Floradas na Serra

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Nota: ★★★☆

(Disponível no Cine Antiqua do YouTube em 6/2022.)_

Lançado no ano do quarto centenário de São Paulo, Floradas na Serra deu a Cacilda Becker, a grande dama do teatro brasileiro, sua melhor experiência cinematográfica. Ela está linda, com uma presença fortíssima na tela e uma interpretação impressionante como essa desafortunada Lucília criada pela paulistana Dinah Silveira de Queiroz em seu romance de estréia.

Há outra característica importante, marcante, neste filme dirigido pelo italiano Luciano Salce, que, como vários outros profissionais, havia sido importado da Itália pelos criadores da Vera Cruz, a companhia que, com seus estúdios em São Bernardo do Campo, tentou criar uma indústria cinematográfica nos moldes de Hollywood e de países europeus. Floradas na Serra foi o canto do cisne, a última produção da Vera Cruz. Atolada em dívidas, a empresa deixaria de existir pouco depois da estréia do filme, no dia 6 de outubro de 1954, no então monumental Cine Ipiranga e grande circuito de 19 salas.

A história de Lucília e das três moças que se tornaram suas amigas em Campos do Jordão, todas se tratando de tuberculose na cidade serrana então centro de atendimento a pacientes da doença, seria levada às telas duas outras vezes – uma em 1981 e outra em 1991.

Um livro importante, que teve amplo reconhecimento

Nascida em 1911, em família bem de vida e com muita gente ligada à cultura, às artes, Dinah Silveira de Queiroz (na foto acima) estava com apenas 28 anos quando lançou em 1939, pela Livraria José Olympio Editora, o romance Floradas na Serra. E foi um fenômeno no mercado editorial brasileiro da época. Em menos de um mês a José Olympio teve que preparar uma segunda edição. E o êxito não foi apenas de público, mas também de crítica: em 1940, o romance ganhou o Prêmio Antônio de Alcântara, da Academia Paulista de Letras.

No mesmo ano do lançamento do filme Floradas na Serra, 1954, Dinah recebeu o Prêmio Machado de Assis, pelo conjunto de sua obra – foi a primeira mulher a receber essa honraria da Academia Brasileira de Letras. Em 1980 se tornaria a segunda mulher eleita para a ABL; morreria pouco depois, em 1982, aos 71 anos.

Gostaria de transcrever parte de um texto da escritora Ana Maria Machado sobre o romance:

“Indo além de eventuais reflexos autobiográficos e de aspectos conjunturais da geração em que Dinah Silveira de Queiroz desabrochava ao estrear em nossa literatura, permito-me chamar a atenção para um aspecto que aprecio muito em sua obra. Trata-se de algo hoje já tão assimilado e incorporado a nossas letras que passa despercebido: a contribuição para uma linguagem narrativa brasileira. […] No caso de Dinah, uma linguagem urbana, sem marcas regionalistas, à vontade no coloquial quando necessário, sem impostações castiças e heranças lusitanas diretas na construção das frases ou na obediência a exigências formais exageradas.

“Desde o Modernismo de 1922, essa busca era consciente e defendida pelas vanguardas — mas nem sempre conseguia escapar a bizarrices e estranhezas ou a registros meio artificiais de prosódia regional.

“A obra de Dinah Silveira de Queiroz ajudou a consolidar e fixar essa linguagem brasileira de contar as coisas de um modo fluente e nosso. Com tal naturalidade, mantém intacto seu frescor e nem chama a atenção do leitor para esse fato. Só isso já é um grande feito, se comparado a tantos outros textos seus contemporâneos. Seus diálogos nos fazem ouvir uma conversa entre pessoas comuns, sem preciosismos de pronomes oblíquos corretíssimos mas artificiais, exibição de sinônimos cintilantes ou de tempos verbais solenes. Por isso, nos aproximam e transportam para seu universo com tanta facilidade.”

O roteiro fugiu bastante do romance

É interessante, até intrigante: ao escrever o roteiro do filme, Fábio Carpi fugiu bastante do romance famoso, respeitado.

O pano de fundo é o mesmo: a Campos do Jordão daquele final dos anos 1930, no alto da Serra da Mantiqueira, com clima ameno durante a maior parte do ano, com diversos hospitais e ambulatórios e pensões para receber tuberculosos, e um grupo de quatro moças que o acaso reúne na pensão de Dona Sofia – Elza, Lucília, Belinha e Letícia. Como diz uma sinopse do livro: juntas, essas quatro moças “vivem uma rotina de cuidados médicos, passeios pela natureza, companheirismo e experiências profundas que vão muito além do restabelecimento da saúde. Entre paixões, desavenças, perdas irreparáveis e alegrias singelas, as personagens refletem sobre amor, amizade, preconceito, luto, solidão, diferenças sociais e os costumes da época”.

