O Jardim dos Finzi-Contini / Il Giardino dei Finzi-Contini

Nota: ★★★★

Anotação em 2011: O Jardim dos Finzi-Contini, que Vittorio De Sica fez em 1970, é daquele tipo de filme com uma beleza, uma excelência, uma riqueza que não são óbvias, flagrantes, imediatas. Ao contrário: são sutis, delicadas, suaves.

Mostra uma tragédia gigantesca, das maiores da História, não como se fosse um estrondo, mas como um gemido quase surdo.

Passa-se em Ferrara, no Norte rico da Itália, no tenebroso período entre 1938 e 1943, portanto entre o ano que precedeu a Segunda Guerra e o penúltimo ano do conflito, o período em que o regime fascista apertava mais e mais o cerco aos judeus. Os personagens são quase todos judeus ricos. O cerco ia se apertando, as liberdades iam sendo pouco a pouco retiradas, a situação ficava mais e mais difícil, mas, praticamente até o final, até o ápice da tragédia, era quase como se a vida continuasse da mesma maneira. O momento do golpe final chegando, chegando – e as pessoas continuavam com suas vidas.

Como se aguardassem pacientemente, sentadas nos trilhos, a iminente passagem de um enorme trem que iria esmagá-las.

Para Giorgio (Lino Capolicchio), o protagonista, era quase como se a dor do amor irrealizado fosse tão ou mais dolorosa que o holocausto.

O filme de Vittorio De Sica é todo perpassado por uma grande melancolia– não um estrondo, mas um gemido quase surdo.

O espectador poderá ter suspeitas – mas as coisas não são explicitadas

Quando a ação começa, em 1938, um grupo de uns seis, oito jovens, aí na faixa dos 20 anos de idade, está chegando de bicicleta à propriedade dos Finzi-Contini. Vestem-se todos de roupas brancas – estão indo jogar tênis, e então se vestem de branco. São roupas de gente rica, ou no mínimo bem de vida. São roupas esportivas de gente que normalmente usa roupas sociais – ao longo de todo o filme, a maioria dos personagens usará roupas sociais; mesmo os jovens usarão paletó e gravata. Era a exigência da época, o símbolo óbvio de status social.

Nos primeiros momentos, nas seqüências inicias, são tantos os jovens reunidos na propriedade dos Finzi-Contini que o espectador poderá levar algum tempo a identificar quem é quem. Mary e eu, ao menos, tivemos alguma dificuldade em identificar quem é quem entre os visitantes (me lembrava muito pouco do filme, que tinha visto antes uma vez, em 1979, conforme verifiquei depois).

Certamente De Sica e seus roteiristas fizeram isso propositadamente. Os jovens Finzi-Contini, esses são fáceis de identificar de cara. A mais velha é Micol (o papel de Dominique Sanda); seu irmão mais novo é Alberto (o papel de Helmut Berger). Mas os visitantes são vários, e nos são apresentados bem rapidamente.

Levam-se uns 15 minutos para saber exatamente quem é quem, e quem vai importar mais para a narrativa, além de Micol e Alberto.

O que vai importar mais é Giorgio, o protagonista, o personagem central da trama. E, além dele, Bruno Malnate (Fabio Testi).

Malnate é moreno, alto, forte, tem simpatias pelo socialismo; não é de Ferrara, está lá em visita; é “peludo”, conforme dirá a ele próprio Micol, a herdeira mais velha da fortuna dos Finzi-Contini. É grande amigo de Alberto, o jovem Finzi-Contini.

Alberto é um jovem frágil, de saúde frágil, de constituição frágil – moral e física. Adora a irmã Micol, e Micol o adora. Gosta demais do colega e amigo Malnate, que Micol diz não fazer seu tipo.

Com uma maestria de que só os mestres são capazes, De Sica fará o espectador suspeitar, imaginar – embora o filme não diga isso expressamente em momento algum – que Alberto talvez tenha tendências homossexuais, e talvez esteja mais interessado em Malnate do que apenas como um grande amigo. E que Micol talvez tenha uma paixão incestuosa pelo irmão belo e frágil.

