Dália Negra, o filme de Brian De Palma de 2006, me deixa com sensações confusas, conflitantes. Mixed feelings (há momentos em que o inglês é imbatível, exprime muito melhor as coisas que não apenas a última flor do Lácio, inculta e bela, mas todas as demais línguas – pelo menos as que eu conheço um tiquinho).
Dália Negra, o livro, um quase cartapácio de mais de 400 páginas, também me deixou assim, com sensações confusas, conflitantes. Tem coisas geniais – e outras um tanto confusas demais, violentas demais, enroladas demais.
O livro é estupidamente bem escrito, os personagens são fascinantes. Mas a trama é extremamente complexa, exageradamente cheia de subtramas, e segredos, e mistérios. A violência extrema, a sensação atordoante de que tudo é absolutamente corrupto, corrompido, fétido, fedido, me atordoaram. Foi difícil para mim atravessar o calhamaço – mesmo o texto sendo tão estupidamente bem feito. Mesmo vivendo no Brasil da podridão absoluta implantada pelo lulo-petismo.
O autor é James Ellroy, ele mesmo um figurinha carimbada, um sujeito sui generis, um autor que tem uma vida tão fascinante quanto as histórias que cria. James Ellroy é dos bons. É dos grandes.
Escrevi na anotação sobre outro filme baseado em obra de Ellroy, Los Angeles Cidade Proibida/L.A. Confidential (1997), e repito aqui: eu seria capaz de apostar que Dashiell Hammett, Raymond Chandler e James M. Cain, os grandes autores dos romances hard-boiled, que deram origem a vários dos melhores filmes noir de toda a História, leram e aprovaram com louvor os livros de James Ellroy, que nasceu em 1948, quando a maior parte das obras deles já havia sido publicada.
Ellroy segue a trilha desses venerandos autores – mas, se é que isso é possível, ele consegue ser ainda mais triste, ainda mais desesperançado do que os seus mestres. É bem provável que isso se deva à sua triste história de vida: os pais se divorciaram logo, a mãe foi assassinada quando ele estava com 10 anos, ele tornou-se viciado em drogas, foi preso diversas vezes. Recuperou-se, no entanto, e, a partir dos anos 1970, começou a se dedicar à literatura.
“O maior assassinato não resolvido da História americana”
Dália Negra é o primeiro romance publicado pelo autor, em 1987, quando ele estava, portanto, com 39 anos. E o livro parece claramente ser o resultado de uma obsessão.
James Ellroy ficou obcecado com uma história real, acontecida um ano antes de seu nascimento, em 1947: no dia 15 de janeiro, uma senhora que passeava empurrando um carrinho de bebê avistou, num terreno baldio de Los Angeles, um corpo de uma mulher morta.
Morta com extrema, extrema, extrema crueldade. Seu corpo foi cortado ao meio, na altura do abdômen; seu rosto foi cortado de orelha a orelha. Havia sinais de tortura e estupro. Órgãos haviam sido retirados. Todo o sangue havia sido retirado.
O caso chegou imediatamente às manchetes de jornais e lá ficou por meses: a vítima, identificada como Elizabeth Short, ganhou a alcunha de Dália Negra. O nome tem a ver com cinema: em 1946, um ano antes, portanto, do assassinato pavoroso, havia sido lançado o filme The Blue Dahlia, no Brasil A Dália Azul, um policial com tons de noir, estrelado pelo casal sensação Alan Ladd e Veronica Lake. Como ficou-se sabendo que Elizabeth Short, a vítima, costumava se vestir de negro, pronto – a Dália Negra.
(Veronica Lake parece ser outra obsessão de James Ellroy: a personagem central de seu romance Los Angeles – Cidade Proibida, é uma prostituta produzida para se parecer com a atriz mignon de voz grave e rouca e mecha de cabelo louro avançando sobre um lado do rosto.)
A polícia promoveu a maior caçada da história da Califórnia. Surgiram vários suspeitos – mas jamais se encontrou o assassino. É, como diz o próprio Ellroy, “o maior assassinato não resolvido da História americana”.
