De Volta para o Futuro Parte II / Back to the Future Part II

3.0 out of 5.0 stars

De Volta para o Futuro, o primeiro, na minha cabeça tem muito a ver com o maravilhoso Peggy Sue, Seu Passado a Espera (1986), de Francis Ford Coppola. A Parte II tem tudo a ver com A Felicidade Não Se Compra, o extraordinário clássico de Frank Capra que virou, ao longo destes últimos 70 anos, um dos mais natalinos filmes da História.

Essas ligações com os filmes dos dois grandes realizadores são, no entanto, algo subjetivo, pessoal. Então acho que vou deixar para falar delas mais adiante, e começar este texto com informações objetivas – objetivas, mas gostosas, interessantes, como tudo o que diz respeito a De Volta para o Futuro Partes I, II e III.

De Volta para o Futuro Parte II, de 1989, começa exatamente onde e como o primeiro, de 1985, termina. A mesma sequência que encerra o primeiro filme é repetida no início do segundo. Como se fosse uma minissérie. Como se um dos filmes tivesse sido realizado logo após o outro, e não quatro anos depois.

Por isso, é interessante saber que os autores da trama original e do roteiro do primeiro, os amigos Bob Gale e Robert Zemeckis, este último o diretor dos dois filmes e também do terceiro, não tinham em mente fazer uma sequência. Até porque levaram anos para conseguirem a luz verde de um estúdio para realizar o primeiro – consta que 40 produtores disseram não ao roteiro dos dois Bobs.

É o que garantem os dois, é o que eles vêm dizendo desde sempre.

Segundo contam, a idéia, a iniciativa de fazer uma sequência, e depois uma terceira parte, não foi deles – foi dos produtores, felizes da vida com o tremendo sucesso do primeiro filme. De Volta para o Futuro custou US$ 19 milhões, pouco, em termos de Hollywood, e rendeu fantásticos US$ 210 milhões. Foi o filme de maior bilheteria no ano de lançamento, 1985.

E era a década das trilogias, das sequências dos grandes filmes de aventura & fantasia & ação & bom humor para jovens de todas as idades. Star Wars episódios IV, V e VI. Indiana Jones partes 1, 2 e 3, embora cada um deles tivesse seu próprio nome, sem a coisa de “episódio” ou “parte”.

Para comprovar o que ele e Zemeckis relatam, Bob Gale apresenta um argumenta bom, sólido, num making of da Parte II: se eles estivessem pensando numa continuação, não teriam colocado Jennifer dentro da máquina do tempo ao final do primeiro filme. Levar Jennifer, a namorada de Marty, para o futuro na Parte II é uma complicação que eles tiveram que resolver, quando bolaram a história da sequência.

De fato, é um bom argumento.

Antes mesmo de chegar ao futuro, 30 anos após a época em que se passa a base das histórias, 1985 – o ano de produção e lançamento do primeiro filme –, ainda dentro da máquina do tempo, Doc, o cientista doidão (Christopher Lloyd), usa uma técnica futurologista para fazer Jennifer adormecer profundamente. E, quando descem na cidadezinha de Hill Valley no ano de 2015, Doc e seu amigo, o adolescente Marty McFly (Michael J. Fox), escondem a bela adormecida Jennifer em um beco atrás de uns sacos de lixo, e partem para fazer o que têm que fazer.

Assim, com uns 8 minutos de filme, Jennifer já some da história, para reaparecer só bem mais adiante. A presença dela nas ações iniciais da Parte II só iria complicar as coisas. Não cabia Jennifer naquele início da sequência do primeiro filme.

Para topar fazer uma sequência do primeiro De Volta para o Futuro, Bob Gale e Robert Zemeckis fizeram algumas exigências, segundo o depoimento de Gale – que, além de co-autor da história da Parte II, assina sozinho o roteiro e é também um dos dois produtores. Queriam saber se os dois atores principais, Michael J. Fox e Christopher Lloyd, topavam – eles topavam. Queriam saber se os principais nomes da equipe do primeiro topavam – eles topavam.

