Anotação em 2010: Este Presságio até que promete no começo, que faz lembrar um episódio da boa série Numbers. Mas lá pela metade o diretor perde completamente a mão, e Presságio vira um disaster movie, um filme-desastre que é, ele próprio, um desastre.
A ação começa em 1959, numa escola de Lexington, em Massachusetts. A primeira figura que aparece – num grande close-up – é uma garotinha aí de uns dez, 12 anos, com uma expressão marcante, impressionante – como tantos outros garotos em filmes de ficção-fantasia ou suspense, ela é diferenciada, tem poderes um tanto mediúnicos, ouve coisas que os demais mortais não ouvem. É dessa garotinha, Lucinda (Lara Robinson), a idéia adotada pela escola de criar uma cápsula do tempo: todos os alunos são convidados a fazer desenhos sobre como imaginam o futuro; os desenhos serão colocados na cápsula do tempo, um grande cilindro de metal, que é enterrado no pátio da escola, para ser aberto daí a 50 anos.
Os garotos desenham um monte de foguetes – era 1959, época do corrida espacial. Lucinda, não: Lucinda escreve furiosamente um série imensa de algarismos. Esgota-se o tempo, a professora precisa arrancar dela a folha de papel. E aí Lucinda some. Saem todos à procura dela, e vão finalmente encontrá-la numa espécie de porão, sob uma escada, escrevendo furiosamente números na parede, com os dedos – tão furiosamente que os dedos estão arranhados, sangrando, em carne viva.
Depois de uns 15, 20 minutos, o filme despenca feito castelo de cartas
Fim do intróito, que dura uns dez minutos; corta, e estamos 50 anos depois, em 2009, o ano em que a cápsula do tempo será aberta. Os personagens agora são Caleb (Chandler Canterbury), um garoto de cerca de 12 anos, que, claro, estuda na mesma escola em que Lucinda estudou, e o pai dele, John Koestler (Nicolas Cage), professor de astrofísica no MIT, o respeitabilíssimo Massachusetts Institute of Technology.
John é viúvo, cria Caleb sozinho, com muita disciplina, rigidez e uma enorme exigência de que o filho estude muito. Como se fosse necessário. O garoto é um CDF, inteligentíssimo, sério, compenetrado – e, como Lucinda meio século antes, tem a capacidade de ouvir (embora use aparelho para melhorar a audição) as vozes dos seres sussurantes.
O professor John e Caleb vão, é claro, entrar em contato com o papel cheio de números deixado por Lucinda meio século antes.
Até aí, tive esperanças de ver um bom filme, ou, no mínimo, uma história interessante, intrigante.
Como diria Jorge Ben, mas que nada.
O filme despenca como um castelo de cartas.
Por que tanto filme sobre o fim do mundo?
Tento contabilizar quantos filmes americanos recentes abordam o fim do mundo, o apocalipse, o Armagedon, ou o que vem depois dele. Eu Sou a Lenda, 2007. Fim dos Tempos, 2008. A refilmagem de O Dia em que a Terra Parou, 2008. A Estrada, 2009. 2012, também de 2009. O Livro de Eli, 2010.
Cacilda, são muitos.
Sempre se fizeram filmes sobre o fim do mundo, mas, sei não, acho que nestes últimos anos houve uma concentração extraordinária deles.
Fizeram-se muitos filmes sobre a iminência do fim do mundo na segunda década dos anos 50 e na primeira dos anos 60 – grandes filmes, como Dr. Fantástico/Dr. Strangelove, Limite de Segurança/Fail Safe, A Hora Final/ On the Beach, O Diabo, a Carne e o Mundo/The World, the Flesh, and the Devil, o original O Dia em que a Terra Parou. Dá perfeitamente para entender: o contexto da época justificava essa preocupação toda. Era a guerra fria, temia-se um conflito nuclear, a hecatombe.
Mas e agora? O que explicaria essa concentração de filmes sobre o apocalipse? Os temores das mudanças climáticas? A insegurança após os atentados terroristas do 9 de setembro? O pântano em que os Estados Unidos se meteram no Iraque e no Afeganistão? Sei lá. Provavelmente tudo isso junto.
No AllMovie, uma crítica furibunda, à la Sérgio Vaz
Bem. Fui dar uma olhada no AllMovie, e vi que a pessoa que escreveu a crítica de Presságio para o grande site, Cammila Albertson, deu uma de Sérgio Vaz quando a dita figura fica furibunda com um filme. A moça Camilla escreveu uma crítica gigantesca como algumas anotações que faço, e ela estava absolutamente possessa.
Eis o início da crítica:
“Dizer que Knowing é um dos piores filmes em que Nicolas Cage já trabalhou teria o risco de fazê-lo parecer mais tolerável e benigno do que na verdade é. Cage construiu sua carreira em filmes em que a qualidade não é a rigor um tema relevante – e isso não é necessariamente uma coisa ruim. Alguns críticos de cinema se interessariam em escrever sobre Knowing porque eles de fato de alguma maneira gostaram de alguns dos mais ridículos trabalhos de Cage, como Con Air, Face/Off e National Treasure – o que não significa defender esses filmes. Mas Cage de fato várias vezes escolhe projetos que não são apenas ruins, são terrivelmente ruins, cheios de uma certa idiotice e charme que os transforma em inexplicavelmente agradáveis, especialmente para gente que gosta sobretudo dos filmes B. Tudo isso dito, Knowing é um filme realmente, mas realmente horroroso. Não é hilariamente ruim, não é ruim mas engraçado, são apenas 121 minutos miseráveis.”