Obcecado, obsessivo, Ellroy pesquisou durante anos material da polícia e da imprensa sobre o crime da Dália Negra. Leu tudo o que havia sobre o crime. E, em seu livro de estréia, mistura montes de dados reais sobre as investigações policiais com uma ficção tão apavorante quanto os fatos reais relatados.
Um estranho triângulo – dois policiais e a ex-amante de um bandido
No livro, a Dália Negra – a mulher assassinada com toda a brutalidade que é possível haver – só surge na segunda parte, exatamente (na edição que tenho, a terceira, da Editora Record, de 2006) na página 93.
Antes, há um prólogo, e toda uma primeira parte, em que o leitor fica conhecendo os policiais Dwight Bleichert, que os amigos chamam de Bucky, e Lee Blanchard, e a namorada deste último, Kay Lake, por quem Bucky, é claro, se apaixona.
O livro é narrado na primeira pessoa por Bucky.
O roteiro escrito por Josh Friedman para o filme de Brian De Palma começa bastante fiel ao livro. A Dália Negra só vai aparecer quando o filme está aí com cerca de 30 minutos. No começo, somos apresentados a esse estranho, complexo triângulo amoroso.
Bucky é interpretado por Josh Hartnett, Lee Blanchard, por Aaron Eckhart (nas fotos no alto). E Kay Lake vem na beleza esplendorosa de Scarlett Johansson.
Estão extremamente bem, esses três ótimos atores. A jovem Scarlett foi extremamente produzida para viver Kay, moça inteligente, estudada, com espírito independente, vontades fortes – e um passado sombrio, horroroso. Kay havia sido amante de um bandido, Bobby DeWitt (Richard Brake), que batia nela e às vezes a oferecia para amigos.
No passado, esse DeWitt havia sido preso por assaltar um banco; o policial que o prendeu foi exatamente Lee, que, por causa desse caso, teve seu nome divulgado nos jornais, ganhou respeito entre os colegas e chefes. Lee prendeu DeWitt, que acabou sendo condenado a uma temporada em San Quentin, e ficou então conhecendo a pobre Kay. Ele cuidou dela, a protegeu, levou-a para a casa que comprou, pagou faculdade para ela.
Antes de entrar para a polícia, Lee havia sido lutador de boxe. Bucky também. Conheciam-se de nome, se respeitavam como pugilistas. Acabam se encontrando num trabalho policial, viram parceiros, amigos. Lee tem a maior alegria em apresentar Kay a Bucky. Bucky e Kay vão sentir atração pelo outro desde o primeiro encontro, mas não se tocarão – Bucky jamais trairia o parceiro e amigo.
O promotor assistente Ellis Loew (Patrick Fischler) – que também aparece em L.A. Confidential, e é um sujeito ambicioso e corrupto – vem com a idéia de promover uma luta entre os ex-pugilistas e hoje policiais Dwight Bleichert e Lee Blanchard. Um colunista de esportes de um jornal da cidade fez um texto falando sobre os dois policiais pugilistas, um frio, que estuda os movimentos do outro, o Sr. Gelo (Bucky), o outro esquentadão, que parte pra cima do adversário de qualquer jeito, o Sr. Fogo (Lee).
Uma luta entre dois ex-pugilistas, hoje policiais, parceiros, seria uma boa propaganda para o LAPD, do departamento de polícia de Los Angeles – e estava para ser votado nas semanas seguintes um projeto que aumentava a verba do LAPD.
Dá para notar que De Palma deu uma segurada nos movimentos de câmara
De Palma abre seu filme com uma tomada em que Bucky está se preparando para a luta com o parceiro Lee. A voz de Josh Harnett-Bucky vai nos narrando a história: “O Sr. Fogo versus o Sr. Gelo. Pelo que as pessoas diziam, era nossa primeira luta. Não era. E nem seria a última.”