Houve problema com apenas uma pessoa, conta Bob Gale no making of da Parte II: Crispin Glover, o ator que havia interpretado George McFly, o pai de Marty – como adolescente em 1955, e um homem de meia idade débil, sem graça ou brilho, em 1985. O agente do ator fez, em nome dele, diversas exigências, que os realizadores não toparam atender. Burrice do agente, burrice desse Crispin Glover, porque os dois Bobs simplesmente reduziram ao mínimo a presença de George McFly na Parte II e botaram outro ator no lugar para as poucas cenas em que o personagem aparece. Crispin Glover não fez falta alguma à segunda e à terceira partes da saga De Volta para o Futuro – os filmes é que seguramente devem ter feito falta à carreira dele.

Elisabeth Shue substituiu Claudia Wells como Jennifer

Mas Crispin Glover não foi o único ator do primeiro filme que foi substituído nas Partes II e III. Claudia Wells, a moça que faz Jennifer Parker – exatamente Jennifer Parker, a namorada de Marty McFly – no primeiro, não está nas duas sequências. Foi substituída por Elisabeth Shue, na foto acima – e, diacho, os responsáveis pelo casting têm que ser aplaudidos de pé, porque foi uma maravilha de substituição. Depois de interpretar Jennifer nas Partes II e II, Elisabeth Shue teve a sorte de conquistar diversos grandes papéis em bons filmes. É uma mulher lindérrima, com um incrível carisma e uma sensualidade impressionante.

O estranho é que não se fala em hora alguma, em nenhum dos especiais, nos making offs que acompanham os três filmes nos caprichados DVDs lançados pela Universal, por que raios Claudia Wells saiu da história e deu lugar a Elisabeth Shue.

Segundo o IMDb, a jovem atriz não pôde participar da Parte II por um motivo trágico: na época da pré-produção, da reunião dos atores, da preparação para as filmagens, a mãe dela foi diagnosticada com câncer. Claudia interrompeu sua carreira para cuidar da mãe – só voltaria ao cinema em 2008, no filme Still Water Burns.

E, 25 anos depois do lançamento do primeiro filme da série, foi Claudia Wells, e não Elisabeth Shue, que interpretou Jennifer Parker nos videogames Back to the Future: The Game – Episode 3, Citizen Brown (2011) e Back to the Future: The Game – Episode 4, Double Visions (2011). Nos videogames há as vozes de Christopher Lloyd, Michael J. Fox e Claudia Wells – são os três únicos atores da trilogia que emprestaram suas vozes aos jogos.

Ao rever em maratona os três filmes agora, só percebi que a atriz que faz Jennifer havia mudado quando surgiram os créditos finais da Parte II e está lá o nome de Elisabeth Shue. Um absurdo, uma falta de percepção minha absurda – e eu deveria até ter vergonha de confessá-la aqui. Mas confesso: embora tenha visto vários filmes com Elisabeth Shue, e tenha admiração por ela, não percebi.

Como desculpa, tenho apenas o fato de que Jennifer não aparece muito, em nenhum dos filmes, e nunca em close-up – e também o bom trabalho das equipes de figurinos e maquiagem, que deixaram as duas atrizes ficaram bem parecidas, se vistas meio de longe.

“Marty, você precisa vir comigo para o futuro”

Bem, mas ao saber que houve a substituição da atriz, me surgiu a dúvida: como será que os realizadores fizeram com a primeira sequência da Parte II, que é exatamente igual à sequência final do primeiro filme? Mantiveram as tomadas originais, ainda com Claudia Wells?

Curioso, revi o iníciozinho da Parte II, e, diacho, parecia tudo idêntico ao final do primeiro filme – mas, embora não haja close-up do rosto de Jennifer, dá para ver que é Elisabeth Shue. Vendo de novo, já sabendo do que houve, aí dá claramente para ver que é Elisabeth Shue nas primeiras tomadas da Parte II.

Como é que é isso?

De novo, foi o IMDb que tirou a dúvida, que deu a explicação: os realizadores refizeram as tomadas finais do primeiro filme. Fizeram tudo igual, as mesmas tomadas, os três personagens – Doc, Marty e Jennifer – nas exatas mesmas posições, as exatas mesmas falas. Mas com Elisabeth Shue no lugar de Claudia Wells. Vestida exatamente como a Jennifer de Claudia Wells, é claro, com o exato mesmo corte de cabelo.

