu o padrão da época, que é de 1.66:1. Não sei o que significam esses números, mas eles correspondem ao tipo de retângulo usado na maioria dos filmes dos anos 40, muito diferente do CinemaScope ou Panavison dos anos 50 em diante, que hoje chamamos de widescreen, tela ampla, larga.

As câmaras foram equipadas com lentes da época, sem nada da sofisticação das modernas, capazes de maravilhosos zooms.

O espectador pode não se dar conta de muitos dos pequenos detalhes que resultam de todas essas decisões do diretor – mas seguramente ele percebe que há algo diferente em relação aos filmes de hoje em dia.

Todo o estilo visual de O Segredo de Berlim é o de um filme lançado em 1946. Nos seus menores detalhes.

Com apenas pequenas mas importantes exceções, conforme nota o IMDb: diferentemente dos filmes daquela época, em que vigorava firme o Código Hays, da autocensura dos estúdios de Hollywood, O Segredo de Berlim tem cenas de violência, muito palavrão e uma leve tomada de quase nudez.

Como se fossem imagens filmadas em 1945

Há muitos filmes passados na Alemanha destruída pela guerra – e muitos bons filmes. Ao rever agora este O Segredo de Berlim, que havia visto vários anos atrás, me lembrei de dois deles. Os Vitoriosos/The Victors, de Carl Foreman, de 1963, terminava com dois soldados – um americano e um russo – brigando na Berlim tomada pelas ruínas. O início da nova guerra, a Fria, que duraria de 1945 até o início dos anos 90, com o esfacelamento do Império Soviético.

Mas, sobretudo, me lembrei de A Foreign Affair, no Brasil A Mundana, de Billy Wilder, de 1948. 1948! Apenas três anos após o fim da guerra!

Nos créditos iniciais de A Mundana/The Foreing Affair, aparece a seguinte frase: “A large part of this picture was photographed in Berlin”. Foi um dos primeiros filmes que tiveram uma larga parte rodada em Berlim após o final da guerra, mostrando cenas reais da cidade em ruínas – uma visão pavorosa, chocante, aterrorizante. Talvez tenha sido até mesmo o primeiro. Está certíssimo de se orgulhar deste fato, a ponto de avisar o espectador nos créditos iniciais.

A Berlim em ruínas que Soderbergh mostra em seu filme feito 61 anos depois da tomada da capital alemã pelos exércitos de Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e União Soviética tem exatamente a mesma aparência daquela mostrada no filme de Billy Wilder, filmada logo após o fim da guerra.

É impressionante.

Mary e eu ficamos nos perguntando se Soderbergh – o diretor de fotografia e montador de seu filme – enxertou no meio das sequências filmadas em 2006 nos estúdios da Universal trechos de cinejornais da época, cenas reais da Berlim em ruínas. Poderia perfeitamente ter feito isso – como se fez, só para dar um exemplo, na excelente série O Julgamento de Tóquio, de 2016, que relata quase como se fosse um documentário o julgamento dos criminosos de guerra no Japão, ao final da Segunda Guerra. A série misturou com imenso talento sequências feitas agora e trechos de cinejornais da época.

Não dá para saber se Soderbergh fez essa mistura – mas a sensação que o espectador tem é mesmo de que ele fez uma viagem no tempo e filmou este The Good German na Berlim do imediato pós-guerra.

Um diálogo que mostra do que vai tratar o filme

Há um pequenino detalhe nos créditos iniciais que impressiona, que já antecipa para o espectador mais velho, ou que já viu muitos filmes de Hollywood nos anos 30 e 40, esse esforço para imitar as obras daquela época. Os nomes dos três atores principais aparecem juntos, de uma vez só, na mesma tomada, antes do título do filme. Vemos lá: George Clooney, Cate Blanchett, Tobey Maguire. Isso é bem típico dos créditos iniciais da época, que eram sempre curtos, rápido, econômicos.