Corta para um flash-back: as ruas de Los Angeles estão um caos, com mexicanos lutando contra soldados das Forças Armadas que acabavam de voltar para casa depois do final da Segunda Guerra. Carros pegam fogo, lojas são destruídas. Lee está lutando contra um grupo de soldados, pede a ajuda a Bucky.
Enquanto isso, estão rolando os créditos iniciais.
O promotor assistente Ellis Loew manda chamar Bucky à sua sala, onde Lee já está, juntamente com o detetive chefe Toy Green (Troy Evans). Mostram para Bucky a coluna sobre Sr. Fogo e Sr. Gelo, falam do plano de botá-los para lutar num dos grandes ginásios da cidade.
É um excesso de informação que vai sendo despejada sobre o pobre espectador, numa velocidade alucinante.
Outro filme de Brian De Palma também abre com uma luta do boxe – Olhos de Serpente/Snake Eyes (1998). E, em Olhos de Serpente, a câmara de De Palma, uma das câmaras mais ágeis, mais fascinantes entre as de todos os realizadores – ao lado da de seu mestre Alfred Hitchcock e a do jovem Claude Lelouch – faz as maiores loucuras nas tomadas da longa sequência de abertura, num gigantesco ginásio de Atlantic City.
Quando mostra a luta dos dois parceiros neste Dália Negra, De Palma conteve sua câmara. Não há grandes floreios, grandes travellings, grandes zooms, absurdos plongées e contreplongées. Reparei bem nisso, ao rever o filme agora, e na hora me ocorreu: é tanta informação, a trama é tão absolutamente complexa, que De Palma deu uma segurada na sua própria vontade de aprontar com movimentos de câmara estonteantes.
No momento em que surge a Dália Negra, a câmara de De Palma grita Shazam!
Ele guarda os movimentos estonteantes da câmara exatamente para o momento em que a Dália Negra entra na história que tem seu nome, lá quando o filme já está aí com mais ou menos meia hora.
A essa altura, Bucky e Lee já são parceiros, trabalham juntos no Departamento de Capturas, depois de terem se enfrentado no ringue. Bucky já frequenta a casa de Lee e de Kay; muitas vezes os três jantam juntos, conversam, tomam vinho. Os dois já se envolveram num tiroteio em que vários negros foram mortos por eles – o caso foi destaque nos jornais. Os três já participaram juntos da festa de fim de ano, da chegada de 1947, em que Bucky viu Lee conversando com um amigo do Mickey Cohen, o lendário mafioso que controlava o crime organizado em Los Angeles. (Mickey Cohen existiu mesmo na vida real, e aparece também em L.A.Confidential.)
Já se sabe que DeWitt, aquele cara que era amante de Kay e foi condenado por assalto a banco, está para sair da prisão de San Quentin, depois de cumprir sua pena. Livre, ele seguramente iria querer se vingar de Lee.
Já se foi meia hora de filme, mais ou menos, com carradas de informações, muitos nomes, uma teia complexa de vários casos. E então estão os dois à procura de um assassino, um tal Raymond Junior Nash. Lee disse que tinha recebido uma dica de um endereço onde esse Nash poderia aparecer, e então pararam o carro, à noite, numa rua, diante de um prédio de dois andares, onde supostamente Nash apareceria. Ficam de tocaia.
A câmara de Brian De Palma grita Shazam!
Vemos a frente do tal prédio, como se a câmara estivesse mais ou menos na posição de onde estavam os olhos de Lee, do outro lado da rua. Um homem negro, gordo, fala alguma coisa com um casal que passa por ali.
Aí a câmara vai subindo; deve seguramente ter sido colocada nua grua altíssima, um guindaste. A câmara vai subindo, mostra o segundo andar do prédio, mostra o teto do prédio – há corvos no teto, ouvimos o piar dos corvos. A câmara sobe muito, de tal maneira que podemos ver, atrás do prédio, na rua lá de trás, um terreno baldio. Naquela rua lá de trás está passando uma mulher – ela aparece bem pequena, porque está a uma distância respeitável, a uma quadra inteira do lugar em que está a câmara.