É assim:

Marty tinha chegado havia pouquíssimo tempo à sua vida normal na Hill Valley de 1985, após uma semana na Hill Valley de 1955. E Jennifer aparece diante da casa dele. Marty a olha saudoso, feliz em reencontrar a namorada. Ela diz algo do tipo: – “Pô, Marty, o que foi? Parece que você não me vê faz uma semana…” Eles haviam se visto no dia anterior – só que para Marty havia transcorrido uma semana, e uma semana na época em que seus pais eram adolescentes, uma semana cheia de fortes emoções.

Os dois namorados estavam então acabando de se rever quando, numa barulheira infernal, surge o DeLorean, a máquina do tempo, e dela desce um Doc com uma roupa esquisitíssima, futurística. Acabava de chegar de daí a 30 anos, de 2015, e vai logo dizendo “Marty, Marty, você precisa vir comigo para o futuro”. Marty pergunta o que há, o que aconteceu, se houve algum problema entre ele e Jennifer, e Doc diz que, não, com eles está tudo bem, mas eles precisam voltar logo porque o filho deles, de Marty e Jennifer, estava em perigo e precisava de ajuda.

E então entram os três no DeLorean, e embarcam para Hill Valley, versão 2015. No caminho, Doc acha melhor botar Jennifer para dormir.

Depois que deixam a adormecida Jennifer escondida num beco, vão à luta. Doc explica rapidamente a situação: no dia seguinte, Marty Jr., o filho de Marty, seria preso por participar de um assalto. Então Marty teria que dar um jeito de impedir que Marty Jr. aceitasse o convite de um delinquente para participar do assalto planejado.

O delinquente, Griff, é uma versão futurista do mesmo velho Biff de 1955 – e é interpretado pelo mesmo ator, Thomas F. Wilson.

Ótimas piadas sobre a vida no futuro então distante

Há algumas ótimas piadas sobre a vida na cidadezinha de Hill Valley, Califórnia, em 2015, assim como no primeiro filme tinha havido ótimas piadas sobre a vida naquele mesmo lugar em 1955. O delicioso, claro, é que fazer um filme de época, um filme em que a ação acontece no passado, é fácil, é barbada, para diretores, atores, figurinistas, desenhistas de produção, diretores de arte: é só reconstituir a época. Há material de arquivo de sobra para inspirar todo mundo.

Criar, em 1989, as feições de uma cidade, das roupas, das pessoas no distante futuro, 2015, é um desafio muito maior.

Robert Zemeckis diz, num dos making offs nos DVDs, que não gosta de fazer filmes que se passam no futuro, porque o futuro que os filmes imaginam sempre acaba se revelando muito diferente daquilo que virá de fato a ser. E diz que nem mesmo Stanley Kubrick conseguiu – o que é a maior verdade dos fatos. Já se escreveram vários textos mostrando coisas que haveria em 2001, conforme Kubrick imaginou em 1968, e que não se confirmaram. A começar, por exemplo, pela Pan Am, a empresa que opera a nave espacial do início do filme, e que em 2001 já não existia mais.

Assim, no ano de 2015 imaginado em 1989 e mostrado em De Volta para o Futuro Parte II, há modernos aparelhos de fax – essa modernidade que morreu de velha tão rapidamente. Os carros voam. A TV não tem nada com a TV destes nossos tempos atuais. Há garçons virtuais, feitos por hologramas, na lanchonete da praça central. Os tênis Nike se ajustam automaticamente aos pés e, em especial, aos calcanhares, assim que o usuário os calça. As jaquetas têm o dom de se secarem automaticamente, caso o usuário caia numa piscina ou no tanque de água da praça central da cidade – como acontece com Marty.

E os skates, naquele futuro distante imaginado em 1989, flutuavam no ar. Chamavam-se hoverboards.

