0.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2001, com complemento em 2008: Bola preta. Uma constatação: esse Autant-Lara é definitivamente um saco. Os filmes dirigidos por franceses nos anos 40 vistos no último ano, no Telecine 5, mostram bem isso: Autant-Lara é um sacô; Julien Duvivier é um prazer.
Este é um daqueles filmes candidatos à lista de piores de todos os tempos. Além de ser extremamente lento sem ser interessante, não se decide pelo que quer dizer. Finge que é uma denúncia sobre uma família de nobres que, sem chama ou brilho próprios, vampiriza o sangue quente de um casal de serventes, mas na verdade mais parece é estar defendendo a moral indefensável de que os serviçais são mesmo é seres inferiores, animais desprezíveis. Única coisa positiva digna de nota: a beleza de Madeleine Robinson, a atriz que faz Irene, a governanta.
Tem duas longas tomadas feitas como se fosse de trás da lareira. O que faz lembrar a velha lição do Ivor Montagu, que trabalhou com Eisenstein e Hitchcock: jamais leve a sério um filme em que há uma tomada em que a câmara está detrás de uma lareira.
Mas vamos a uma outra opinião. Diz o Dicionário de Filmes do Georges Sadoul:
“Em 1888, moça de boa famílias (Odette Joyeux) arranja amante de outra condição social e entra em conflito com sua família (Margueritte Moreno, Jean Debucourt). Através da adaptação de um romance, violenta sátira à burguesia, apesar de um final convencional, imposto pelos produtores. Primeiro filme falado importante de Autant-Lara.”
Dulce, Paixão de uma Noite /Douce
De Claude Autant-Lara, França, 1943.
Com Odette Joyeux, Marguerite Moreno, Jean Debucourt, Madeleine Robinson, Roger Pigaut
Roteiro de Jean Aurenche e Pierre Bost
Baseado na novela de Michel Daver
105 min, P&B.