Mas que se frise sempre: o espectador poderá imaginar que isso talvez exista. O filme não deixa nada disso explícito, claro.

Nada, absolutamente nada disso é óbvio, flagrante, imediato. É tudo dito, ou não dito, de maneira sutil, suave, delicada.

Demora-se um pouco até que o ovo da serpente produza seu fruto

O que vamos vendo, neste início de narrativa, é que Micol, essa jovem estranha, que não sabemos compreender direito, nutre um grande amor pelo irmão Alberto, dá mostras de que o moreno, socialista e peludo Malnate não é seu tipo, e tem simpatia especial por Giorgio.

Repito: eles estão aí na faixa dos 20 anos, pouco mais, pouco menos. E De Sica nos dá flashbacks da época em que Micol e Giorgio eram crianças, e se olhavam, e pareciam se gostar, daquela forma com que as crianças antigamente davam mostras de se gostar. Freqüentavam a mesma escola, a mesma sinagoga, se olhavam, se sorriam.

No início da ação, estamos em 1938, perigosamente perto de 1939, o ano do começo da guerra – mas, na antevéspera de um fato, não temos idéia de que o fato vá acontecer. Nos flashbacks, estamos em 1928, e em 1928 o fascismo já estava no poder havia seis anos, mas – o filme nos mostra isso com grande clareza – o cerco aos judeus na Itália fascista foi aumentando aos poucos. Em 1928, em Ferrara, mal parecia que o fascismo estava instalado.

Demora-se um pouco antes que o ovo da serpente produza seu fruto.

Quando o grupo de seis ou oito jovens é convidado para adentrar o jardim dos Finzi-Contini, em 1938, no início da ação, a serpente está agindo. Os judeus acabavam de ser banidos do clube de tênis.

Os Finzi-Contini eram muito, muito, muito ricos, provavelmente a família mais rica de Ferrara. Não costumavam convidar muita gente para partilhar do conforto, da beleza de sua gigantesca propriedade. Convidavam agora porque já não podiam jogar tênis no clube. Mas não convidavam apenas judeus: entre os jovens daquele grupo, havia vários não judeus, ou “arianos” – o termo aparece no filme pela primeira vez durante um diálogo entre Giorgio e seu pai (Romolo Valli).

O pai de Giorgio é judeu, classe média alta – e se diz fascista, elogia Il Duce, diz que Il Duce é melhor que Hitler. Inscreveu-se mesmo no partido fascista, na crença de que dessa forma, e devido à sua riqueza, e devido ao fato de pertencer à Câmara de Comércio, sua origem judaica poderá, quem sabe, passar despercebida.

Giorgio enfrenta o pai, contesta o pai e sua adesão ao fascimo, durante o jantar em família. Acabara de ler no jornal sobre as novas leis, que proibiam que judeus tivessem empregados “arianos”, que freqüentassem tais e tais locais, que houvesse casamentos entre judeus e “arianos”, entre diversos outros cerceamentos.

Um homem que não faz sua história, vai sendo levado pela história dos outros

Giorgio tem consciência do que está acontecendo. Mas não é um herói, um resistente, um enfrentador. Giorgio está mais preocupado com Micol, que parece incentivá-lo a fazer-lhe a corte.

Giorgio me fez lembrar muito o Conde Piotr Bezukov, o personagem central de Guerra e Paz, o homem que vê a História se desenrolar diante de si, mas é incapaz de tentar fazer a sua própria história, vai sendo levado pela história dos outros.

É um personagem rico, complexo, fascinante. É impossível deixar de sentir imensa simpatia por Giorgio, pobre figura, perdido na Itália fascista que ele odeia mas contra a qual não consegue tentar fazer nada, perdido no seu amor por uma jovem mulher muito mais rica do que ele, muito acima dele na escala social, que não parece saber muito bem o que quer da vida, mas que, depois de atrai-lo, fisgá-lo, dará demonstrações claras de que não o ama.

Não me lembro de ter visto outros filmes com Lino Capolicchio, o jovem belo ator que faz o triste Giorgio. Mas De Sica é um diretor de atores tão esplêndido que faz atores não profissionais brilharem tanto quanto os mais experientes.

