O Segredo / Si j’étais toi


2.5 out of 5.0 stars

Anotação em 2010: A produção é francesa, assim como o diretor, Vincent Perez, mas o filme é falado em inglês por atores americanos e se passa em uma cidade média não explicitada dos Estados Unidos. E a trama – extraordinária, insólita, às vezes chocante – é japonesa.

Este O Segredo/Se j’étais toi, de 2007, é a refilmagem de Humitsu, produção japonesa de 1999, dirigida por Yôjirô Takita, o autor do deslumbrante A Partida/Okuribito. Humitsu, o filme original, por sua vez, com roteiro de Hiroshi Saito, se baseia numa novela de Keigo Higashino.

Ver O Segredo dá uma vontade danada de achar o filme japonês, e também o livro em que os dois se basearam. Por uma rápida pesquisa que fiz, o filme de Yôjirô Takita não foi lançado em DVD no Brasil.

A história me pareceu muito melhor do que o filme. Não que o filme seja ruim; não é, de forma alguma. Mas a trama é tão absolutamente fascinante que me deixou com a impressão de que, nas mãos de um diretor mais experiente, poderia ter resultado em um filme ainda melhor. Vincent Perez é mais conhecido como ator; nascido em Lausanne, na Suíça, em 1964, já estrelou 48 filmes e/ou episódios de TV, inclusive superproduções como Indochina, A Rainha Margot e Cyrano de Bergerac. Sua experiência como diretor é bem menor; O Segredo foi seu segundo longa-metragem – e até agora o último dos dois únicos filmes que realizou.

A trama aborda a vida em família, a relação dos pais com os filhos adolescentes, a atração das drogas e do sexo promíscuo sobre os adolescentes, o fosso entre as gerações, a educação, os estudos – vai fundo na questão de como os pais, muitas vezes, ignoram tudo, ignoram absolutamente tudo o que se passa na vida dos filhos.

E o filme de fato vai fundo nessa questão. É uma de suas grandes qualidades. É um alerta sério para todos os pais, para que eles procurem sempre estar próximos dos filhos, prestem sempre a maior atenção a tudo o que acontece na vida dos filhos.

         Um casal com vida idílica – e aí vem a tragédia

Os primeiros dez minutos de ação são uma descrição da vida do casal formado por Benjamin (David Duchovny, o ator da série Arquivo X) e Hannah (Lili Taylor) e sua filha de 16 anos Samantha, Sam (Olivia Thirlby). O casal que vemos tem uma vida idílica, perfeita: amam-se profundamente, vivem bem, não têm brigas – parecem estar em lua de mel, embora já estejam casados há tanto tempo. Viveram em Boston, mas se mudaram para uma cidade bem menor, em busca de mais tranqüilidade. Benjamin é oftalmologista, gosta do que faz, é atencioso com os pacientes, é competente, correto. Hannah, como tantas mulheres, renunciou aos estudos quando ficou grávida de Samantha. É uma dona de casa feliz, adora cozinhar. Todo santo dia o marido chega em casa do trabalho com declarações de amor eterno.

Sam, a filha, é uma adolescente um tanto problemática, como quase todos os adolescentes. A relação com a mãe não é boa – qual garota de 16 anos gosta de ouvir a mãe pedindo que arrume o quarto, mantenha as coisas em ordem, não chegue em casa tarde, etc, etc, etc?

Já a relação com o pai é um pouco melhor, porque o pai não cobra dela muitas coisas – mas não chegam a ser próximos, não chegam a ser amigos, a trocar confidências.

Quando estamos aí com dez minutos de filme, Hannah e Sam (na foto acima) estão no carro, a mãe levando a filha até a casa de amigos – há um terrível acidente, as duas ficam gravemente feridas.

         A chave da história surge bem depressa – mas revelá-la seria spoiler

O que acontece aí, quando Hannah e Sam estão no hospital, é a grande sacada da história, a idéia brilhante. Embora aconteça quando não chegamos nem a 15 minutos do filme, e esteja descrito nas sinopses, e até indicado no título original, trata-se da chave de tudo. Pode ser bobagem minha, excesso de zelo, mas acho que seria um absurdo revelar o que se passa – seria um spoiler.

A garota Olivia Thirlby, uma nova-iorquina nascida em 1986, tem uma interpretação excelente como Sam. É um papel especialmente difícil – mas ela se sai com grande talento. Expressa perfeitamente a angústia que é ser adolescente; alterna momentos de profunda amargura, choque, ansiedade, sensualidade. Não me lembrava dela, mas vejo agora, pela filmografia no iMDB, que ela está em filmes que já vi – Vôo United 93, Juno.

Vejo no iMDB que a moça é séria; estudou interpretação no American Globe Theatre de Nova York e na Royal Academy of Dramatic Art de Londres. Cacilda! É, sem dúvida, uma atriz para ser observada.

O Segredo/Si j’étais toi

De Vincent Perez, França, 2007

Com David Duchovny (Benjamin), Olivia Thirlby (Samantha), Lili Taylor (Hannah), Brendan Sexton III (Ethan)

Roteiro Ann Cherkis

Baseado no livro de Keigo Higashino

Fotografia Paul Sarossy

Música Nathaniel Mechaly

Produção Europa Corp., Luc Besson

Cor, 92 min

**1/2

Título em inglês: The Secret

7 Comentários para “O Segredo / Si j’étais toi”

  1. Por favor eu gostaria de saber, o que faço pra assistir esse filme,uma vez estava assistindo em casa pela tv por assinatura, mas tive que sair e não assistir ele completo,por favor me ajude, eu gostaria muito de assisti-lo novamente. obrigada

  2. Foi lançado em DVD no Brasil, sim.
    Comprei-o em uma locadora que estava se desfazendo do acervo.

    Tinha-o à venda até hoje.

  3. Caro Felipe,
    Muito obrigado pela informação. Já alterei o texto, com base no que você disse.
    Um abraço.
    Sérgio

  4. olá boa tarde !!
    gostaria de saber o nome e cantor da música que toca durante dois trechos do filme ?estou em uma busca , mais sem sucesso. se possível poderiam me ajudar ?? desde já obrigado ! alias muito bom filme !

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