Anotação em 2011: A palavra é forte, mas é a mais adequada: a comedinha romântica Casa Comigo?/Leap Year, com a gracinha da Amy Adams, é idiota. É um dos filmes mais idiotas dos últimos tempos.
Isso dito, vou tentar ser breve, embora seja difícil eu ser breve, em especial quando um filme ruim demais me enfurece.
Tudo no filme é idiota – desde a premissa, a base da trama, até cada uma das situações patéticas, ridículas, em que a mocinha vai se envolver.
A mocinha, Anna, decoradora de interiores workaholic e toda certinha e meticulosa de Boston (o papel de Amy Adams, claro), namora há quatro anos um cardiologista ascendente, Jeremy (Adam Scott). Como, apesar de tão bonitinha e bem vestidinha e de sucesso na profissão, a mocinha é também um tanto burrinha, tapadinha, não percebe o que o mais desatento espectador percebe de cara: o fato de que Jeremy não demonstra assim grande interesse por ela – interesse, paixão, vontade, tesão, coisa alguma.
E aí Jeremy embarca para Dublin, onde participará de um encontro de cardiologistas. E aí o pai de Anna, Jack (John Lithgow), lembra a ela da velha história irlandesa: nos dias 29 de fevereiro, na Irlanda, se uma mulher pedir um homem em casamento, ele não tem como dizer não. Ora, e não é que estamos em fevereiro, e num ano bissexto?
E então Anna embarca para a Irlanda, para pedir Jeremy em casamento do dia 29 de fevereiro.
Claro, na viagem vai tudo absolutamente errado; em vez de chegar a Dublin, Anna acaba chegando – de barco, no meio de uma baita tempestade – a um vilarejozinho minúsculo. Faltam dois dias para o 29 de fevereiro, e ela tentará chegar do vilarejozinho até Dublin com a ajuda de um irlandês teoricamente bonitinho, Declan.
Digo teoricamente porque o ator que faz Declan, Matthew Goode, ou é ruim de serviço mesmo, ou está pessimamente dirigido. Parece um bocó. Bem, a personagem de Amy Adams também parece bocó, dentro de uma história bocó. É danada de bonitinha, a Amy Adams, que trabalhou tão bem como a jovem freira em Dúvida/Doubt, mas está fraquinha, aqui, tadinha, tão fraquinha que dá até pena.
Uma americana de Boston e um irlandês de um vilarejozinho perdido, com dois dias, a caminho de Dublin, onde a americana de Boston vai pedir em casamento seu namorado que não dá a menor bola pra ela. Cada pedra dos infinitos muros de pedra da Irlanda está cansada de saber o que vai acontecer.
Um diretor que já fez coisas boas
Os autores desse crime de lesa-inteligência chamam-se Deborah Kaplan e Harry Elfont, os autores da história e do roteiro, e Anand Tucker, o sujeito que dirigiu. E aí vou ver a filmografia dele, e me surpreendo muito. Ele dirigiu Garota da Vitrine/Shopgirl, de 2005, com Steve Martin e Claire Danes, que não é um mau filme, e também Quando Você Viu Seu Pai Pela Última Vez?, de 2007, um filme que me pareceu muito bom, sensível – e com excelentes atuações.
Como é possível o mesmo camarada dirigir muito bem Colin Firth e Jim Broadbent, num drama sensível, e fazer Amy Adams parecer uma total pateta, no meio de um elenco todo frouxo?
Ou o idiota sou eu?
Pode ser, pode ser.
Mas pelo menos o filme apresenta Gwyneth Herbert
É preciso, no entanto, dizer que o filme tem algumas poucas coisas boas. Serve para nos ensinar, ou nos fazer lembrar, que ano bissexto, em inglês, é leap year – o título original. Leap, pular. Tem lógica.
Tem a paisagem da Irlanda – paisagens maravilhosas, de fato de fazer perder a respiração. Tem o rostinho de Amy Adams. Embora a moça esteja trabalhando mal, num filme idiota, é danada de bonitinha.
