Ciladas da Sorte / Albino Alligator


[Rating:3]

Anotação em 1997: Um bom filme sobre violência que é violento mas é contra a violência, não bebe nela nem a alimenta. Ao contrário: a denuncia. O roteiro e a câmara – ao contrário do que normalmente se faz nesse tipo de filme no cinema americano – preservam o espectador dos detalhes mais sórdidos, mais chocantes. Em geral, a regra é mostrar em detalhe, se possível em câmara lenta e close up. Assim é o jogo. Peckinpah estabeleceu parte das regras; a onda veio crescente e firme nesse sentido. Continue lendo “Ciladas da Sorte / Albino Alligator”

Caro Diário / Caro Diario


[Rating:1.5]

Anotação em 1997: Nanni Moretti ganhou o prêmio de melhor direção em Cannes 1994 por este filme. Bem, o filme, que me tinha sido tão especialmente recomendado, bem o filme, não sei, não. É uma coisa minimalista. Mínimo de história, mínimo de situações, mínimo de piadas, mínimo de gente envolvida – Moretti escreveu, atuou, dirigiu. Em minimalismo, prefiro o Jarmusch de Downbylaw. Continue lendo “Caro Diário / Caro Diario”

Caindo no Ridículo / Ridicule


[Rating:4]

Anotação em 1997: Uma bela e total surpresa. É um drama, e denso, bastante denso, sério, inteligente, sensível. Acho que a melhor forma de fazer uma resenha seria dizer que é um filme sobre como manter os princípios morais em uma sociedade em que é difícil manter os princípios morais, e em que para se conseguir realizar o bem que se pretende é preciso fingir que se está abrindo mão dos próprios princípios que se quer manter. Continue lendo “Caindo no Ridículo / Ridicule”

As Bruxas de Salem / The Crucible


[Rating:4]

Anotação em 1997: Estupendo filme. Como eu não conhecia o texto da peça – só sabia que tinha sido escrita como uma metáfora sobre o macarthismo -, foi uma surpresa total. Mas é um filme que tem que ser visto mais de uma vez. Desta primeira, a força do texto, e as óbvias referências ao macarthismo, atraíram boa parte da minha atenção. Mas o filme é todo extraordinário, não só pela beleza das palavras. Continue lendo “As Bruxas de Salem / The Crucible”

Brincando de Seduzir / Beautiful Girls


[Rating:2.5]

Anotação em 1997: O filme demora um pouco a mostrar a que veio. Começa como mais um desses filminhos banais e sem graça e sem inteligência sobre um grupo de jovens de cidade pequena do interior. Depois engrena, vai mostrando, com alguma sensibilidade, os problemas afetivos e as dificuldades de relacionamento entre as mulheres e os homens do grupo. Acaba discutindo a fixação dos homens (ou de boa parte deles) pelas mulheres especialmente bonitas, e a óbvia verdade de que o ser humano é maior que a beleza. Continue lendo “Brincando de Seduzir / Beautiful Girls”

Atos de Amor / Carried Away


[Rating:3]

Anotação em 1997: Este filme americano do carioca Bruno Barreto começa com uma cena em P&B, obviamente uma cena do passado: um garotinho, Joey, cai de um trator. Corta, e vemos Joey (Dennis Hopper) adulto, maduro, quase 50 anos de idade, sendo acordado pela mãe, para ordenhar as vacas. Corta, e vemos, numa panorâmica, feita numa grua, pessoas chegando de manhã a uma escola rural; Joey é um deles; de outro carro chega uma mulher madura com seu filho adolescente; Joey a cumprimenta, cumprimenta o garoto, entram na escola. Continue lendo “Atos de Amor / Carried Away”

Armadilha Selvagem / In the Gloaming


[Rating:4]

Anotação em 1997: Um show de sensibilidade, de seriedade. Todos nós espectadores poderíamos estar a favor do filme por ele ser a estréia de Christopher Reeve, o Super-Homem dos anos 70 e 80 na direção depois do acidente trágico que o transformou em paralítico. Mas não é por aí. É que o texto é brilhante, corretíssimo, e o filme de fato esbanja sensibilidade. E que beleza de elenco. Continue lendo “Armadilha Selvagem / In the Gloaming”

O Que É Isso, Companheiro


[Rating:3.5]

Anotação em 1997: Fugi dele enquanto pude, com medo de não gostar. Adorei. Belíssimo filme. Tem um monte de defeitos, é verdade. Mas é um grande filme, que todos os brasileiros deveriam assistir. Não só pela importância do tema – Lamarca e o documentário sobre Prestes, por exemplo, tratam de temas tão importantes quanto. Mas também porque é um bom filme brasileiro, um ótimo filme brasileiro, de que se pode gostar sem ter que dar qualquer tipo de desconto. Continue lendo “O Que É Isso, Companheiro”

O Destino de uma Vida / Losing Isaiah


[Rating:3]
Anotação em 1997, com complemento em 2008: Um belo filme. Um belo filme, adulto, sério, discutindo de uma forma muito boa, muito aberta, muito sensível, um tema polêmico, difícil: a adoção, e a questão de quem merece ficar com a criança, quando a mãe biológica se arrepende de ter abandonado o filho e o quer de volta. E tendo como pano de fundo o arraigado, fortíssimo, violento racismo da sociedade americana e a onda atual do politicamente correto. Continue lendo “O Destino de uma Vida / Losing Isaiah”

As Pontes de Madison / The Bridges of Madison County


4.0 out of 5.0 stars

Anotação em 1996: Um filme absolutamente extraordinário. Depois de vê-lo, me ocorre uma comparação que poderá parecer absurda para muita gente: acho que Clint Eastwood é hoje o diretor de maior sensibilidade do cinema – para falar das sensações, das emoções dos homens. Depois de velho, Clint Eastwood ocupou o lugar que era de François Truffaut. Continue lendo “As Pontes de Madison / The Bridges of Madison County”

Os Últimos Passos de um Homem / Dead Man Walking


4.0 out of 5.0 stars

Anotação em 1996: Tim Robbins, essa grande revelação, a maior do cinema americano dos últimos 20 anos, fez um emocionante, belíssimo, brilhante, violento, brutal panfleto contra a pena de morte. Nisso ele segue uma linhagem de filmes excepcionais – A Sangue Frio, de Richard Brooks, A Vida o Amor a Morte, de Lelouch, por exemplo. Continue lendo “Os Últimos Passos de um Homem / Dead Man Walking”

Casos e Casamentos / Miami Rhapsody


3.0 out of 5.0 stars

Anotação em 1996: Uma daquelas boas comédias românticas que bebem muito em Woody Allen de uma maneira geral e especificiamente em Harry e Sally – Feitos Um para o Outro/When Harry Met Sally, que por sua vez é Woody Allen puro. Diálogos bons, inteligentes, rápidos, ágeis. Elenco todo muito bem dirigido – até Antonio Banderas está aceitável. Continue lendo “Casos e Casamentos / Miami Rhapsody”