A melhor piada, na minha opinião: no cinema da praça central está passando Tubarão 19. Um tuburão em holograma salta da parede frontal do cinema e avança sobre Marty – que, ao se refazer do grande susto, murmura: – “Continua com jeito de coisa falsa”. Uma delícia de brincadeira com o primeiro espetacular sucesso de bilheteria do ilustre produtor executivo Steven Spielberg.

Outra boa piada: o prefeito de Hill Valley é o neto do sujeito que era o prefeito em 1985 – o rapaz negro que, em 1955, dizia que iria ser alguém.

Não é só em distantes países do Terceiro Mundo que se fala de falta de renovação na política.

A inflação também é motivo de seguidas piadas. Uma Pepsi, no distante 2015, custava cerca de US$ 50. Uma corrida de táxi não especialmente longa, US$ 174.

Uma realidade alternativa em que tudo é sujo, podre

Mas o que mais marca De Volta para o Futuro II não são as piadas: é algo bastante amargo, bastante assustador.

Quando Doc, Marty e Jennifer (ela de novo dormindo) retornam para a sua Hill Valley de 1985, depois de resolvido o problema de Marty Jr., encontram uma realidade totalmente diferente daquela que haviam deixado. É uma outra cidade, um outro mundo: é tudo lúgubre, sombrio, desesperado, desesperante. A criminalidade é infernal, há tiroteios nas ruas. Há uma jogatina desenfreada. Tudo é corrupto, sujo, nojento, fétido. Quem manda na cidade, é dono da cidade, do prefeito, da polícia, é Biff, o sujeito que em 1955 era a maldade em si e fazia gato e sapato de George McFly, o pai de Marty. Biff (sempre interpretado por Thomas F. Wilson) é o dono dos maiores cassinos da cidade – e está casado com Lorraine (Lea Thompson, na foto abaixo), a mãe de Marty, numa versão vulgar, grosseira, com peitos aumentados por silicone. George, o primeiro marido, havia sido morto em 1973, e Biff tinha perseguido a pobre mulher até conseguir obrigá-la a se casar com ele.

Esse trecho do filme é apavorante, deprimente. Mesmo num filme que é aventura & fantasia & ação & bom humor para jovens de todas as idades – e portanto a gente sabe que aquilo é passageiro, não ficaria assim por muito tempo –, aquelas sequências na Hill Valley tomada pela violência, pela criminalidade, pelo horror da total desesperança são assustadoras. Lembro que fiquei assustado com elas quando vi o filme pela primeira vez, na época do lançamento, e fiquei assustado novamente agora.

Depois de algum tempo em que o pobre Marty e o espectador ficam absolutamente perdidos diante daquilo, tudo se explica – e, mesmo num filme que é fantasia pura, a explicação parece lógica.

Aquela realidade alternativa passou a existir porque houve uma ação humana que mudou o curso da História. E o espectador acompanha essa ação: o velho Biff de 2015, o Biff já bem velhinho de 2015, aproveita-se de um momento de distração de Doc e Marty, entra no DeLorean máquina do tempo levando um almanaque que Marty havia descoberto numa banca, e volta para o passado, para entregar ao jovem Biff o almanaque.

Era um almanaque publicado no século XXI, contendo todos os resultados das principais partidas dos grandes esportes entre 1950 e 2000. Bastava Biff consultar o almanaque e apostar no resultado indicado no almanaque – acertaria sempre, e ficaria milionário.

O Biff velhinho entregou o almanaque, deu algumas instruções ao jovem Biff, e voltou correndo para 2015. Doc e Marty não perceberam que a máquina do tempo havia sido usada enquanto eles estavam ocupados.

Lá atrás, no passado, o babaca Biff começou a fazer as apostas – e aí abriu-se uma realidade alternativa, em que tudo passou a girar em torno de jogos, de fortunas fáceis, de corrupção. Com os jogos, as fortunas fáceis, Biff ficando milionário, cassinos e mais cassinos, criou-se um mundo podre, completamente podre.

Para impedir que a História deixasse de seguir seu curso normal e se enveredasse por esse curso alternativo, seria necessário Doc e Marty viajarem de volta ao passado, roubar de Biff o tal almanaque e destruí-lo.