A mulher começa a gritar por socorro, abandona o carrinho de bebê que empurrava e passa a correr, tentando chamar a atenção de alguém.
Sem corte algum, é claro (De Palma, como mestre Hitchcock, adora um plano-sequência), a câmara dá um zoom, se aproxima da mulher. Ela vê um carro que vem chegando na rua do terreno baldio, mas ele entra numa travessa, e agora está vindo em direção à rua em que Bucky e Lee estão de tocaia no carro. A câmara passa então a seguir o carro, a mulher que acaba de descobrir o corpo da mulher brutalmente assassinada fica para trás. A câmara segue uma bicicleta que passa perto do carro, até o outro lado da rua, por onde caminha um casal.
Só aí há um corte, e vemos mais de perto o casal. Ele é um sujeito de terno, já idoso, ela se veste bem, fuma com uma grande cigarreira. Ouvimos parte do diálogo entre eles. O homem, a quem ela chama de Baxter, diz: – “Não se preocupe. Eu já acertei com esse policial sujo. Ele vai cuidar de mim logo.”
O casal se aproxima então exatamente daquele prédio perto do qual os dois policiais estão de tocaia. Conversam com aquele mesmo homem negro e gordo que estava na porta do prédio.
Bucky está dormindo, Lee o chama, diz para ter cuidado, os dois vão ser alvejados.
Tudo acontece muito depressa: Lee dispara e mata tanto Baxter quanto a mulher que estava com ele; o negro atira em direção ao carro. Bucky sai em disparada atrás do negro gordo que foge.
Naquele exato momento, a apenas uma quadra de onde estavam Lee e Bucky teoricamente de tocaia à espera do assassino Nash, acaba de ser avistado pela primeira vez o corpo estraçalhado da pobre Elizabeth Short (Mia Kirshner, lindíssima, na foto acima), que o país inteiro passaria a conhecer como Dália Negra.
Os dois irão para lá, onde já estavam diversos outros policiais, inclusive o chefe Ted Green.
Os dois, cada um à sua maneira, ficarão obcecados com a história da Dália Negra, querendo fazer de tudo, o possível e o impossível, para encontrar o assassino.
Só muito mais tarde o espectador saberá que, na verdade, naquele momento da tocaia, Lee não estava atrás do assassino Nash. Ele estava atrás é daquele Baxter Fitch (John Solari).
O passado de Lee – Bucky vai descobrindo, e o espectador também – tem muita mancha, muita porcaria.
Numa entrevista, Brian De Palma disse, com muita propriedade, que, na história, todos mentem o tempo todo. “Há um sentimento permanente de corrupção em todo o livro. Todos os personagens são comprometidos.”
Uma família rica e profundamente insana é parte importante da trama
A trama incluirá ainda uma família tão rica quanto inteiramente anormal, louca, insana. O pai, Emmet Linscott (John Kavanagh) virou milionário com o dinheiro da mulher e a construção civil; foi sócio do comediante Mack Sennett no início da história de Hollywood, quando os primeiros estúdios começaram a se instalar naquela área distante do centro de Los Angeles, e construiu milhares de casas ali. Em geral, com material de quinta categoria. É corrupto a não mais poder.
A mulher dele, Ramona (Fiona Shaw), filha de milionário, classista, esnobe, se enche de remédios e está sempre um tanto fora da realidade.
A filha mais velha, Madeleine (o papel de Hilary Swank, na foto acima), parece disputar consigo mesma um concurso de quem consegue ser mais promíscua. Bucky descobrirá que ela conheceu Elizabeth Short – e até teve uma transa com ela. (Elizabeth Short também era concorrente ao título de mais promíscua.) Passam a ter um caso, o tira e a moça da alta que dá mais que chuchu na cerca.
Os Linscott todos serão muito importantes na trama complexa, apavorante.