Ao final dos créditos iniciais, há um prólogo, um letreiro para ajudar o espectador a entender o básico do contexto histórico. Exatamente como se usava muito naquela época – e, na verdade ainda se usa:

“Berlim, julho de 1945. Harry Truman, Winston Churchill e Joseph Stálin vão se encontrar nos arredores da cidade, em Potsdam, para desenhar o mapa do pós-guerra. Apenas o Japão continua a lutar…”

(A conferência de Potsdam aconteceu entre 17 de julho e 2 de agosto de 1945. Eu não sabia, ou não me lembrava, dessas datas. Vi agora, enquanto escrevo esta anotação – e verificar que a reunião dos três líderes das maiores potências vencedoras da guerra foi encerrada em 2 de agosto dá um frio na espinha. Apenas quatro dias depois do final da reunião, no dia 6, os Estados Unidos de Harry Truman lançaram a primeira bomba atômica sobre alvo civil, em Hiroshima, e logo em seguida veio a de Nagasaki, no dia 9. As duas bombas atômicas sobre as duas cidades aceleraram a rendição japonesa, assinada em 2 de setembro. É bom lembrar que Potsdam marcou o segundo encontro dos líderes de EUA, Grã-Bretanha e URSS: a Europa ainda estava em guerra quando, entre 4 e 11 de fevereiro daquele mesmo ano de 1945, em Yalta, reuniram-se Churchill, Stálin e Franklin D. Roosevelt, que morreria em 12 de abril e seria então substituído por seu vice, Harry Truman. A grande ironia, aqui, é que Yalta fica na Península da Criméia, que pertencia à Ucrânia, e foi invadida pela Rússia do ditador Vladimir Putin em 2014. Mas isso é outra história.)

George Clooney, Cate Blanchett, Tobey Maguire. Que beleza de trio principal.

George Clooney, belo como o deus Apolo, faz o protagonista da história, Jake Geismer, que, na primeira sequência do filme, desembarca em Berlim de um avião vindo dos Estados Unidos, em impecável uniforme militar. Jake não é militar – é jornalista, e foi a Berlim para cobrir a conferência de Potsdam para o jornal em que trabalha, The New Republic. “Você já ouviu falar em The New Republic?”, ele pergunta para o cabo Tully, que tinha ido esperá-lo no aeroporto, designado pelos militares americanos em Berlim para ser o motorista dele. O cabo Tully é o papel do ótimo Tobey Maguire, então um astro em meteórica ascensão, com os três filmes Homem-Aranha de 2002, 2004 e 2007

O cabo Tully responde que não, não ouviu falar em The New Republic – uma revista sobre política, cultura e artes, fundado em 1914 por vários líderes do movimento progressista americano, dedicado a encontrar um equilíbrio entre “um liberalismo centrado no humanitarismo e na paixão moral e um baseado em um ethos de análise científica”, conforme ele mesmo se definia e nos ensina a Wikipedia.

E o jornalista da revista progressista (interpretado por uma das vozes progressistas do cinema americano das últimas décadas) ainda explica para o cabo Tully, por quem, obviamente, não está demonstrando o menor respeito, por considerá-lo um ser inferior: – “O uniforme (que ele está vestindo) foi a idéia que o Exército teve de fazer piada.”

Os dois, o jornalista em uniforme de oficial e o cabo em uniforme de cabo, estão, nesse momento dessa conversa, no jipe que Tully dirige, entre o aeroporto e o hotel em que Jake vai se hospedar, o mesmo em que ficarão outros jornalistas e também congressistas que vieram com ele no avião para observar a Conferência de Potsdam.

O diálogo que vem logo em seguida é um absoluto, absoluto brilho – e confcsso aqui, com um pouco de vergonha, é claro, mas com a alma aberta, que só compreendi a extensão do brilho do diálogo agora, enquanto escrevo esta anotação, e revi os momentos iniciais do filme para anotá-lo.

Depois que Jake diz que o uniforme que está usando é uma piada do Exército, Tully pergunta: – “Já participou de alguma ação?”

Jake: – “Eu estava em Londres quando Franz Bettmann apontou seus rojões para uns 30 metros de onde eu estava. Quebrou meus copos de martíni.”

Tully dá uma risada, com uma cara de sujeito bobo, bocó, que não sabe de coisa alguma – e emenda com uma pergunta: – “Quem é Franz Bettmann?”