Se de um lado Lino Capolicchio não é tão conhecido, Dominique Sanda e Helmut Berger são atores marcantes – e acho que ninguém teria sido uma escolha tão perfeita quanto eles para fazer os papéis dos jovens Finzi-Contini. Se houvesse prêmio de casting para os grandes filmes de todos os tempos, este aqui seria sério candidato.

O que haverá na alma de Micol – um vulcão, ou uma geleira?

Dominique Sanda tem o physique-de-rôle perfeito para fazer Micol, a moça que atrai o amigo para depois rejeitá-lo. Tem uma aparência aristocrática, rica, “ariana”, e misteriosa, uma jovem de aparência plácida que esconde o que vibra dentro de si. Linda, loura, olhos claros, nariz esculpido pelos deuses. Dominique Sanda está perfeita como essa jovem deslumbrante que esconde de todos, talvez ou até principalmente dela mesma, o que existe em sua alma – será um vulcão, ou uma geleira?

Dominique Sanda, diz o IMDb, fez 54 filmes, entre 1969 e 2007; jamais parou de fazer filmes. No entanto, gravou-se para sempre no imaginário de todo e qualquer amante de filmes pelos seus papéis em O Conformista, de Bertolucci, de 1970, neste O Jardim dos Finzi-Contini, do mesmo ano, e em 1900, de novo de Bertolucci, de 1976. Não precisaria ter feito mais nada – nesses três filmes, deixou uma marca inconfundível.

Helmut Berger era um jovem de beleza impressionante. Em 1969, foi dirigido por Luchino Visconti em Os Deuses Malditos – Visconti, gênio, aristocrata pelo sangue, marxista por opção, homossexual, adorava um jovem belo, de Alain Delon a Jean Sorel. Apaixonou-se – artisticamente e talvez outrasmentes – por Helmut Berger.

Uma profunda melancolia, uma imensa suavidade

E é fascinante ver como Vittorio De Sica soube usar bem Helmut Berger no papel do herdeiro frágil de uma família judia riquíssima na Itália tomada pelo fascismo.

De Sica e Visconti têm as origens mais diversas, mais diferentes que se poderia imaginar. O primeiro cresceu em Nápoles, o Sul pobre, o segundo é de Milão, o Norte rico. O primeiro teve origem mais simples, o segundo era conde. O conde era erudito, estudado, comunista. O primeiro era do povo, popular, mais simples, menos intelectual, mais coração.

Os dois, mais Antonioni e um pouco depois Fellini, partriciparam do neo-realismo italiano, o renascimento do cinema na Itália do pós-Guerra, o movimento que, sem ser propriamente um movimento, influenciaria o cinema do mundo inteiro no meio século seguinte, e transformaria o cinema italiano dos anos 50 e 60 no melhor de todos.

O Jardim dos Finzi-Contini é seguramente o filme mais viscontiano de De Sica – o mundo dos ricos, o mundo que está acabando, o outono, o fim, o mundo que vai dar em alguma outra coisa. No entanto, é De Sica até o mais fundo da alma: jamais cerebral, intelectual – emoção pura, coração.

Uma profunda melancolia.

Uma imensa suavidade. As maiores belezas não são óbvias.

Uma seqüência marcante: na Páscoa, o medo latente

Me impressionou muito, ao rever o filme agora, a seqüência da Páscoa, a família de Giorgio reunida, cantando cânticos hebraicos, e a ameaça chegando através do telefone. A hecatombe já está acontecendo, mas é preciso continuar vivendo, e festeja-se a Páscoa com os cântigos tradicionais. Mas o cerco está se apertando, o telefone toca, Giorgio atende, e não é ninguém – ou é a ameaça? Toca de novo, as vozes do cântigo se abaixam, o medo subindo. Mas ao terceiro toque é Alberto do outro lado da linha, não é a polícia, não são os fascistas, e então todos relaxam – ah, é paranóia, está tudo bem -, as vozes voltam a ficar mais altas.

É um momento raro de uma certa obviedade em um filme delicadamente construído para não ser óbvio. Para ser difícil de se admirar à primeiríssima vista. Para ser degustado por quem sabe apreciar uma história contada de forma sutil, suave, delicada.