No livro, a protagonista é a jovem Elza, que, doente, e apavorada com a doença, sua magreza, sua palidez, chega a Campos do Jordão, vinda de trem de São Paulo, com a mãe, Dona Matilde. Na pensão de Dona Sofia, mãe e filha são apresentadas às três moças que já estavam lá.

Fábio Carpi mudou muita coisa. A começar pela protagonista, pela personagem central da história. No filme, tudo gira em torno de Lucília – o papel de Cacilda Becker. Elza (Ilka Soares), Betinha (Gilda Nery) e Olivinha (Silvia Fernanda), as três moças que já estavam na pensão de Sofia (Marina Freire) terão importância, é claro, serão as companheiras de Lucília. Mas tudo gravita em torno desta última.

E, bem diferentemente do livro, em que as quatro moças vão para Campos do Jordão para se tratar da tuberculose, Lucília chega ao alto daquele trecho da Mantiqueira um tanto por acaso – sequer sabia que estava com a doença.

Uma paciente que não faz o que o médico manda

O filme começa exatamente com a chegada de Lucília a Campos do Jordão. Vem dirigindo um carro em que está um namorado ou pretendente a namorado, Ricardo, e mais um casal, à frente de um outro carro em que viajam umas cinco pessoas. Uma grande turma de amigos. Luciano Salce e seu diretor de fotografia, o inglês Ray Sturgess (1910-2000), outro profissional importado pela Vera Cruz, nos brindam com belas tomadas gerais dos dois carros subindo uma estrada de terra extremamente sinuosa, bem até o alto da serra.

(Ao longo do filme, seremos brindados com outras tomadas gerais daquela região lindíssima.)

São, ao que tudo indica, paulistanos, todos bem de vida, que resolveram subir a Serra da Mantiqueira só de farra, para apreciar a aventura e dar uma olhada nas vistas deslumbrantes. Mas não demora quase nada e já estão falando em descer de novo a serra e continuar viagem rumo ao Rio de Janeiro.

De repente, do nada, Lucília informa aos amigos que não vai seguir viagem. Vai ficar ali, no alto da serra, por um tempo. Mais tarde, quando resolver, pega o trem e volta para São Paulo.

Hospeda-se num hotel. No elegante restaurante, fica conhecendo uma moça chamada Olga (Lola Brah), que gosta de falar sobre suas viagens à Europa tanto quanto gosta de álcool. Bem mais adiante no filme, veremos que o “drinking problem” de Olga, como se costuma dizer em inglês, é bastante grave.

Num estratagema do roteirista Fábio Carpi que achei um tanto estranho, forçado, o gerente do hotel (o papel de Jaime Barcellos) informa Lucília que, como ela vai ficar mais de um dia hospedada ali, tem direito a uma consulta com um dos médicos da cidade, o dr. Celso (Miro Cerni). Ela vai – e os exames que o dr. Celso faz revelam que ela está com tuberculose.

É quando ela se muda então para a pensão de Sofia e fica conhecendo as três moças.

Lucília é uma paciente completamente impaciente. Ao contrário das outras moças, todas clientes do dr. Celso, e obedientes a ele, não faz o recomendado. Caminha mais que o admissível em suas condições, faz esforço, não repousa o quanto deveria. E ainda mantém o vício do cigarro.

Lá pelas tantas, resolve abandonar o tratamento, arruma a mala, vai para a estação de trem. Mas eis que chega a roda-viva e carrega seus planos para lá. A roda-viva, no caso dela, vem com o fato de que, mesmo naquela pequena estação, ela consegue a façanha de perder o trem, e com a chegada, no mesmo trem em que ela deveria partir, de um homem que chama sua atenção logo de cara. Chama-se Bruno, tem tuberculose, se diz muito pobre e alega estar para escrever um romance. Bruno vem na pele de Jardel Filho, um dos galãs do cinema brasileiro daqueles meados de anos 1950.

São duas pessoas belas ali na tela – Cacilda Becker e Jardel Filho.

Lucília terá momentos de felicidade. Mas todo o tom do filme nos avisa de que ali não há espaço para um hollywoodiano happy ending.

O filme foi “especialmente preparado” para Cacilda

Não encontrei – numa pesquisa que, confesso, não foi exaustiva –, explicação para o fato de o roteirista Fábio Carpi ter fugido tanto da trama criada por Dinah Silveira de Queiroz, a ponto de mudar a protagonista da história.

Teria sido, talvez, porque a Elza do livro é jovem demais, provavelmente ali na faixa dos 20 e pouquinhos, e os realizadores queriam uma protagonista um pouco mais vivida, mais independente, que se encaixasse melhor na pele de Cacilda Becker, que, afinal, era a principal atração do filme, além do livro em que ele se baseava?