Desta vez Jake fica sério. Pára de brincar, de fazer ironias; – “Bettmann, Von Braun. Os cérebros do Kraut, os caras que construíram os V-2.”

O filme não chegou ainda a 4 minutos inteiros dos seus 107, e já apresentou aqui o seu tema, o cerne da sua trama.

Os dois lados em busca dos cientistas alemães

A trama de The Good German é, repito, densa, pesada, complexa. Bastante complexa – e creio que o roteirista Paul Attanasio, que trabalhou em cima do livro de Joseph Kanon, procurou, propositadamente, e com todo o apoio de Steven Soderbergh, não simplificar as coisas para o espectador. Ao contrário: procurou, estudadamente, apresentar de forma complexa uma trama complexa. Contar enroladamente uma história enrolada.

O que é bem típico dos filmes noir dos anos 40.

Não dá para afirmar com toda certeza, é claro, que Soderbergh queria exatamente isso, mas acho que dá para inferir: uma forma complexa de apresentar a trama. Um jeito enrolado de contar uma história enrolada. É uma das características principais dos filmes noir, que estavam no auge naqueles anos 40. E The Good German tem muita coisa de filme noir.

Nos comentários dos leitores sobre o filme no IMDb, há muita reclamação sobre a complexidade da trama. Há várias demonstrações de que, a rigor, o filme não foi muito bem compreendido.

Pois é. E no entanto, naquele diálogo entre o jornalista Jake Geismar e o cabo Tully, quando o filme sequer chegou a 4 de seus 127 minutos, já se mostra o cerne da trama: O Segredo de Berlim trata da disputa feroz entre os americanos e os soviéticos pelos cientistas alemães que criaram os foguetes com que os nazistas bombardearam Londres, Leningrado, Stalingrado – as cidades dos países que ainda não haviam se rendido a eles.

Americanos e soviéticos sabiam perfeitamente que, Terceiro Reich derrotado por eles, todo o Eixo Alemanha-Itália-Japão derrotado por eles, a Segunda Guerra Mundial terminada, começava a guerra seguinte, entre a maior potência capitalista e a potência comunista.

E então os dois lados brigavam ferozmente para capturar os cientistas alemães geniais que haviam criado os foguetes V-2.

Werner von Braun foi um deles. Depois de servir à máquina de guerra nazista, virou um cérebro privilegiado a favor dos Estados Unidos, o país imperialista, o símbolo do capitalismo decadente, podre, segundo a visão do outro lado, o glorioso Império Soviético.

Joseph Kanon, o autor do livro, se aproveitou de todo esse contexto histórico para criar seu personagem Emil Brant (Christian Oliver), um cientista brilhante, o braço direito daquele Franz Bettmann citado por Jake Geismer no diálogo com o cabo Tully.

No livro, na ficção de Joseph Kanon, americanos e soviéticos brigam para ver quem fica com o fictício Emil Brant – da mesma maneira com que na vida real lutaram para ver quem ficava com diversos cientistas alemães que colaboraram com a máquina de guerra nazista.

Com maestria, misturam-se aí a Grande História e a história dos personagens fictícios.

A paixão de Jake agora é amante do cabo Tully

O jornalista americano descendente de judeus Jake Geismer havia trabalhado muitos anos em Berlim, antes do início da Segunda Guerra. Havia conhecido uma mulher inteligente, linda, fantástica, excepcionalmente boa de cama, chamada Lena (o papel de Cate Blanchett), e a contratado como stringer, informante, candidata a correspondente. Lena havia se revelado tão competente no jornalismo quanto na cama. Pouco antes do início da guerra, haviam rompido o caso, e ele havia ido para Londres.

Quando foi designado para voltar a Berlim para acompanhar a Conferência de Potsdam, Jake aceitara com imenso prazer. Mas não tinha interesse algum em acompanhar as conversações dos líderes vitoriosos que estavam ali desenhando o novo mapa do mundo. Tudo o que ele queria era reencontrar Lena.