Aqui do meu lado, Mary faz uma observação. Observa que todo mundo beijou o chão sobre o qual Bellocchio passou porque em Vincere fez da amante de Mussolini uma metáfora de toda a Itália – a amante seduzida e abandonada, tal qual a Itália. E então, observa Mary, todo mundo caiu de quatro por Bellocchio e por Vincere, porque, em 2009, ele revelou ao mundo a imagem da Itália apaixonada pelo ditador.

Pois em 1970, diz Mary, De Sica já havia mostrado uma personagem que é o símbolo da Itália dos anos 30, na Micol interpretada por Dominique Sanda: uma jovem bela que não sabe muito bem o que quer, que é ao mesmo tempo augusta e muito dada a alguém que se mostra forte, peludo, conquistador.

O Jardim dos Finzi-Contini, Mary já havia observado antes, foi feito apenas 25 anos após o fim da guerra. Já faz 41 anos que foi feito – e no entanto fica parecendo que Bellocchio inventou a roda em 2009.

Prêmios ao longo dos anos

Os prêmios dados ao filme de alguma maneira demonstram que eu estava certo ao dizer lá em cima que este é um filme cuja beleza vai sendo descoberta aos poucos. É uma produção de 1970. Em 1971 ganhou o David de Donatello, o Oscar do cinema italiano, fascinantemente empatado com O Conformista, com a mesma Dominique Sanda. No mesmo ano, ganhou também o Urso de Ouro em Berlim. O sol demora muito para chegar ao lado Oeste do planeta, e portanto o filme só concorreu ao Oscar de 1972 – e ganhou a estatueta de melhor filme estrangeiro. E só em 1973 venceria como melhor direção de filme estrangeiro no prêmio dos críticos de Kansas City.

O IMDb afirma que, embora o roteiro seja creditado a Vittorio Bonicelli e Ugo Pirro, teriam colaborado nele também Cesare Zavattini, Valerio Zurlini, Franco Brusati, Alain Katz e Tullio Pinelli, além do próprio De Sica.

As opiniões de quem entende:

Diz o Guide des Films de Jean Tulard sobre Le Jardin des Finzi-Contini (é sempre um imenso prazer ver como os franceses escrevem sobre os filmes):

“A perseguição sob o fascismo de uma família de judeus cujos sonhos e esperanças são carregados pela tempestade antissemita. Do belo romance de Bassani, o filme consegue reconstituir a atmosfera às vezes singular e cativante. São sensíveis aqueles que observam de longe a vida de uma família judia muito aristocrata retraída entre seus vastos domínios e que, os anos passando, terminam por se aproximar, sem verdadeiramente reduzir, a distância daquela sociedade.

“O filme não é verdadeiramente um quadro da sociedade italiana de 1929 até 1943, nem uma evocação do meio judeu de Ferrara, mesmo que não faltem as cenas saborosas ou trágicas. Ele sugere, sobretudo, isso que poderia ter sido a cultura refinada e discreta dessa elite judia que a Europa do século XIX admitiu pouco a pouco e que ela em seguida quis exterminar. A personagem de Micol, moderna e impenetrável, é de uma grande poesia.”

“Um filme extraordinário, com seu glamour melancólico”

Dame Pauline Kael informa que o romance em que o filme se baseia, de Giorgio Bassani, é semi-autobiográfico. Define Micol como “imperiosa e voluntariosa”, e diz que ela e seu lânguido irmão “são pessoas mimadas e bonitas, sem vontade de salvar-se”. “Este filme extraordinário, com seu glamour melancólico, talvez seja o único que registre as tíbias medidas anti-judaicas da época de Mussolini – que, no entanto, foram suficientes para varrer os Finzi-Contini e tudo o que eles representavam.”