Razão pela qual o Marty e o Doc de 1985, que já haviam conhecido a vida em 2015, têm que voltar novamente para aquele sábado de novembro de 1955 do primeiro filme – aquele lá do baile na escola em que o tímido George McFly deveria ter a coragem de dar um beijo em Lorraine, de tal maneira que começassem a namorar para, daí a alguns anos, terem os três filhos, Marty inclusive e especialmente.

E essa volta ao passado mais uma vez é deliciosa, maravilhosa.

Uma realidade alternativa – como no clássico de Capra

A realidade alternativa, o mundo tomado pela violência, pela criminalidade, pela sujeira moral e física, no entanto, para mim é o mais impressionante.

E aí é que está. Os criadores da história, o diretor Robert Zemeckis e o roteirista e produtor Bob Gale podem até não ter feito de propósito, conscientemente, mas eles beberam na fonte de Frank Capra.

Em A Felicidade Não Se Compra, George Bailey, um homem bom, que sempre havia ajudado os outros (uma das grandes interpretações de James Stewart), estava triste, desesperançado, desencorajado. Então Deus manda Clarence, um aprendiz de anjo, sujeito legal, mas ainda não treinado (o papel de Henry Travers), vir para a Terra para ajudar George Bailey a recuperar a esperança, a coragem.

Descrevi a coisa assim, num texto de 2000:

“Capra e os roteiristas Frances Goodrich e Albert Hackett tiveram uma idéia genial, brilhante, na narrativa de A Felicidade Não se Compra, que muito mais tarde seria usada outras vezes no cinema: a de mostrar uma realidade atual ou futura que poderia ter existido se não fosse por algo que aconteceu no passado. É uma espécie de flashforward, para diante, em vez de para trás, para um futuro alternativo, desviante, uma realidade paralela que teria sido possível se as circunstâncias tivessem sido outras no passado. Se se tivesse optado por entrar à esquerda numa bifurcação, em vez de pegar a direita – como no poema de Robert Frost, a estrada que se abre em duas, e escolher uma delas fará toda a diferença. (…)

“Robert Zemeckis usou exatamente a mesma idéia em De Volta para o Futuro 2, de 1989, mostrando como teria ficado a cidade do personagem central caso o almanaque com os resultados esportivos do futuro tivesse sido levado para o passado; teria sido o horror dos horrores, mostra o filme, brincando com a História, rendendo uma homenagem a Capra.

Capra não está brincando, no entanto, quando mostra o cenário desesperador, apavorante, que o herói-anti-herói George Bailey enfrenta à beira da loucura, depois da beira do suicídio, na sua cidadezinha transformada no inferno.”

Acho isso fascinante: De Volta para o Futuro Parte II praticamente copia uma idéia do extraordinário Capra. E outro grande realizador, Francis Ford Coppola, praticamente copia uma idéia de De Volta para o Futuro em seu Peggy Sue, Seu Passado a Espera.

No filme de Coppola, Peggy Sue, uma dona de casa, mãe de família de classe média, homônima da moça das duas canções que Buddy Holly lançou em meados dos anos 50, interpretada por Kathleen Maravilha Turner, vai a uma reunião com os antigos colegas do ginásio. Na reunião, ela desmaia – e. quando acorda, estava de volta ao passado, em meio aos colegas da high school, em plenos anos 50. E tem a chance de mudar o curso de sua vida.

Peggy Sue Got Married foi lançado em 1986. Um ano depois de Marty McFly voltar 30 anos no tempo, para 1955.

A equipe fez a Parte III logo depois de concluída a II

A Parte II foi também um bom sucesso comercial – não tanto quanto o primeiro, mas foi um sucesso. Custou US$ 40 milhões (ante US$ 19 do primeiro) e rendeu bons US$ 118 milhões (ante US$ 210 do primeiro).