Mas, sobretudo, lá pelas tantas ouvimos uma belíssima versão de “Only Love Can Break Your Heart”, a canção maravilhosa que Neil Young gravou em After the Goldrush, de 1970. A cantora que fez a regravação chama-se Gwyneth Herbert. (Para ouvir a versão dela, clique aqui.) O AllMusic não traz muitas informações sobre ela, exceto que é uma cantora de jazz. O disco em que ela gravou “Only Love Can Break Your Heart” é de 2004, tem o atraente título de Bittersweet and Blue, e inclui standards da Grande Música Americana – “The Very Thought of You”, “Every Time We Say Goodbye”.
Comedinha romântica idiota também é cultura. Vou atrás de um disco dessa moça. Terá valido a pena ver esta josta de filme.
Vejo, depois de fazer a anotação acima, que o filme foi bastante xingado na revista francesa Studio Ciné Live: “roteiro lenificante”, “comédia romântica feita no piloto automático”. A conclusão é: “Apesar do charme de miss Adams, é de matar de tédio esse oceano de clichês e pieguice”.
Bem, então não estou sozinho.
Isso tudo dito, acrescento que muita gente se encanta com o filme, em especial jovens. Opinião é opinião – cada um tem a sua, e ninguém é melhor do que ninguém. Eu, de minha parte, sempre costumo dizer que tudo o que escrevo aqui é minha opinião, e ela vale no máximo uma nota rasgada de três guaranis paraguaios.
Casa Comigo? / Leap Year
De Anand Tucker, EUA-Irlanda, 2010
Com Amy Adams (Anna Brady), Matthew Goode (Declan), Adam Scott (Jeremy), John Lithgow (Jack Brady), Noel O’Donovan (Seamus)
Roteiro Deborah Kaplan e Harry Elfont
Fotografia Newton Thomas Sigel
Música Randy Edelman
Produção Universal Pictures, Spyglass Entertainment. DVD Universal.
Cor, 101 min
1/2
Olá, caro, venha participar no meu blog de um despretensioso teste de conhecimentos cinematográficos. Começo com NICHOLAS RAY (Juventude Transviada). O vencedor leva DVDs clássicos.
Abração,
O Falcão Maltês
Ai, Sérgio, estou há tempos esperando vc publicar um texto sobre comédia romântica e vc me vem com um de meia estrela? hehe
Gostei médio dos filmes desse diretor, acho a direção dele meio arrastada. Talvez tivesse gostado mais de Garota da Vitrine se fosse outro ator no lugar do Steve Martin.
Pra quem ficou enfurecido com o filme muito ruim, achei que seu texto pegou leve. Gostei.
Hêhê… Jussara, querida, vou providenciar um texto sobre boa comédia romântica. Num dos próximos dias…
Ueba! Gracias. =)
Só concordo com vc quando diz que o idiota é vc (desculpe, foi vc que abriu a porta). A comédia é uma gracinha, divertida, romântica e Matthew Goode, além de ser um ótimo ator, senão não teria trabalhado com Woody Allen, Colin Firth e Emma Thompson, ainda é lindo de morrer!!! Toda comédia romântica é cheia de clichês. Vai me dizer que Deborah Kerr marcando encontro com Cary Grande no Empire S.B não é puro clichê? No entanto, é um clássico (que por sinal eu adoro). Já que vc é homem, vai opinar sobre os filmes de ação,que é melhor.
Ai, ai, as pessoas que não admitem opiniões diferentes das suas, que se acham donas da verdade…
É dureza.
Mas eu, ao contrário de você, Kátia, acho que todo mundo tem direito a ter sua opinião, e a expressá-la. Por isso publico seu comentário.
Sérgio Vaz
Esse filme é maravilhoso, nos dias de hoje , ainda existem pessoas como os personagens do filme acima. Jeremy da cidade, frio e calculista, Anna romantica; inocente e Declan um cara rústico, simples do interior que sabe demonstrar o seu amor com sinceridade.Dispenso comentarios ruins sobre o filme.
Eu não acredito que perdi tempo da minha vida lendo isso, por favor, não acredito no que esta escrito, esse foi um dos melhores filmes que eu já vi, foi lindo e romantico, um pouco cliche, admito mas ainda assim lindo.
Bom… cada um tem sua opinião. Eu particulamente aaaaaamei o filme, do começo ao fim. É uma lindíssima história de amor!!
Não concordo com nada disso… é um filme maravilhoso. Uma belíssima história de amor!!
