Do Lodo Brotou uma Flor / Ride the Pink Horse


Nota: ½☆☆☆

Anotação em 2001, com complemento em 2008: Bola preta. Este foi um dos piores de todos os filmes do festival de noirs que o Telecine 5, o canal de filmes clássicos, apresentou. Coisa completamente incompreensível, uma seqüência totalmente sem sentido de acontecimentos soltos, disparatados, ilógicos.

O diretor e ator principal se achava, seguramente, o maior gênio do pedaço. Faz um plano seqüência longo, no início, querendo mostrar que é o tal.

A história não fica de pé um minuto. A visão cheia de desprezo, e mais que desprezo, nojo, mesmo, de índios e mexicanos é coisa que deveria dar cadeia.

Esse Robert Montgomery, o diretor, faz o papel de um ex-soldado que pretende extorquir dinheiro de um gângster no Novo México, onde está havendo uma festa mexicana.

O filme, no entanto, tem seus fãs. O professor de cinema da PUC do Rio A.C. Gomes de Mattos, em seu livro O Outro Lado da Noite: Filme Noir, diz:

“Montgomery mantém a história sempre intrigante – também graças à sua própria interpretação taciturna e introspectiva – e extrai alguns bons efeitos fotográficos expressionistas como, por exemplo, na cena em que o carrossel em movimento, com as crianças montadas nos cavalos de madeira, deixa sua sombra no muro, diante do qual Pancho é espancado por dois bandidos.”

Do Lodo Brotou uma Flor/Ride The Pink Horse

De Robert Montgomery, EUA, 1947.

Com Robert Montgomery, Wanda Hendrix, Thomas Gomez, Andrea King, Fred Clark

Roteiro Ben Hecht e Charles Lederer

Baseado em livro de Dorothy B. Hughes

Produção Universal Internacional

P&B, 101 min.

2 Comentários para “Do Lodo Brotou uma Flor / Ride the Pink Horse”

  1. Eu comprei esse filme e o achei bom. Não apresenta nada muito diferente de um clássico noir, por isso é aconselhável para os fãs do gênero. Dou destaque para a atuação de Montgomery que, convenhamos, não foi nada mal, e também para Wanda Hendrix, uma atriz americana excelente que consegue convencer os espectadores muito bem com seu jeito ingênuo e sincero (eu pensei que ela fosse mesmo de San Pablo). E também não vi nenhum preconceito contra índios nem mexicanos, até porque não aparecem nem índios nem mexicanos em cena alguma do filme.

  2. Engraçado, eu já discordo do que o Lucas disse. Primeiro porque fiquei mto empolgado com este filme, segundo pq ele inverte algumas convenções do Noir.
    São raros os noir que saem de uma cidade grande. Ou estamos em NY, Los Angeles ou algum gde centro urbano. Me vem à memória o ótimo Fuga do passado do Turneur q foi lá naquele lugar das montanhas e tbm a Maleta Fatídica outro filme de Turneur em q parte eh filmada num local ermo, com neve nas canelas. Aqui, estamos na fronteira do México, num local e em um momento mágico: La Fiesta de San Pablo.
    Mas o q é mais interessante neste filme eh q o gênero noir é devedor da estética expressionista. Mas na temática das histórias eles se diferenciam. O conteúdo do noir é realista, mostra a história dos fracassados q foi deixada de lado pelo cinema. O subtexto do noir é q pagamos um preço por nossas escolhas e são elas q nos definem. A relação de causa e consequência é mto nítida no noir, o q esses filmes vão explorar é a dúvida na hora escolha pelos personagens. Já o Expressionismo, não raro, buscava suas histórias em mitos, as consequências são mtas vezes inexplicáveis, há um lado transcendental da narrativa. Do lodo brotou uma flor mescla esse dois temas. Há toda a história de um dinheiro q a gente naum sabe mto bem de onde veio, quem quer o q etc. Mas há todo um lado místico. O personagem vai adentrar a um lugar q lhe é diferente, onde o dinheiro, a esperteza e a desconfiança valem menos q um amuleto, uma amizade ou uns trocados gastos no pagamento de uma cachaça. Neste filme parece q as regras do noir não vigoram, ao menos com toda sua força, em San Pablo.
    Em suma, adorei esse filme. É complexo, cenas lindíssimas, atuação impecável de Wanda Hendrix e de certo modo trás uma subversão das convenções do noir.

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