Talvez. Pode ser que tenha algo por aí. Nascida (em Pirassununga, SP) em 1921, Cacilda Becker estava em 1954 com 33 anos, era uma artista absolutamente conhecida e consagrada, e tinha um porte poderoso, uma figura forte que não se prestaria a interpretar uma garotinha de 21, 22.

Cacilda era a maior estrela do Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC, que, na década de 50, se profissionalizou sob a direção geral de Franco Zampari; trabalhou com diretores e cenógrafos formados na Europa, como Adolfo Celi, Ruggero Jacobi, o próprio Luciane Salce que realizaria este Floradas na Serra, Aldo Calvo e Ziembinski.

Vários desses artistas que fizeram o TBC participaram também da criação e do desenvolvimento da Companhia Cinematográfica Vera Cruz. A empresa foi um projeto do produtor italiano Franco Zampari (1898-1966) e do industrial Francisco Matarazzo Sobrinho; a fundação foi em novembro de 1949, num terreno de mais de 100 mil metros quadrados que ocupavam o que antes era uma granja da Família Matarazzo em São Bernardo do Campo.

Mais ligado ao teatro, Zampari chamou de volta para o Brasil o realizador Alberto Cavalcanti, que havia tido uma carreira importante na Inglaterra, para montar de fato a companhia e o estúdio que se construiu ali. Cavalcanti, por sua vez, importou dezenas de técnicos europeus – como o já citado diretor de fotografia Ray Sturgess.

Diz da carreira cinematográfica da grande dama dos palcos a Enciclopédia do Cinema Brasileiro, organizada por Fernão Ramos e Luiz Felipe Miranda:

“Talvez devido a sua importância como atriz de teatro, é pequena sua participação no cinema. Em seu filme de estréia, Luz dos Meus Olhos, produção da Atlântida, faz um papel dramático sob direção de José Carlos Burle. Na Vera Cruz, após um projeto fracassado (Mormaço), atua em um filme especialmente preparado para ela, Floradas na Serra, adaptação do romance homônimo de Dinah Silveira de Queiroz. Dirigida por Luciano Salce, nesse melodrama que encerra as atividades da Vera Cruz, interpreta, de forma marcante, a tuberculosa Lucília.”

O clima melancólico do fim da Vera Cruz

Em um belo texto com o título de “Made in São Bernardo”, no livro Projeto Memória Vera Cruz, o jornalista, pesquisador e doutor em cinema pela USP Inimá Simões mistura Floradas na Serra com o fim da Vera Cruz – ou, mais exatamente, o fim da primeira fase da empresa, que durou de 1949 a 1954. (A companhia voltaria a atuar mais tarde.)

“Enquanto São Paulo comemora o seu IV Centenário, a Vera Cruz aderna lentamente, sufocada pelas exigências de credores impacientes, entre os quais está o Banco do Estado de São Paulo, anteriormente pródigo nos seus financiamentos. Zampari, de forma quixotesca, procura salvar a Vera Cruz e para isso busca apoios, chega a contactar autoridades financeiras do governo, e até mesmo o presidente Getúlio Vargas parece se preocupar com a situação. Num esforço final a empresa consegue terminar Floradas na Serra. (…)

“O clima melancólico que cerca a Companhia parece impregnar todas as cenas de sua última grande produção, filmada em Campos do Jordão. Floradas na Serra emociona sem dúvida, e confirma a competência de Fábio Carpi e Luciano Salce, mas como escapar do tom folhetinesco do romance de Dinah Silveira de Queiroz? Cacilda Becker e Jardel Filho (este claramente identificado com os maneirismos do Actors Studio) estão brilhantes mas os diálogos são empolados. Finalmente um toque trágico cerca a morte de Lucília da Mota Cardoso (Cacilda), a mulher da sociedade paulista.”

Ilka Soares, John Herbert e Célia Helena

Quis fazer um registro sobre três atores que estão no ótimo elenco de Floradas na Serra, Ilka Soares, John Herbert e Célia Helena. E aí me deparei com um delicioso texto e saborosas informações sobre Ilka Soares em inglês, no IMDb, o grande site enciclopédico sobre filmes. Não dá para não transcrever.

“Uma das mulheres mais belas do Brasil nos anos 1950 e 1960, ela começou sua carreira em 1947 num concurso de Miss Brasil promovido pelo jornal O Globo, em que ela conheceu Vittorio Cardineli e Ugo Lombardi, o pai da atriz Bruna Lombardi, que a convidou para um teste para Iracema (1949), uma adaptação do romance de mesmo nome de José de Alencar. Depois de um teste bem sucedido, ela conseguiu o principal papel naquele que hoje é considerado um filme perdido.”