O livro 1001 Filmes para Ver Antes de Morrer diz que O Jardim dos Finzi-Contini “marcou o retorno internacional de um diretor que nunca tinha deixado de trabalhar, mas cuja fama tinha decaído desde os tempos de obras-primas neo-realistas como Umberto D (1952)”. “Estilisticamente, o filme não é nenhuma obra-prima. Mas ganha vida nos momentos em que De Sica gruda sua câmara em closes de suas estrelas fascinantes (Dominique Sanda e Helmut Berger, especialmente) para observar o dardejar furtivo de seus olhos nobremente expressivos. O Jardim dos Finzi-Contini é uma parábola aguda e tocante sobre a relação entre os dramas pessoais e políticos, privados e públicos. O drama social que invade a história torna as palpitações românticas por vezes insignificantes, desesperadas, absurdas e pungentes.”

Bonito. E correto.

O Jardim dos Finzi-Contini/Il Giardino dei Finzi-Contini

De Vittorio De Sica, Itália-Alemanha Ocidental, 1970

Com Lino Capolicchio (Giorgio), Dominique Sanda (Micòl Finzi-Contini), Romolo Valli (o pai de Giorgio), Helmut Berger (Alberto Finzi-Contini), Fabio Testi (Bruno Malnate), Camillo Cesarei (o Finzi-Contini pai), Katina Morisani (a Finzi-Contini mãe), Barbara Pilavin (a mãe de Giorgio)

Roteiro Vittorio Bonicelli e Ugo Pirro

Baseado no romance de Giorgio Bassani

Fotografia Ennio Guarnieri

Música Manuel De Sica

Produção Documento Film, CCC-Filmkunst. DVD Lume Filmes

Cor, 94 min

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14 Comentários para “O Jardim dos Finzi-Contini / Il Giardino dei Finzi-Contini”

  1. Sou um leitor assíduo de seu site e antes de assistir e depois de assitir a algum filme sempre venho olhar o que você tem escrito sobre ele.
    Com relação ao Jardim dos Finzi-Contini, fiquei conhecendo o filme pelo seu site, e, simplesmente, que maravilha!

  2. Meu nome por parte de mãe é Contini e preciso saber as origens de minha familia uma vez que meus avos informaram ser parentes da familia finzi contini. O nome de meu avó era josé contini.

  3. Vi recentemente pela primeira vez e confesso que não fiquei entusiasmado. O filme tem muitas qualidades, sem dúvida, mas penso que lhe falta emoção, drama, é tudo muito “suave” o que não me parece adequado para o tema.

  4. Sobre o que diz Pauline Kael, há outros filmes narrando a perseguição aos judeus italianos, na segunda guerra. Tais como ” O ouro de Roma ” ( 1961 ), ” Uma saudade em cada alma ” ( 1960 ) e ” A janela da frente ” ( 2003 ).

  5. Vi o filme no final dos anos 70, na Sessão de Gala, na Globo, e me pareceu espetacular, como toda a obra desse mestre, que foi De Sica. Revi agora, pelo Youtube, e ainda me parece um grande filme, justamente por mostrar o conformismo e submissão ante a violência, que continua atual nos dias de hoje. E na cena final, a família de classe média, detida pela polícia e em vias de ser encaminhada para o campo de concentração, comenta, ao ver a chegada dos aristocratas:
    – mas até os Finzi-Contini?

  6. Revi o filme, como disse no post acima, e comprei o livro no Estante Virtual. O filme é melhor que o livro, De Sica captou o que era essencial. Soube que Bassani, marxista que era, ficou indignado com De sica por não ter focado na açõa política, mas essa não tem tanto espaço assim no livro. De todo modo, fica esse conformismo e o desejo não realizado.

  7. Esse é um dos melhores textos que já li sobre algum filme. calhou de ser sobre um entre os que gosto mais. por sinal, assisti na mesma época, em 78 ou 79, eu com 15 pra 16 anos. dali em diante, cultivei uma afeição especial pelos filmes do De Sica. exatamente pela delicadeza pra apresentar o momento. histórico no intersticio do drama humano – ou vice-versa. ladrões de bicicleta, girassóis da Rússia… da sempre vontade de rever e conversar e descobrir elementos que ganham relevo conforme a gente amadurece. obrigado pela resenha maravilhosa!

  8. Caro Silvio,
    Seu comentário é daquelas coisas que enchem a alma, que emocionam. Não sei como agradecer sua gentileza.
    Muitíssimo obrigado.
    Sérgio

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