Anotação em 2011: Gastaram US$ 100 milhões para fazer este O Turista, que reconta a história criada pelo roteirista e diretor francês Jérôme Salle no filme Anthony Zimmer – A Caçada, feito apenas cinco antes, em 2005. Usaram para isso o talento do diretor alemão Florian Henckel von Donnersmarck, autor do belo e sério A Vida dos Outros, sobre a polícia política da falecida Alemanha Oriental, a Stasi.
A ação se passa em Paris e Veneza, duas das cidades mais belas do mundo – e as tomadas de Veneza são deslumbrantes.
Para fazer os dois personagens centrais, juntaram, se não me engano pela primeira vez, dois dos maiores astros do cinemão comercial americano, Johnny Depp e Angelina Jolie.
O filme é uma diversãozinha razoável. Caro, bem feitíssimo em todos os quesitos técnicos – um filminho de ação que mistura thriller e romance e que a gente esquece cinco minutos depois que termina.
Mas o povo gosta. Rendeu US$ 67 milhões nos Estados Unidos, US$ 210 milhões no resto do mundo, R$ 278 milhões no total, em apenas seis meses – da estréia em dezembro de 2010 até final de maio, segundo o Box Office Mojo.
Para mim, pessoalmente, O Turista serviu para constatar que Angelina Jolie parece hoje uma caricatura feita no Photoshop.
Angelina Jolie é uma espécie assim de Jessica Rabbit, a personagem de desenho animado de Uma Cilada para Roger Rabbit/Who Framed Roger Rabbit, que Robert Zemeckis fez em 1988 – sem as curvas voluptuosas do corpo da coelhinha, porque não tem curvas, tão magrela que parece anoréxica. Sem curvas, mas com um excesso de boca – um rosto exagerado como de um personagem de desenho animado, como uma caricatura.
Uma caricatura criada no Photoshop.
Mas o povo adora. Então tá.
Perseguições, tiros, grandes aventuras, um jogo de esconde-esconde
Quando a ação começa, aquele fenômeno de mulher – seu personagem se chama Elise Clifton-Ward – está saindo de um prédio de apartamentos chiquetérrimo em Paris, e metade de todos os espiões, agentes, arapongas do mundo está de olho nela. Em Londres, inspetores da Scotland Yard estão observando todos os seus movimentos, captados pelas diversas câmaras dos agentes da Interpol que a seguem. E lá vai ela, elegantérrima (e magérrima, anoréxica), sentar-se a um chiquérrimo café parisiense, na calçada de uma bela rua parisiense. Enquanto toma seu café, um entregador de correspondência se aproxima dela e entrega uma caixa. Dentro da caixa, há uma carta assinada por Alexander Pierce. Nela, Alexander dá instruções a Elise: ela deve tomar o trem das 8h22 para Veneza e, dentro do trem, procurar por alguém da estatura dele, Alexander, e ficar junto dessa pessoa. Ah, sim, e após ler a carta, Elise deve pôr fogo nela.
Elisa queima a carta em cima de um prato e se levanta para ir embora do café. Uns duzentos arapongas vão atrás dela, um outro pega a carta queimada, a qual será submetida a um exame cuidadosíssimo, com os maiores requintes da moderna tecnologia.
Elisa pegará o trem para Veneza. Procurará uma pessoa da estatura de Alexander Pierce, e achará Johnny Depp, que diz a ela se chamar Frank Tupelo, professor de matemática do Wisconsin (bem, pode não ser do Wisconsin, mas é de um daqueles Estados do Meio Oeste americano). Conversam, jantam juntos. Ao chegar a Veneza, Elisa levará o turista para sua imensa, imperial suíte em um dos hotéis mais granfos e caros da cidade dos amantes.
Para tornar mais curta uma trama longa, é o seguinte: Alexander Pierce era o banqueiro particular de um bilionário inglês, Reginald Shaw (Steven Berkoff), um gângster, um dos maiores do mundo, e dele roubou uma imensa fortuna. A partir daí, passou a ser procurado pelo gângster e por seus capagas – um monte de russos mal-encarados e violentos – e também pela Scotland Yard, pela Interpol, por todas as polícias do mundo. O gângster, naturalmente, quer seu dinheiro de volta. As polícias todas do mundo querem que ele pague impostos por sua fortuna.