E a última frase da longa crítica é um achado: “Knowing é o caminho da dor eterna”.
Grande Cammila Albertson! Minha alma gêmea!
Presságio/Knowing
De Alex Proyas, EUA-Inglaterra-Austrália, 2009
Com Nicolas Cage (John Koestler), Chandler Canterbury (Caleb Koestler), Rose Byrne (Diana Wayland), Lara Robinson (Abby Wayland e Lucinda Embry), D.G. Maloney (o desconhecido)
Roteiro Ryne Douglas Pearson, Juliet Snowden e Stiles White
Baseado em história de Ryne Douglas Pearson
Fotografia Simon Duggan
Música Marco Beltrami
Produção Summit Entertainment, Goldcresct Pictures. DVD Paris Filmes
Cor, 121 min
*
É verdade! O Nicolas Cage não tem a preocupação de escolher bons filmes, talvez por saber que a sua atuação e sua eterna cara de paisagem são garantia de, no mínimo, boa diversão.
Foi uma pena, mas eu não tive o “Presságio” de que este filme seria uma decepção. O filme é chato e confuso e com um final que, de tão ridículo, é risível.
Odiei este filme, mas como eu gosto do Nicolas Cage, apesar da carinha de paisagem (rsrsrs), tive a esperança de que as coisas melhorassem. Doce esperança! O que seria de mim sem ela?
Por mim o filme é ruim somente para quem não entendeu. A moral da história, o filme não é um terror uma comédia trata-se de um suspense com muito mistério que só faz sentido para quem o compreende, no fim do filme a mensagem passada é de que aquilo que causou as catastrofes somente queria causar um novo recomeço usando aquelas duas crianças inocentes e as levando para um outro lugar onde eles recomeçariam o mundo, por isso não é um final ridículo é uma segunda chance que tivemos.
Cada cabeça cada sentença: Cammila Albertson disse cobras e lagartos deste filme; Roger Ebert escreveu “”Knowing” is among the best science-fiction films I’ve seen”, e agora? No fim de contas os críticos têm opiniões como todos nós, o Sérgio detestou, eu achei que estava muito razoável embora inferior a outros filmes do género.
Eu gostei muito do filme.
E revendo pela terceira vez, no final do filme tem um carro com uma frase: “Jesus is life. The free of life”.
E depois Abby e Caleb aparecem correndo em direção a “árvore da vida”.
Gosto muito deste filme, e cada vez que vejo percebo um detalhe diferente.
Só gostaria de saber o que as outras naves estavam carregando quando chega na Nova Terra ou se só estavam acompanhando mesmo.
Apesar das péssimas críticas, tenho visto maus filmes pela Netflix de ficção científica no geral – alguns de qualidade mediana até boa – e este, mais um apocalíptico desenrolar tragicamente finalizado- dos EUA -, não é comum! As cenas finais, incluindo desastres, são estonteantemente bem feitas – sem deixar nada a dever às películas do gênero – e ainda com evidentes vantagens. Prende-nos em seu mistério do início ao fim, ressaltando algo não completamente cientificista no modo de conduzir sua trama. Vide nossa atual pandemia, resposta aos estragos que temos perpetrado ao planeta?? E, sim, embora seja coerentemente quase um ateu, declaro-me assustado com a veemência abismal que esta praga hodierna nos propõe, quiçá não mero acidente (aliás, proposição das aulas do astrofísico deste filme: determinismo versus aleatoriedade nos eventos totais universais). Faz-nos, apesar de toda verossimilhança possível metafísica por demasia – ou, diríamos, crente em seu cerne do apocalipse final -, ressignificar sobre o que é a vida? Afinal, mero acaso ou imperioso movimento sem freio das partículas que nos constituem? (Aliás, nisto tudo, Contato, como este filme, é perturbador e eficaz no interesse do início ao fim). Aparte destas observações extra-película minhas, Presságio ainda é bom pelo feitio primoroso como ficção, como terror sobrenatural, como junção de crenças laicas e como uma flecha que nos acerta e esmaga nossas certezas – como a Covid-19 também tem sido… Merecida nota 9, sem dúvida!
Respondendo ao denver: “…aquilo que causou as catástrofes queria recomeçar um mundo novo…” Na verdade as catástrofes já iam acontecer, os seres não interferiam em nada relacionado as catástrofes apenas tinham o conhecimento do futuro e tendo o conhecimento que a espécie humana estava em ameaça de extinção naquele planeta devido a tempestade solar resolveram intervir e pegar dois exemplares para preservar a espécie. Provavelmente durante todo esse tempo eles estavam Terraformando um outro planeta para abrigar a espécie humana. Os seres devem fazer parte de uma federação de preservação das espécies subdesenvolvidas.