O Caso Asunta / El Caso Asunta

3.5 out of 5.0 stars

(Disponível na Netflix em 5/2024.)

A rigor, a rigor, estaria certo quem dissesse que O Caso Asunta – caprichada produção espanhola de 2024, de seis episódios – é mais um de tantos e tantos filmes e/ou séries sobre desaparecimento e/ou assassinato de crianças baseados em fatos reais.

Sim: O Caso Asunta é a reconstituição do que se sabe sobre a história de uma garotinha de 12 anos de idade encontrada morta na região de Santiago, na Galiza, noroeste da Espanha, em 2013 – e de fato é bem ampla a lista de obras sobre casos parecidos, no México, na França, na Itália, na Austrália. Mais adiante falo de algumas delas – belas obras, todas.

Ao mesmo tempo, no entanto, é no mínimo um imenso simplismo, para não dizer irresponsabilidade, qualificar este El Caso Asunta como “mais um” – algo que denota necessariamente um tom negativo, um jeito de enfado. Afe, mais um… Porque, obviamente, cada um desses casos tem suas peculiaridades, assim como cada obra sobre eles tem seu estilo, seu jeito, seu clima.

E aí é que está. Falar sobre o estilo, o jeito, o clima, o tom desta ótima série El Caso Asunta seria, na verdade, um grande spoiler para quem ainda não a viu.

Não seria spoiler dizer que, desde sempre, houve suspeitas de que a garota Asunta tivesse sido assassinada pelos pais. Pais adotivos – Asunta era uma garota chinesa, e o casal de galegos Alfonson Basterra e Rosario Porto a adotou antes que ela completasse um ano de idade. Não, dizer isso não é spoiler – essa informação é apresentada logo de cara no primeiro dos seis episódios da série.

Mas seria spoiler, seguramente, dizer como, de que maneira a série aborda o caso que atraiu todas as atenções da imprensa e da opinião pública espanhola – algo semelhante ao que, no Brasil, foram os casos dos assassinatos na Rua Cuba, em 1988, ou dos pais de Suzanne von Richthoven, em 2002, ou da garota Isabella Nardoni, em 2008, ou do garoto Henry Borel, em 2021.

Tenho ficado cada vez mais preocupado com a coisa do spoiler, do perigo de estragar o prazer revelando fatos da trama que não deveriam, não poderiam ser revelados.

Assim, aqui vai o aviso, o alerta, a advertência: se o eventual leitor ainda não viu a série, se chegou até aqui numa busca no Google para ter algumas informações, então deve parar de ler por aqui. Porque logo em seguida vou falar sobre o estilo, o jeito, o clima desta série – e isso é spoiler bravo, feio. (Na foto, a garotinha Asunta Basterra.)

A série mostra que nem sempre a verdade vem à tona

Há muitos filmes e/ou séries sobre crimes cometidos na vida real em que os realizadores acreditam em uma versão dos fatos; têm a certeza de que aquela versão dos fatos é a única correta – e a apresentam como se fosse a mais pura verdade. É assim, creio, a grande maioria dos filmes e/ou séries sobre casos reais.

El Caso Asunta não é assim.

A série é uma maravilhosa, esplêndida demonstração de três verdades básicas, fundamentais.

A primeira delas: nem sempre as investigações policiais – mesmo as melhores, mais sérias – descobrem o que verdadeiramente aconteceu. Nem sempre as versões apresentadas pela polícia, apontadas em julgamento e amplamente divulgadas pela imprensa correspondem à verdade dos fatos. Há muitos casos em que nunca ninguém fica sabendo exatamente o que aconteceu – e a verdade morre com os assassinos.

A segunda delas: muitas vezes, a imprensa, essa instituição tão absolutamente fundamental ás democracias, extrapola, exagera, sai dos trilhos do bom jornalismo, e condena um ou mais suspeitos de um crime, mesmo antes que haja provas concretas, substanciais, de sua culpa.

