3.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Eis aí um filme inteligente, com um roteiro extremamente criativo, onde tudo funciona bem.
O brilho do roteiro faz lembrar as invenções de Charlie Kaufman, tido – com razão – como o geninho do momento no cinema americano, depois de Quero Ser John Malkovich/Being John Malkovich, de 1999, Adaptação/Adaptation e Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças/Eternal Sunshine of the Spotless Mind, de 2003.
A inteligência do roteiro vem acompanhada por um elenco de bambas de várias gerações, em interpretações afiadíssimas. Os bons atores – Dustin Hoffman, Emma Thompson, Queen Latifah, Maggie Gyllenhaal – passam a nítida sensação de que de fato se divertiram à beça ao fazer o filme.
Will Ferrell, que tem feito muito sucesso mas me parece meio irregular, está ótimo como Harold, um contador da IRS, a Receita Federal americana, todo absolutamente certinho, controlado, caretíssimo, que faz tudo sempre igual. De repente, Harold vê sua rotina perfeita virada de pernas pro ar quando passa a ouvir uma voz que está narrando a sua vida – para depois perceber que é ele um personagem do livro de ficção que está sendo escrito, a duras penas, por uma autora em momento difícil de bloqueio criativo (Emma Thompson, sempre maravilhosa).
Preocupados com a autora, seus editores colocam para cuidar dela uma secretária durona, exigente – um papel perfeito para Queen Latifah, essa bela atriz que é sempre um prazer de se ver.
Para piorar ainda mais o remelexo na vida do nosso megacaretão Harold, ele se engraça por Ana, dona de uma lanchonete que está em falta com o Fisco (o papel da competente Maggie Gyllenhaal). Desesperado, ele procura a ajuda de um professor de literatura, na esperança de que ele o ajude a compreender o que está acontecendo. O professor é interpretado por um Dustin Hoffman divertidíssimo.
Há um monte de sacadinhas criativas na estrutura narrativa. Por exemplo: surgem na tela, em diversos momentos, números, fórmulas, equações, para demonstrar as ações de Harold – tantas escovadas no dente para a direita, tantas para a esquerda, tantos passos da porta de casa até o ônibus.
Ele tenta conversar com a voz que está descrevendo sua vida, mas nem sempre consegue contato com a escritora, que, nos piores momentos de bloqueio, pensa em se matar, e depois se decide a matar Harold…
Uma delícia total.
Mais Estranho Que a Ficção/Stranger Than Fiction
De Marc Forster, EUA, 2006.
Com Will Ferrell, Dustin Hoffman, Emma Thompson, Queen Latifah, Maggie Gyllenhaal
Roteiro Zach Helm
Produção Columbia
Cor, 113 min.
***1/2
Título em Portugal: Contando Ninguém Acredita
Eu vi este filme e até comprei o DVD e só agora mesmo é que estou a ler este comentário.
Eu comprei-o com base numas crónicas que li e como o DVD estava muito barato comprei e não me arrependi.
É muito interessante, divertido e surpreendente.
Conheci o site por acaso, como gosto muito de cinema favoritei !
Gostaria de fazer somente uma correção: no trecho do seu comentário “a escritora, que, nos piores momentos de bloqueio, pensa em se matar, e depois se decide a matar Harold…”
não é bem assim , pois a escritora é famosa por matar o personagem principal no final de seus livros…estando em bloqueio…ela experimenta várias opções de morte ( visitando hospital para ver a morte de perto p.e.) e assim criar a morte ideal !
não há inteção de suicidio e sim pesquisa.
abs.Elizabeth
Tive uma grata surpresa ao ver este filme.
Explico: Assisti via online e no site , não dizia os nomes dos atores, apenas mostrava o rosto do Will Ferrell.
E então eu me deparei com a maravilhosa Emma Thompson, com o fabuloso Dustin Hoffman, com a sempre ótima e linda Maggie Gyllenhaal e com a competente Queen Latifah.
Com essa “turma”, o resultado só podería ser este ótimo filme. Lindo demais.
O Will Ferrell faz muitas comédias e , eu não sou muito fã delas , gosto mais das comédias românticas e/ou com drama.
Este é o segundo filme que vejo com ele. E, se encaixa no que acabei de dizer ; tem comédia, drama, romance e muita reflexão.
O outro que vi com ele foi ” Pronto para Recomeçar “. Um ótimo filme também
Repararam no banheiro onde o Harold e o professor conversam ? Que luxo !!!!!
Cookies de aveia , barras de manteiga de amendoim, doce chocolate amargo com nozes de macadamia, croissant de queijo ricota com damasco,mousse com calda de caramelo, Virgem Maria, um pôço sem fim de calorias.
A cena do violão entre a Ana e o Harold foi muito bonita. Só não gostei da tatuagem no braço dela.
Ótimo roteiro , diálogos envolventes . Uma história bonita, gostosa.
A mensagem que o filme deixa : ” viva a sua vida intensamente como se não houvesse o amanhã, não se preocupe com o fim.
E além de tudo , o que eu achei mais importante é o texto lindíssimo no final.
Não vou dizê-lo aqui pois é um pouco longo e eu tbm já estou muito longo.
Apenas mais uma coisa que não posso deixar passar. 67×453 é = 30351,como o Harold disse e, está certo.
Depois a voz diz que é 31305 . Houve algum outro sentido nesta cena que eu , de maneira infantil, não entendi ?
Ótimo filme , muito lindo.
Um abraço !!