4.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Um dos mais violentos panfletos que o cinema já fez contra o capitalismo, especialmente contra o capitalismo selvagem que se abateu sobre o mundo após o fim do comunismo, com as fusões e aquisições entre os grandes conglomerados e o aumento do desemprego.
Uma obra-prima, que faz lembrar, pela ambientação sufocante entre quatro paredes, outro panfleto, o Doze Homens e uma Sentença/12 Angry Men, de Sidney Lumet, de 1957. E, pela transformação das pessoas em animais selvagens, dispostos a tudo, a qualquer coisa, por mais abjeta que seja, para garantir a sobrevivência, lembra o filme-paulada de Costa-Gavras, O Corte/Le Couperet, de 2005.
O texto é todo brilhante, e o diretor Marcelo Piñeyro, autor do belíssimo Kamchatka, de 2002, faz tudo funcionar com perfeição, no ambiente claustrofóbico, de tirar o fôlego do espectador, de uma sala fechada de uma grande corporação em Madri onde um grupo de cinco homens e duas mulheres disputam uma única vaga de executivo, no dia exato em que a cidade é tomada por protestos antiglobalização por ocasião de uma reunião do FMI e do Banco Mundial.
Os sete candidatos à vaga – os homens em seus melhores ternos, as mulheres em seus melhores tailleurs – são levados por uma secretária para dentro de uma sala, onde cada um deles terá diante de si um laptop e um questionário para ser preenchido. Dois dos candidatos notam que já responderam a questionários semelhantes antes de serem chamados. A tensão entre os candidatos já começa aí. A sala será trancada. Dos laptops começarão a surgir questões para que eles respondam.
A tensão irá crescer mais e mais, até um ponto que nenhum ser humano decente poderia imaginar. Eles não serão mais seres humanos normais, educados, que estudaram muito, se encheram de pós-graduações e MBAs e doutorados – serão como gladiadores no circo romano. É matar ou ser morto.
Um brilho, uma maravilha. Não há falha alguma, por menor que seja.
Todos os atores estão excelentes. Especialmente impressionante é essa atriz de nome esquisto, Najwa Nimri, que também está em Lúcia e o Sexo/Lucía y el Sexo, de 2001. Nascida em 1972 em Pamplona, é daquele tipo de atriz que pode ter mil caras – como uma Bridget Fonda ou uma Cate Blanchett; trabalha maravilhosamente bem, e ainda é cantora e compositora. A música dela me pareceu barulhenta, mas, como atriz, é de tirar o chapéu.
O Que Você Faria?/El Método
De Marcelo Piñeyro, Espanha-Argentina-Itália, 2005.
Com Eduardo Noriega, Najwa Nimri, Eduard Fernández, Pablo Echarri, Adriana Ozores, Ernesto Alterio, Carmelo Gómez, Natalia Verbeke
Roteiro Mateo Gil e Marcelo Piñero
Baseado em peça de Jordi Galcerán
Produção Alquimia Cinema, Tornasol Films, Canal +
Cor, 115 min
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