A terceira verdade: o tribunal do júri, o julgamento de acusados por seus pares, é uma instituição que não pode ser considerada isenta, correta, boa.

É preciso admitir: o tribunal do júri – e é o que a série demonstra, tintim por tintim – é uma invenção que não deu certo.

Pode ter sido uma criação de mentes de boa vontade. Pode não haver outra melhor – mas júri popular não funciona. Muitas, muitíssimas vezes o júri erra. Muitos, muitíssimos julgamentos são como encenações, como peças de teatro – vence o lado que apresenta melhor performance.

É o que Bob Dylan resumiu em “Hurricane”, uma de suas canções em que se insurge contra a instituição júri popular: “Como a vida de um homem como esse pode ficar nas mãos de alguns tolos?”

É o que os criadores da série O Caso Asunta demonstram – com uma clareza, uma limpidez absurdas.

Adotar, diz a mãe, é “um compromisso para toda a vida”

Para não deixar dúvida alguma, cada um dos seis episódios de cerca de 50 minutos abre com o letreiro “Basado em hechos reales”. Em seguida há – como se costuma fazer sempre, ao longo de todas as últimas décadas – uma espécie de intróito, uma sequência com fatos importantes, enquanto vão rolando os créditos iniciais, que se encerram com o título da série. Letreiros com a data aparecem no início das sequências ao longo de todos os episódios.

Na abertura do primeiro episódio, na primeira tomada da série, vemos uma garotinha de seis anos correndo e pulando – saltitando de alegria, como as garotinhas fazem sempre. Em seguida, um casal sentado a uma mesa de uma cafeteria, na rua, está dando uma entrevista – é como se estivéssemos vendo a entrevista na televisão. Rosario Porto e Alfonso Bastera, ambos aí na faixa dos 50 e poucos anos de idade, estão respondendo a perguntas sobre sua decisão de adotar uma garotinha chinesa. Atrás deles, brincando, alegrinha, está a garotinha Asunta.

Rosario é interpretada por Candela Peña, em uma atuação extraordinária; Alfonso, por Tristán Ulloa, também muito bom.  Asunta, por Iris Wu.

Rosario está dizendo para a entrevistadora que ela e o marido não vêem a adoção como uma questão de caridade. – “Se você quiser fazer um trabalho de caridade, pode se voluntariar em uma ONG e, quando quiser parar, você pára, e pronto. Mas com isso (a adoção), não. É um compromisso para toda a vida. É como se fosse paternidade ou maternidade biológica.”

Ela acrescenta que, na época em que o casal adotou a criança, “a adoção internacional era bastante popular”. Ou seja: adotar uma criança asiática não era raro, de forma alguma.

A entrevistadora pergunta se eles tinham preferência por menino ou menina. – “Não. Tanto fazia para nós. Não é, Alfonso?” E Alfonso: -“Sim. Só queríamos que o bebê tivesse entre seis meses e um ano.”

– “Tiveram algum tipo de problema?”

– “Se se refere aos requisitos de renda padrão”, responde Alfonso, “nossa família nunca teve problemas nesse quesito.”

Corta, e um letreiro em corpo grande, letras brancas sobre fundo negro, informa: “6 anos depois”. E outro: “21 de setembro de 2013”. E outro, imitando o visor de um relógio digital: “22:17:28, 22:17:29, 22:17:30”.

Tomada de uma câmara de segurança: Rosario e Alfonso caminham em uma rua.

Estão indo a uma delegacia de polícia de sua cidade para dizer que sua filha Asunta, 12 anos de idade, quase 13, desapareceu.

Um juiz de instrução obcecado em condenar os pais

A dupla designada para cuidar do caso de desaparecimento é formada por dois policiais honestos, sérios, trabalhadores, empenhados em fazer o melhor possível, os agentes Ríos e Cristina Cruces (os papéis de Carlos Blanco e Maria León, na foto abaixo). Os dois começam a acompanhar o casal Rosario e Alfonso – que nos últimos meses haviam passado a viver em casas separadas, dois apartamentos próximos um do outro. Asunta podia, assim, ir de um para o outro sozinha – já estava para fazer 13 anos, e os apartamentos de fato eram bem próximos.