Elise, naturalmente, é a mulher da vida de Alexander. Não o vê há dois anos.
A partir da chegada a Veneza, haverá perseguições, tiros, grandes aventuras, um jogo de esconde-esconde, um desfilar de riqueza, um fantástico (e, a rigor, bastante ridículo) baile de gala. Tudo uma imensa bobagem – mas as paisagens de Veneza são de babar.
Angelina Jolie usa 12 vestidos diferentes!
O filme original, Anthony Zimmer – A Caçada, era estrelado por Sophie Marceau, Yvan Attal e Sami Frey. Dentro da lógica dos grandes estúdios americanos, como era falado em outra língua, e feito em outro país, então não existiu, e os americanos devem refilmar a história. Mesmo que para isso tenham que usar um diretor alemão.
Aliás, além das belas tomadas de Veneza, o filme tem algumas boas piadinhas, várias delas de europeus gozando os americanos.
E Johnny Depp é engraçadinho. Ele faz umas boas carinhas de bobo que não está entendendo nada do que acontece à sua volta.
O filme teve três indicações ao Globo de Ouro, na categoria musical ou comédia: melhor filme, melhor ator para Johnny Depp, melhor atriz para Angelina Jolie.
Vejo no IMDb uma informação importante, fundamental para os destinos da humanidade: Angelina Jolie usa 12 diferentes vestidos ao longo do filme. 12 diferentes vestidos em cima daquelas carninhas poucas. Então tá legal.
Que os deuses permitam que Florian Henckel von Donnersmarck volte a usar seu talento para fazer bons filmes.
O Turista/The Tourist
De Florian Henckel von Donnersmarck, EUA-França, 2010.
Com Johnny Depp (Frank Tupelo), Angelina Jolie (Elise Clifton-Ward), Paul Bettany (inspetor John Acheson), Timothy Dalton (inspetor chefe Jones), Steven Berkoff (Reginald Shaw), Rufus Sewell (o inglês), Christian De Sica (Lombardi)
Roteiro Florian Henckel von Donnersmarck, Christopher McQuarrie e Julian Fellowes
Baseado no filme Anthony Zimmer, de Jérôme Salle
Fotografia John Seale
Música James Newton Howard
Produção GK Films, Columbia Pictures, Spyglass Entertainment, Birnbaum/Barber, StudioCanal. Blu-ray e DVD Sony.
Cor, 103 min
**
Bom, este aqui é daqueles que não vou ver e quase nem vale a pena explicar.
Começa por ter a Angelina e eu já estou farto de a ver, e já não a vejo há uns tempos – desde “A Troca”, salvo erro.
Americanadas, como dizemos nós por cá…
E quanto a Florian Henckel von Donnersmarck espero que faça qualquer coisa como ele sabe fazer.
Estou com o José Luís e este filme eu tb vou passar. Vi o trailer, no cinema, e não senti a mínima vontade de ver.
Concordo com tudo o que vc disse sobre a Angelina Jolie. Como é que ela tá conseguindo ficar de pé? Saudável é que ela não está. Cruzes!
Segundo o IMDb o dito Florian está a preparar um filme com o título “The Lives of Others” o que me cheira a mais um remake.
Desgraças.
Meu Deus do céu e também da terra, será que ele vai refilmar “A Vida dos Outros” em versão americana????
Filminho bobo e descartável.
“E Johnny Depp é engraçadinho” e gordinho e feiosinho… nem parece o sujeito sexy de “Chocolate”, por exemplo. É a idade chegando!!!
O rosto de Johnny Depp está irreconhecível! Redondo e estático! Será que é uma maquiagem para parecer que ele realmente gastou U$ 20.000.000,00 em várias cirurgias plásticas com um cirurgião brasileiro?