Durante a guerra, Lena não havia tido outra opção a não se prostituir; depois do fim da guerra, não havia tido outra opção a não ser se ligar a um soldado americano. Então, quando o filme está ali perto dos 20 minutos, revela-se que ela era a amante do cabo Tully.

E o cabo Tully não era um bobalhão, como de início parecia. Era um sujeito bem esperto – só que corrupto, dinheirista, disposto a tudo para tirar vantagem.

O filme ainda não chegou a meia hora e o cabo Tully aparece morto. assassinado.

Meu, que beleza de trama!

No final, uma homenagem a Casablanca

O autor dessa beleza de história, Joseph Kanon, nasceu na Pensilvânia em 1946, e estudou em Harvard e no Trinity College de Cambridge, Massachusetts. The Good German, publicado em 2001, foi seu terceiro romance; em 2019, publicou o mais recente, o nono, The Accomplice. Outros de seus livros também se passam no período imediatamente posterior ao fim da Segunda Guerra Mundial.

O filme teve poucos prêmios. Participou da mostra competitiva do Festival de Berlim, o que já é uma honraria, e teve uma indicação ao Oscar, mas não levou – para Thomas Newman, pela excelente trilha sonora, que seu pai, o gigante Alfred Newman, com certeza aplaudiria de pé como na ópera.

Leonard Maltin deu apenas 2.5 estrelas em 4, mas fez o que me parece uma boa sinopse. Transcrevo: “O correspondente de guerra Clooney volta a Berlim em 1945 às vésperas da conferência de Potsdam e descobre uma cidade em ruínas, tanto física quanto moralmente. Seu motorista-cicerone, (Maguire), se tornou um ás do mercado negro, e uma mulher que Clooney havia conhecido antes (Blanchett) tinha feito Deus sabe o que para sobreviver à guerra. E então Clooney se vê afundado numa intriga internacional que inclui assassinato – e ainda está emocionalmente envolvido com Blanchett. Filmado nos estúdios da Warner Bros. para evocar os filmes de Hollywood dos anos 40, este é um interessante exercício estilístico para Soderbergh (que também filmou e montou, sob pseudônimos) e agradável entretenimento, mas fica faltando, nas palavras de Rick Blain, ‘um final uau’. Paul Attanasio adaptou o romance de Joseph Kanon”.

Maltin diz que o filme foi rodado nos estúdios da Warner, que é o estúdio que produziu e distribuiu o filme. O IMDb, no entanto, diz que foi nos estúdios da Universal, e até especifica em que pedaço dos estúdios, o “Little Europe Backlot” da “Universal Studios – 100 Universal City Plaza, Universal City”. Mas isso é o de menos.

Sim, de fato a sequência final, uma (mais uma!) homenagem a Casablanca (1942), talvez o clássico mais adorado do cinema, não é das melhores coisas de The Good German. Mas é um belíssimo filme.

Anotação em maio de 2022

O Segredo de Berlim/The Good German

De Steven Soderbergh, EUA, 2006

Com George Clooney (Jake Geismer),

Cate Blanchett (Lena Brandt)

e Tobey Maguire (cabo Tully), Beau Bridges (coronel Muller), Tony Curran (Danny), Leland Orser (Bernie), Jack Thompson (congressista Breimer), Robin Weigert (Hannelore), Ravil Isyanov (general Sikorsky), Christian Oliver (Emil Brandt), Dave Power (tenente Schaeffer), Don Pugsley (Gunther), Dominic Comperatore (Levi), John Roeder  (general), Paul Boehmer (adido britânico)

Roteiro Paul Attanasio  

Baseado no romance de Joseph Kanon       

Fotografia Steven Soderbergh (sob o pseudônomo de Peter Andrews)

Música Thomas Newman

Montagem Steven Soderbergh (sob o pseudônimo de Mary Ann Bernard)

Desenho de produção Philipo Messina

Casting Debra Zane

Figurinos Louise Frogley

Produção Ben Cosgrove, Gregory Jacobs, Sunset Gower Studios, Warner Bros., Section Eight, Virtual Studios. DVD Warner Bros.

P&B, 107 min (1h47)

R, ***1/2

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