Não demora nada para que alguém encontre o corpo de uma garota morta, deixado ao lado de uma estradinha vicinal em uma região rural próxima a Santiago. Próxima também de uma casa de campo que Rosario havia herdado dos pais.

Os agentes Ríos e Cristina Cruces percebem que há nos relatos feitos por Rosario sobre as últimas horas antes de ela constatar a ausência de Asunta nos dois apartamentos algumas contradições, alguns detalhes não muito claros. Mais: junto ao corpo da garota morta e deixada à beira da estrada havia um tipo de barbante idêntico ao encontrado na casa de campo usada pela família.

Rapidamente se une à dupla de agentes da polícia um juiz de instrução, Luís Malvar (papel de Javier Gutiérrez).

Os realizadores de O Caso Asunta mostram os policiais Ríos e Cristina Cruces como bons, dedicados profissionais – e o juiz Malvar como um sujeito obcecado, autoritário, turrão. A rigor, um grande mau caráter, um filho da mãe, um postema. Desde o início ele tem a idéia fixa de que o pai e a mãe da garota são os culpados – e pronto.

Ao longo dos episódios, várias vezes Ríos e Cristina demonstram claramente que não havia provas concretas para sustentar aquela certeza absoluta do juiz. Até mesmo o promotor que acompanhará o caso, Pedro Belategui (o papel de Ricardo de Barreiro), em diversas ocasiões demonstra que o juiz está exagerando na sua obsessão por culpar os pais – mesmo quando os indícios contra eles não são muito claros, fortes, são apenas circunstancias.

Não há uma única prova cabal, incontestável

De uma forma muito, muito interessante, os realizadores da série mostram bastante da vida pessoal do juiz Malvar e da dupla de policiais.

Não seria, a rigor, necessário. Mas O Caso Asunta faz absoluta questão de não ficar apenas na investigação policial em si, e então nos dá retratos vívidos daquelas três pessoas que foram fundamentais no caso.

Vemos que o juiz Malvar é solteirão – não tem filhos, não vemos nenhuma namorada ou namorado. Ele mora num belíssimo apartamento, em que cuida do pai, um senhorzinho bem idoso, já com sinais de senilidade. Impiedoso, um trator insensível no trato com o caso Asunta, se mostra uma pessoa digna na forma com que cuida do pai.

Do agente Ríos, homem aí de mais de 50 anos, vemos que se dá muito bem com a mulher, e que os dois é que cuidam de uma netinha aí de uns cinco, seis anos de idade.

Cristina Cruces, bela mulher, não é da Galiza – é de Sevilha, e às vezes as pessoas se referem a ela como sevilhana, ou do Sul. Está casada com um homem ali do local, um galego, e estão fazendo tratamento para que ela engravide.

Quanto aos pais de Asunta, os personagens centrais da história, os suspeitos de terem assassinado a própria filha…

A série não os trata como assassinos, como pessoas cruéis, violentas, de má índole, mau caráter.

Não que sejam apresentados como santos. Não, isso não, de forma alguma – até porque é uma bela série, escrita por gente de óbvia sensibilidade e talento.

Alfonso e Rosario são mostrados como pessoas como quaisquer outras pessoas. Seres humanos, com defeitos, problemas, é claro.

Rosario tinha sérios problemas psiquiátricos. Não gravei se é falado o nome de alguma doença especificamente, tipo esquizofrenia; fala-se de depressão, e remédio antidepressivo é citado várias vezes, mas, pelo que a série mostra, havia alguma outra doença além da depressão.

Alfonso era um homem na maior parte do tempo tenso, fechado – e, talvez exatamente por isso, capaz de explosões emocionais. A série mostra isso em diversas ocasiões.