Informações saborosas: “Ela foi a mulher brasileira mais velha a posar para a revista Playboy. Estava com 52 anos quando foi capa da Playboy brasileira em 1984”. E ainda: Ilka foi casada com Anselmo Duarte, com quem teve dois filhos, entre 1949 e 1956. O galã que viria a dirigir em 1962 a obra-prima que é O Pagador de Promessas trabalhou em filmes produzidos pela Vera Cruz – O Tico-Tico no Fubá, Appassioinata e Veneno. E, entre 1963 e 1970, foi casada com Walter Clark, o cara que é tido como um dos principais responsáveis por tornar a TV Globo na potência que ela passou a ser a partir dos anos 1970.

Neste Floradas na Serra, Ilka Soares faz o papel de Elza.

John Herbert faz o de Flávio, um rapaz que também está doente e se tratando em Campos do Jordão, um esforçado pintor. Elza acabará se envolvendo com ele.

Embora o papel não seja muito grande, John Herbert já era então um astro em ascensão na TV: em 1953 ele havia estreado na TV Tupi, ao lado da mulher, Eva Wilma, a série Alô, Doçura, inspirada em I Love Lucy, que teria um imenso sucesso.

E aqui há uma coincidência interessante. Da mesma forma que Cacilda Becker e John Herbert co-estrelam este filme, seus respectivos cônjuges, Walmor Chagas e Eva Wilma iriam contracenar em outro filme importante, São Paulo Sociedade Anônima (1965), de Luís Sérgio Person.

E Célia Helena.

Ela faz Turquinha, uma personagem que aparece pouco tempo na tela. Exatamente como Cacilda Becker e Walmor Chagas, sempre foi muito mais uma atriz de teatro do que de cinema e TV – embora sua filmografia tenha 26 títulos, realizados entre 1953 e 1995. Como os atores citados acima, teve um casamento com colega de profissão, o ator Raul Cortez. Nos anos 1980, criou e dirigiu o Teatro Escola Célia Helena. (Por essa boa escola passou uma jovem que rapidamente percebeu que não iria se dedicar aos palcos teatrais – uma moça linda e de muitos talentos. Minha filha.)

Ver Cacilda Becker é um absoluto luxo

É necessário fazer um registro, mesmo que bem rapidamente sobre as duas adaptações do romance de Dinah Silveira de Queiroz para a TV.

A primeira foi exibida pela TV Cultura de São Paulo entre 3 e 28 de agosto de 1981, com adaptação e roteiro de Geraldo Vietri e direção de Atílio Riccó. Foram 20 capítulos. Diferentemente do filme, e seguindo o romance, a personagem central é Elsa, que se envolve com o pintor Flávio.

Elza foi interpretada por Beth Mendes, Flávio por Amaury Alvarez. Lucília, por Carmen Monegal e Bruno, por Fernando Peixoto.

Dez anos depois, em 1991, o mesmo Geraldo Vietri escreveu nova adaptação do romance para uma minissérie apresentada pela Rede Manchete entre 1º de julho e 1º de agosto, em 24 capítulos. A direção foi de Nilton Travesso e Roberto Naar. Myriam Rios fez Elza, Marcos Winter fez Flávio. A belíssima Carolina Ferraz ficou com o papel que havia sido de Cacilda Becker no filme.

Gostei muito de ver o filme. Pode não ser uma grande obra, mas é importante, marcante. Tem diversas qualidades – a fotografia é excelente, assim como a direção de arte e, na sua maior parte, as atuações.

Ver Cacilda Becker é um absoluto luxo.

E, além das qualidades técnicas, Floradas na Serra, um filme que hoje tem quase 70 anos, mostra belas características, algumas posturas bem, mas bem à frente do seu tempo. É corajoso por mostrar uma dependente do vício do álcool. É ousado ao mostrar mulheres independentes, fortes, decididas.

É um filme que vale a pena ver.

Anotação em junho de 2022

Floradas na Serra

De Luciano Salce, Brasil, 1954

Com Cacilda Becker (Lucília),

Jardel Filho (Bruno)

e Ilka Soares (Elza), Sílvia Fernanda (Olivinha), Gilda Nery (Betinha), Marina Freire (Sofia), Lola Brah (Olga), Miro Cerni (Dr. Celso), John Herbert (Flávio), Célia Helena (Turquinha), Jaime Barcellos (gerente), Liana Duval       (Firmina), Rubens de Falco (Moacir)

Roteiro e diálogos Fábio Carpi

Baseado no romance homônimo de Dinah Silveira de Queiroz.

Fotografia Ray Sturgess

Música Enrico Simonetti

Canção “Adeus Guacyra”, de Heckel Tavares e Joracy Camargo, cantada por Alfredo Simoney

Montagem Mauro Alice

Cenografia João Maria dos Santos

Assistentes de direção Gallileu Garcia e Sérgio Hingst

Produção Vera Cruz. Distribuição Columbia Pictures.

P&B, 100 min (1h40)

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