Na minha opinião, o roteiro tenta ser o mais fiel possível ao livro até ali pela metade. A partir daí, como o livro tem tramas e subtramas demais da conta, o roteiro dá uma simplificada em várias coisas.
Ainda minha opinião: se os três atores que fazem os dois policiais e a mulher que ambos amam estão muito bem, a em geral ótima Hilary Swank tropeça. Hilary é uma grande atriz, e não é a toa que já ganhou dois Oscars e mais 51 prêmios e outras 25 indicações, mas acho que aqui ela tropeça.
Madaleine é de fato uma personagem complexa demais. Creio que Hilary Swank tentou enfatizar a coisa da sensualidade dela – e ficou exagerado, um tanto grotesco. Na última sequência em que ela aparece, fumando um cigarro com uma grande piteira, com um jeito de quem na vida real jamais chegou perto de um cigarro, quanto mais de uma piteira, achei que ela está bem, bem ruim.
De Palma tem feito poucos filmes, e os últimos não foram bem na bilheteria
Dália Negra teve uma indicação ao Oscar, na categoria de melhor fotografia, dirigida pelo grande mestre Vilmos Zsigmond. De fato, a fotografia é deslumbrante; estranho que ele não tenha tido outras indicações, como de figurinos e direção de arte, que são magistrais.
A página de Trívia do IMDb sobre o filme (dados sobre a produção, notas, fofocas) traz informações fascinantes. Está lá que a versão inicial do filme montada por Brian De Palma tinha cerca de 3 horas de duração, e era uma adaptação absolutamente fiel do livro, com muito mais tempo dedicado ao colapso mental de Bucky durante as investigações e sua obsessão por pegar o assassino da Dália Negra. James Ellroy viu essa versão, e escreveu um texto elogiando o filme por sua fidelidade ao original.
Mais tarde, o filme teve que ser cortado, seguramente por exigência dos produtores e exibidores: um thriller de 3 horas de duração estaria destinado ao fracasso absoluto nas bilheterias. De Palma cortou fora uma hora – a versão que chegou aos cinemas e está no DVD tem 121 minutos. Isso explica o que afirmei mais acima, de que a partir da metade da narrativa, mais ou menos, o roteiro corta fora muitas subtramas e dá uma simplificada em várias coisas.
O DVD lançado no Brasil pela Imagem Filmes traz entrevistas com o diretor, o autor Ellroy, os atores. A entrevista de Ellroy é interessante: ele fala de uma maneira bem esquisita, pouco natural, como se estivesse empostando a fala, ou lendo no teleprompter um texto pré-escrito. É bem estranho – acho que tudo em James Ellroy é estranho. Mas ele elogia o filme de forma vigorosa: “De Palma enfrentou muito bem o desafio terrível de explicar o maior assassinato não resolvido da história americana”.
(Significa então que o de John F. Kennedy foi resolvido? Bem, deixa pra lá…)
Outra informação interessante do IMDb: o roteirista Josh Friedman diz ter trabalhado no texto entre 1997 e 2005. Não é para menos. Com aquela quantidade de informação…
Mais uma: o teste de interpretação de Elizabeth Short que aparece no filme, sendo visto pelos policiais – muito longo, em que a jovem e belíssima atriz canadense Mia Kirshner dá um show de interpretação – não existe no livro, é uma (boa) criação do roteirista Josh Friedman. Na vida real, Elizabeth Short disse a várias pessoas que tinha feito teste de interpretação, mas jamais foi encontrado esse filme.
Uma observação minha: é estranho como Brian De Palma tem realizado poucos filmes, nos últimos anos, enquanto companheiros de geração, como Martin Scorsese, estão a mil por hora. Em 2002, fez Femme Fatale. Em 2006, este Dália Negra. Em 2007, Guerra sem Cortes, sobre a guerra no Iraque, e, em 2012, Passion. Estes dois últimos aparentemente passaram quase despercebidos por aqui; bem, pelo menos eu não tinha ouvido falar neles.