Rosario confessa candidamente a Cristina que tem um amante – e, em flashbacks, vemos que, seis meses antes do desaparecimento e morte de Asunta, Alfonso havia descoberto a infidelidade, e virado uma fera.

Há referências ao fato de que Alfonso tinha segredos – mas não se revelam quais seriam.

O ponto é exatamente este: a série não mostra Rosario e Alfonso como os assassinos da garotinha Asunta.

Também não garante que eles são inocentes.

O que a série demonstra, detalhadamente, cristalinamente, é que a) o juiz de instrução do caso forçou a barra, desde o início, para culpar os pais pela morte da garota; b) a história causou comoção em toda a Espanha, a imprensa falou do assunto sem parar, ao longo dos dois anos em que o casal esteve preso, aguardando o julgamento, e também depois dele; c) apesar do empenho da dupla de policiais, e da obsessão do juiz de instrução, não foi encontrada nenhuma prova cabal, incontestável, de que Rosario e/ou Alfonso foram os assassinos. E os dois sempre, sempre juraram inocência. (Em primeiro plano na foto abaixo, Javier Gutiérrez, que faz o juiz Malvar).

Casos de desaparecimento de crianças em vários países

Gostaria de registrar alguns dos filmes e/ou séries sobre casos de desaparecimentos de crianças como os dessa garotinha Asunta – casos que, como este aqui, mobilizaram a opinião pública de seus países.

Laëtitia, série francesa de 2020 de Jean-Xavier de Lestrade, reconstitui os fatos reais em torno do desaparecimento de uma jovem de 18 anos, Laëtitia Perrais, na região de Loire Atlantique, Oeste da França, na noite de 18 para 19 de janeiro de 2011. É uma obra-prima, uma coisa acachapante.

Yara, filme italiano de 2021 dirigido por Marco Tullio Giordana, conta o desaparecimento, em 2010, de Yara Gambirasio, uma garota de 13 anos de idade, as buscas por ela e, depois, a investigação para chegar ao responsável pelo seu sequestro e assassinato. É um belo filme.

A Busca/Historia de un Crimen: La Búsqueda, minissérie mexicana de 2020, reconstitui uma tragédia familiar real que chocou o comoveu o país: uma garotinha de 4 anos de idade desapareceu de sua casa, num condomínio de ricos na cidade de Huixquilucan, na região metropolitana da capital federal. É uma série bem realizada em todos os quesitos – e o caso, a história, é fascinante – e chocante.

A Vítima Perfeita/In Her Skin, produção australiana de 2009 dirigida por Simone North, também relata a história real do desaparecimento de Rachel, uma moça de 15 anos, de hábitos regulares, tranquila, sem problema algum na escola ou na família, amadíssima pelos pais, com namorado firme. Rachel desapareceu misteriosamente em Melbourne em  no dia 1º de março de 1999.

O caso da garotinha paulistana Isabella Nardoni foi contado em uim documentário de 2023, Isabella: O Caso Nardoni, dirigido por Micael Langer e Cláudio Manoel. Não vi ainda este filme.

Antes, os realizadores fizeram uma série documental

Em 2017, foi lançada na Espanha uma série documental de quatro episódios, Lo que la Verdad Esconde: El Caso Asunta, uma realização da Bambú Producciones, a mesma que depois produziria esta série aqui.

Ramón Campos – um jovem natural da Galiza, a região em que aconteceu o caso – foi um dos roteiristas e o produtor executivo da série documental. Segundo ele, depois do lançamento, as pessoas envolvidas na produção passaram a receber novos testemunhos de pessoas que de alguma maneira tinham informações relacionadas aos pais de Asunta e às investigações de seu assassinato. A partir desses testemunhos, surgiu a idéia de realizar uma nova série, desta vez em forma de ficção.