Leonard Maltin não gostou do filme. Parece ter detestado a parte sombria, a da realidade alternativa, que me apavorou mas também fascinou. No seu guia, deu 2 estrelas em 4 para o filme e fez a seguinte avaliação:

“Continuação frenética, desprovida de alegria da Parte 1, que manda o inventor louco Lloyd e o jovem Fox de volta ao seu DeLorean que viaja no tempo. Uma considerável criatividade, mas praticamente nenhuma risada, e uma surpreendente quantidade de coisas desagradáveis. Fica melhor mais para o fim, quando cria uma existência paralela à ação do clímax da Parte I, mas aí vira um gancho para chamar para a Parte 3!”

Roger Ebert viu as coisas com muito mais jogo de cintura. Deu 3 estrelas em 4 e começou sua avaliação assim:

Back to the Future Part II é um exercício de bobagem, uma excursão por várias versões do passado e do futuro que é tão desconcertante que até mesmo os personagens ficam constantemente tentando explicar as coisas uns para os outros. Eu deveria ter levado uma planilha para o cinema, para fazer anotações detalhadas para manter corretas as linhas do tempo. E mesmo assim o filme é engraçado, basicamente porque é tão enrolado.”

Hum… É um jeito bem humorado de tratar a história, mas na verdade não é assim. Como eu disse no começo deste texto, acho que tudo tem lógica – dentro de uma história que é uma fantasia, claro, mas tem, sim, sua lógica.

Mas Roger Ebert é sempre interessante. Ele prossegue:

“Qualquer história que envolva viagem através do tempo inclui a possibilidade de paradoxos, o que tem dado aos escritores de ficção-científica a oportunidade de criar tramas ao longo dos anos. O que acontece com você, por exemplo, se você mata seu avô? O que você diz se você se encontra consigo próprio? Em uma famosa história de ficção-científica, um viajante do tempo a um passado distante pisa num simples inseto, e com isso extingue todas as formas de vida do futuro.

Back to the Future Part II é a história de como os heróis do primeiro filme, Marty McFly e Doc Brown, tentam manipular o tempo sem criar paradoxos, e como eles acidentamente criam um futuro inteiramente diferente – um futuro em que a amada mãe de Marty está casada com seu lamentável inimigo, Biff Tannen. McFly e Brown são interpretados de novo por Michael J. Fox e Christopher Lloyd, os astros do grande sucesso de bilheteria de 1985, e eles não apenas fizeram a Parte II como foram adiante e filmaram a Parte III ao mesmo tempo.”

É isso aí: ao longo de 11 meses, em 1989, a equipe que já havia feito o primeiro filme da trilogia trabalhou na Parte II e na Parte III – com um rápido período de três semanas de descanso entre o final das filmagens da II e o início das da III.

Ao final do filme, não aparece na tela o tradicional “The End”, e sim um “To be continued…”

Bem… Na anotação sobre a Parte III, vou tentar ser mais conciso.

Anotação em fevereiro de 2019

De Volta para o Futuro Parte II/Back to the Future Part II

De Robert Zemeckis, EUA, 1989

Com Michael J. Fox (Marty McFly / Marty McFly Jr. / Marlene McFly), Christopher Lloyd (Dr. Emmett Brown)

e Lea Thompson (Lorraine Baines), Crispin Glover (George McFly), Thomas F. Wilson (Biff Tannen / Griff), Elizabeth Shue (Jennifer Parker), James Tolkan (Strickland), Jeffrey Jay Cohen (Skinhead), Casey Siemaszko (3-D), Billy Zane (Match), Charles Fleischer (Terry), E’Casanova (garçom ‘Michael Jackson’), Jay Koch (garçom ‘Ronald Reagan’), Charles Gherardi (garçom ‘Ayatollah Khomeini’), Ricky Dean Logan ((Data), Darlene Vogel (Spike), Jason Scott Lee (Whitey)

Roteiro Bob Gale

Argumento Robert Zemeckis & Bob Gale

Fotografia Dean Cundey

Música Alan Silvestri

Montagem Harry Keramidas e Arthur Schmidt

Casting Mike Fenton, Valorie Massalas e Judy Taylor

Produção Neil Canton, Bob Gale, Universal Pictures, Amblin Entertainment. Produtores executivos Kathleen Kennedy, Frank Marshall e Steven Spielberg.

Cor, 108 min (1h48)

R, ***

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