Desde o já citado Olhos de Serpente, de 1998, De Palma não faz um filme que tenha sido um grande sucesso de bilheteria, nota o IMDb. O último sucesso de público foi o primeiro da atual série Missão Impossível com Tom Cruise, de 1996.
Estranho.
Para registrar: Leonard Maltin dá apenas 1,5 estrela em 4 e desce o pau no filme. O Guide des Films de Jean Tulard sequer fala do filme.
Acho esquisito. Brian De Palma merece respeito.
Anotação em dezembro de 2014
Dália Negra/The Black Dhalia
De Brian De Palma, EUA-Alemanha-França, 2006
Com Josh Hartnett (Dwight Bleichert, o Bucky), Scarlett Johansson (Kay Lake), Aaron Eckhart (Lee Blanchard), Hilary Swank (Madeleine Linscott), Mia Kirshner (Elizabeth Short), Mike Starr (detetive Russ Millard), Fiona Shaw (Ramona Linscott), Patrick Fischler (promotor Ellis Loew), James Otis (Dolph Bleichert), John Kavanagh (Emmett Linscott), Troy Evans (detetive chefe Ted Green), Rachel Miner (Martha Linscott), Richard Brake (Bobby DeWitt),John Solari (Baxter Fitch), Stephanie L. Moore (a namorada de Baxter Fitch)
Roteiro Josh Friedman
Baseado no romance homônimo de James Ellroy
Fotografia Vilmos Zsigmond
Música Mark Isham
Montagem Bill Pankow
Produção Universal Pictures, Millennium Films, Signature Pictures, Equity Pictures Medienfonds GmbH & Co. KG III. DVD Imagem Filmes
Cor, 121 min
***
Não vi e não irei ver. Li o livro que está algures por aqui e levei uma seca monumental; penso que será o livro que mais me custou a ler (tirando Moby-Dick). Quando cheguei ao fim dei um enorme suspiro de alívio. Na verdade também não sou apreciador do género – li alguns livros de Dashiell Hammett e Raymond Chandler mas não gostei.
Boa tarde, Sérgio! Apenas gostaria de comentar que o crime real citado (denominado Dália Negra) parece que foi algo muito marcante na cultura popular norte-americana.
Estou lendo um livro de James Kaplan sobre Frank Sinatra, é uma biografia. Num dado momento, quando ele começa a discorrer sobre a queda de Sinatra no final dos anos 40, ele cita que o crime, como se ele tivesse sido um marco de que coisas negras estavam pairando sobre os Estados Unidos, não só a queda de Sinatra, mas o início das caças à bruxas em Hollywood,devido ao comunismo, e que culminaria no macarthismo.
Um abraço!
Uma mulher assassinada com extrema crueldade, do jeito que todo americano sonha fazer, a tentativa de elucidação do caso, uma família rica e pancada de dar dó, uma confusão dos diabos, tudo muito doentio e deprê do jeito só americano sabe fazer.
Meu amigo Heitor está se especializando em fazer sinopses de apenas uma sentença, um único ponto final. Maravilha!
Sérgio
Mmm … Josh Hartnett! Vou ver qualquer filme com Josh (eu recomendo também o filme “Wild Horses” http://filmesonlinegratis.club/3177-wild-horses-2015.html ). Agradecimentos para o artigo!
Fiquei frustrada com o final do filme , porque eu não conhecia a estória real .
Sou fanática em assistir forensic files , aonde sempre , com ajuda de legistas , provas de DNA , pistas mirabolantes , que só os policiais , detetives e fotógrafos conseguem oferecer , os crimes são desvendados .
Mas gostei do enredo , sem gostar do desfecho . Se eu soubesse que o crime não seria desvendado , não teria assistido . Não tenho essa sede de informação dos detalhes , no final , eu só quero que a justiça seja feita . Tanto faz que seja na ficção ou na vida real .
Eu li todo o seu texto . Fico muito impressionada com seu conhecimento na sétima arte . Parabéns