A Última Casa da Rua é uma porcaria. Não é pouca porcaria, não: é muita.
Sabe aquela manjadíssima trama de suspense/terror da família que se muda para uma casa em que no passado aconteceu um crime bárbaro? Bem, é quase exatamente isso. Mãe e filha deixam a metrópole, no caso Chicago, se mudam para uma imensa, confortável casa junto de um parque estadual. Da cidade grande agitada para uma idílica vida tranquila. O aluguel está bem barato, porque na casa vizinha, quatro anos antes, aconteceu um crime bárbaro.
O crime é mostrado na seqüência de abertura. Vemos uma garotinha, uma adolescente de olhos muito azuis, matar a facadas primeiro a mãe e depois o pai.
A seqüência que mostra o crime é toda composta por tomadas feitas de ângulos estranhos, com efeitos de iluminação e de lentes que tornam um tanto difícil ver nitidamente o que se passa. A montagem é frenética. Tudo muito estilizado, daquele tipo de coisa que chamo de fogos de artifício, em que o diretor parece berrar para os espectadores: estão vendo como eu faço tomadas diferentes do normal, como eu sou genial?
Vem o letreiro que nos informa que se passaram quatro anos, e então vemos a mãe e a filha esperando o corretor chegar com as chaves da casa imensa que alugaram, vizinha da casa do crime monstruoso.
A filha, Elissa, é interpretada por Jennifer Lawrence, e a mãe, Sarah, por Elisabeth Shue. Duas atrizes belas, talentosas – o motivo pelo qual aluguei o filme.
Mas só a câmara nervosa que focaliza ora a mãe, ora a filha, nessa segunda seqüência do filme, já seria o suficiente para eu, veterano, experiente, perceber que aquilo era uma porcaria, apertar o botão de stop e em seguida o de eject.
Mas, apesar de veterano, experiente, sou também curioso, e então continuamos a ver a porcaria.
Vai ficando cada vez pior.
Nem mesmo Elisabeth Shue e Jennifer Lawrence se salvam
Como agora é a moda, o filme não tem créditos iniciais. Os créditos só aparecem no final, depois dos 101 minutos de cinema ruim. Não conhecia o diretor, um tal de Mark Tonderai, mas reconheci o nome do roteirista, David Loucka. Bem recentemente, havíamos visto outro filme com roteiro desse sujeito, A Casa dos Sonhos, outro suspense/terror/mistério em que aparentemente uma família feliz, extremamente feliz, se muda para um casa onde no passado ocorreu um crime bárbaro.
Os dois filmes têm outras coisas em comum. Nos dois, nada, absolutamente nada é o que parece ser. E, quanto mais a narrativa avança, mais a trama vai ficando absurda, exagerada, com a violência aumentando, aumentando, aumentando.
Se eu insistir em ver mais um filme com roteiro assinado por David Loucka, peço encarecidamente que me internem num hospício daqueles antigos, com camisa de força e eletrochoque.
Neste A Última Casa da Rua não se salvam nem as duas atrizes, a veterana Elisabeth Shue e a jovem Jennifer Lawrence. As duas são belas, têm presença forte na tela, mas estão muito mal dirigidas. A garotinha Jennifer, que já demonstrou ter talento imenso, parece que está trabalhando com o piloto automático ligado.
Deveria tomar mais cuidado na escolha de papéis. Deveria trabalhar menos. Tinha apenas 22 anos em 2012, o ano de lançamento deste filme, e agora, em meados de 2013, sua filmografia já tem 23 títulos, no curto período de 7 anos. Tem a vida inteira pela frente, já acumula 49 prêmios, inclusive o Oscar por O Lado Bom da Vida, fora outras 47 indicações. Não precisa fazer porcarias.
“Outro descartável thriller para adolescentes descerebrados”
Por excesso de zelo, fui conferir o que diz do filme o respeitável AllMovie. Não estou sozinho. A crítica assinada por Jeremy Wheeler diz que o diretor Mark Tonderai, que havia causado boa impressão com o “pequeno mas eficiente” thriller Hush entra agora no território tolo dos estúdios. Há elogio à interpretação de Jennifer Lawrence, mas o filme se perde porque alterna momentos de estereótipos com momentos obtusos. “Com reviravoltas na trama que irão assombrar qualquer um que ouse pensar sobre elas, House at the End of the Street se revela ser meramente outro descartável thriller para adolescentes descerebrados que frequentam os shopping centers para tuitar seu interminável amor por banquetes mesquinhos como esta.”
Bem. Se o AllMovie dissesse que o filme é uma pérola, eu não mudaria minha opinião, é claro. Mas é bom ver que Mary e eu não estamos sozinhos.
Anotação em julho de 2013
A Última Casa da Rua/House at the End of the Street
De Mark Tonderai, EUA-Canadá, 2012
Com Jennifer Lawrence (Elissa), Max Thieriot (Ryan), Elisabeth Shue (Sarah)
e Gil Bellows (Weaver), Eva Link (Carrie Anne), Nolan Gerard Funk (Tyler), Allie MacDonald (Jillian), Jordan Hayes (Penn State Carrie Anne)
Roteiro David Loucka
Baseado em história de Jonathan Mostow
Fotografia Miroslaw Baszak
Música Theo Green
Produção Relativity Media, FilmNation Entertainment, A Bigger Boat. DVD Paris Filmes.
Cor, 101 min
1/2
O que eu tenho para dizer sôbre este filme é que me lembro de ter comentado com a Jussara na página de ” Despedida em Las Vegas “, que tinha visto e gostado . Mas, depois deixei claro que tinha gostado porque estava num momento muito bom , que até chumbinho descia bem.
E , de fato , eu estava num momento muito feliz do meu casamento de 27 anos, depois de algum tempo de fortes turbulências. Também, minha filha voltou a fazer contato comigo e pude pela primeira vez ouvir a voz de minha neta. Minha filha mora em Aracajú-SE e estávamos há vários anos sem nos falarmos.
Sem dúvida alguma, era um momento muito mais do que bom , era um momento felicíssimo da minha vida, onde eu diria também que Michael Pitt é o maior ator de Hollyhood e outras extravagâncias dessas. Nossa Senhora . . .
Deu prá entender, com certeza.
O filme realmente é muito fraco.
Um abraço para a amiga Jussara.
Um abraço também para voce, Sergio.
E , por falar em neta , um beijo no coraçãozinho da Marina, Sergio.