4.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Mais um filme argentino para deixar a gente com inveja, quase raiva: por que eles conseguem fazer um cinema tão bom, e nós não?
O diretor Juan José Campanella e os atores Ricardo Darín e Eduardo Blanco já haviam edstado juntos em O Filho da Noiva, de 2001, outra maravilha deslumbrante, e também O Mesmo Amor, A Mesma Chuva, de 1999, mais um belo filme.
Avellaneda, do título original, é um lugar da periferia de Buenos Aires, logo ao Sul da Boca, uma espécie de Guarulhos, ou Santo André, que teve muitas indústrias e decaiu quando o país se desindustrializou com as crises dos anos 90.
O clube que aparece no título brasileiro – assim como o bairro em que se localiza, e de resto assim como o país inteiro – já havia tido dias muito melhores. Era um lugar animado, cheio de vida – e foi dentro do clube que nasceu Roman, o personagem de Ricardo Darín. Agora, na época da ação, o clube vai mal das pernas; tem muito menos sócios do que no passado, muitos deles estão desempregados e não podem pagar as mensalidades, e um grupo de sócios quer vender o terreno, contra a vontade de outro grupo. O filme focaliza a luta dos dois lados em que se dividiram os sócios – uma luta que é como uma reprodução num pequeno universo da divisão do próprio país -, e vai mostrando o dia-a-dia daquela gente, con su dignidad, como diz a letra de Vuelvo al Sur, a beleza de canção em homenagem à população da região Sul de Buenos Aires.
O filme colecionou oito prêmios e 14 outras indicações nos festivais mundo afora.
Vejo agora, com surpresa, que o diretor Campanella, um porteño nascido em 1959, é useiro e vezeiro em dirigir episódios de séries da TV americana; dirigiu dois do Law & Order: Criminal Intent, em 2002, e nada menos que 15 episódios do Lei & Ordem da série Unidade de Vítimas Especiais entre 2000 e 2007. Nunca soube disso. Nada contra o Lei & Ordem, em especial o SVU, Special Victims Unit, muito ao contrário: Mary e sou somos fãs apaixonados da série, que é extremamente inteligente, séria, progressista, avançada, pondo em discussão temas difíceis e importantes. É só que eu preferiria que ele ficasse mais tempo na Argentina fazendo aqueles belíssimos filmes que faz lá.
Clube da Lua/La Luna de Avellaneda
De Juan José Campanella, Argentina-Espanha, 2004.
Com Ricardo Darín, Eduardo Blanco, Mercedes Morán, Valeria Bertuccelli
Roteiro Juan José Campanella e Fernando Castets
Música Ángel Illarramendi
Produção 100 Bares
Cor, 143 min
O único filme do Juan José Campanella que assistir foi O SEGREDO DOS SEUS OLHOS que ao meu ver mereceu indicação mais não o OSCAR. Discordo do site que escreveu que o nosso cinema não é bom, já se nota uma certa ignorancia em comparação a nossa história. Não vou citar filmes porque sei que “GOSTO” não se discute mais posso discordar. Tenho um bom conhecimento do cinema brasileiro e argentino e posso dizer que o nosso não fica atrás no quesito qualidade. Odeio esses críticos que propagam a idéia que para gostar do cinema argentino tem que inferiorizar o nosso cinema.
Caro Ivan,
Agradeço por seu comentário.
Não digo que o cinema brasileiro é ruim. Reclamo da insistência de tantos filmes em mostrar apenas a violência e a injustiça social. Acho que é importante mostrar isso, mas acho que há muitos outros temas a serem abordados. Reclamo também das interpretações – com algumas exceções, as exceções de sempre, acho os atores brasileiros fracos.
Mas é apenas questão de opinião. E fico contente por você ter expressado opinião diferente da minha.
Um abraço.
Sérgio
Gostei da forma como a história do clube se desenvolve de forma semelhante à vida dos personagens… passa pelo ápice, entra em crise e busca soluções! Tem uma crítica em
http://www.artigosdecinema.blogspot.com/2015/02/clube-da-lua-luna-de-avellaneda.html
Oi, Sérgio Vaz. Eu amo o cinema argentino – é simples, intenso, com roteiros que nos arrebatam. Me perdoe os que pensam contrariamente – os filmes brasileiros estão cada vez piores. Com raras exceções, raríssimas, continuam com o humor pastelão bobo ou com temática de favela, pobreza, punk – na sua maioria. O cinema argentino é festa no céu – sempre me arrebata!