Em entrevistas, Ramón Campos declarou que o interesse dos realizadores da série não era “o crime pelo crime”, e sim poder falar e refletir sobre a sociedade, sobre a paternidade/maternidade, sobre o perigo das relações entre a imprensa e a Justiça. O ator que vive Alfonso, Tristán Ulloa, lembrou em entrevistas que o pai de Asunta entrou no salão em que se realizou o julgamento considerado por todos como um pedófilo e, mesmo que não houvesse prova, em toda a Espanha ele e Rosario eram considerados os assassinos.

Ramón Campos aparece nos créditos da série como um dos criadores e autores do roteiro, ao lado de Jon de la Cuesta, Gema R. Neira e David Orea.

Fizeram uma beleza de trabalho. De fato, exatamente como os realizadores pretendiam, esta não é uma série que trata apenas do caso policial. O Caso Asunta de fato discute sobre a sociedade. Como eu havia escrito acima, a série fala bastante das relações pais e filhos – a do juiz de instrução com seu pai senil, a do agente Ríos e sua mulher com a neta, que eles cuidam como se fosse sua filha, a luta da agente Cristina para ter um filho. E há diversas, diversas sequências que mostram o enxame de repórteres perseguindo os pais de Asunta – e, mais que isso, que expõem o uso que o juiz de instrução faz da imprensa, passando informações de seu interesse – mesmo as não checadas, comprovadas – para os jornalistas.

Há um momento extraordinário no sexto episódio. Vemos os jurados reunidos na sala fechada, para deliberar sobre o veredito. Um deles lembra de uma conversa entre Rosario e Alfonso na prisão, cada um em uma cela; Alfonso diz que seguramente eles estão sendo gravados – e portanto eles deveriam ter cuidado com o que falavam.

Um outro jurado, um açougueiro, apresentado como um sujeito sério, honesto, questiona: mas isso não foi falado no julgamento, e nós só podemos deliberar sobre o que foi dito no julgamento. O primeiro responde que todo mundo na Espanha sabe tudo o que a imprensa publicou.

Bingo. Com um diálogo, O Caso Asunta demonstra que a instituição júri popular é falha, não serve, não presta.

Beleza de série.

Anotação em maio de 2024

O Caso Asunta/El Caso Asunta

De Ramón Campos, Jon de la Cuesta, Gema R. Neira, David Orea, criadores, Espanha, 2024

Direção Carlos Sedes (4 episódios), Jacobo Martínez (2 episódios)

Com Candela Peña (Rosario Porto, a mãe de Asunta),

Tristán Ulloa (Alfonso Basterra, o pai de Asunta),

Javier Gutiérrez (juiz Malvar), María León (agente Cristina Cruces), Carlos Blanco (agente Ríos), Iris Wu (Asunta Basterra), Francesc Orella (Juan José Domínguez, Juanjo, o advogado de Rosario), Alicia Borrachero (Elena Garrido, o advogado de Alfonso), Ricardo de Barreiro (promotor Pedro Belategui), Tito Asorey (agente Turrientes), Nacho Castaño (secretário judicial), Rubén Prieto (agente Molina), Francesc Orella (José Luis Aranguren), Paloma Otero (Nicole), Celso Bugallo (Eloy), Fran Lareu (Antonio), Gala Dalia (Sara), Miguel Borines (Xosé Miranda), Raúl Arévalo (Juan Guillán), Alicia Borrachero (Belén Hospido), Machi Salgado (Vicente, o amante de Rosario), Judith Fernández (Alba), Iolanda Muíños (Uxía Calviño)

Roteiro Ramón Campos, Jon de la Cuesta, Gema R. Neira, David Orea (criadores), Javier Chacártegui

Fotografia Daniel Sosa Segura, Diego Cabezaseries

Música Adrian Foulkes, Federico Jusid

Casting Conchi Iglesias

Produção Sara Gonzalo, Bambú Producciones, Nettflix.

Cor, cerca de 300 min (5h)

***1/2

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