Também me diverti vendo o filme, Sergio! É do tipo que tem mais chance de agradar as mulheres. Comédias românticas relaxantes e despretensiosas, com happy end garantido, num cenário lindo e maravilhoso! Na vida há tanto desacerto, Sergio, a gente tem direito a mergulhar num mundo onde no final dá tudo certo. São só 90 minutos! Já comecei amando a blusinha florida da primeira foto da sua postagem. Não é uma graça? 😉
Stella, adoro comedinhas românticas. Adoro divertissements. Adoro filmes que não são sérios, que fazem com que a gente fuja dos problemas durante 90 minutos.
Mas também gosto de inteligência.
Esse filme não tem inteligência alguma. É bocó.
Desculpe.
Sérgio
Vi no meu feed que tinha entrado comentário novo esses dias, e aproveitei para reler o texto. Fiquei espantada ao ver que ele é de 2011.
Muita água rolou, e mesmo não tendo visto este “Leap Year” (graças a você – menos um filme ruim na minha conta), vi outro bem interessante com o Matthew Goode, ator que hoje faz parte do elenco fixo de “The Good Wife”. Sua boa atuação na série foi o que me levou a procurar filmes com ele (na busca descobri que já tinha visto um ou outro, quando ele ainda não era famoso).
O filme se chama “My Family and Other Animals”. É uma produção da BBC para a TV, e foi lançado em 2005. Fala sobre um período da infância do zootecnista/naturalista Gerald Durrell (uma adaptação de sua autobiografia), em que ele e a família moraram na Grécia. É para crianças, mas agrada aos adultos também. Eu que não via há muito tempo filmes nesse estilo, gostei bastante, e recomendo. O ator mirim é super fofo, e seu personagem adorava bichos, insetos e qualquer ser vivo desse tipo (não à toa se tornou um expert no assunto).
O filme é muito bem feito e com boas atuações de todos os atores, incluindo Matthew Goode (então acho que ele foi mesmo mal dirigido neste aqui); destaque para a ótima Imelda Staunton, que foi indicada ao Emmy Awards como melhor atriz.
[não tem como não rir de alguns comentários “revoltados”. pelo menos a gente se diverte].
Só tenho uma coisa a dizer deste filme e elenco – MARAVILHOSO!!! Um dos melhores filmes que assisti e para dizer a verdade, já assisti umas 20 vezes ou mais. Amei!!!!!
E sabe, acho que vou parar de escrever esta postagem e vou ver o filme novamente… CASA COMIGO! SHOWWW
Amei o filme! Lindo! Incentivo ao romance que realmente vem precisando renascer. Beijovis.
Amei ler os comentários
Sim, o idiota é vc , o charme do filme é exatamente esse pequenas burrices ou situações inusitadas , ou vc queria um filme kbca , onde o casal conversaria em um café em Paris , sobre o sentido da vida, e no fim se despediram com boa sorte um só outro ? Abraço
Oi Sérgio! Quando vi esse filme fiquei, assim, sem saber se tinha gostado um pouco ou só um pouquinho mesmo… 😉
Realmente tem umas situações um tanto forçadas e exageradas demais..
Achei alguns comentários acima deselegantes e com uma agressividade desnecessária.. Desconsidero quem age dessa forma.
Obrigada pelo seu cuidado e dedicação ao escrever sua opinião sobre os filmes que assistiu ou que tentou ver. 🙂
Conheci hoje o seu trabalho e estou gostando bastante da sua forma sincera e divertida de escrever.
Obrigada!!
Sua opinião vale menos que 3 guaranis paraguaios. Porque não falou 3 centavos brasileiros. Ridículo!
E nem existe “3 guaranis” seria 3 mil guaranis e nem existe nota desse valor. Quando quiser falar novamente que sua opinião não vale nada. Não precisa ridicularizar moedas de outro país.
Sua opinião vale menos que 3 guaranis paraguaios. Porque não falou 3 centavos brasileiros?. Ridículo!
E nem existe “3 guaranis” seria 3 mil guaranis, e nem existe nota desse valor. Quando quiser falar novamente que sua opinião não vale nada, não precisa ridicularizar moedas de outro país.*
Olá, Patrícia!
Já ouviu falar num negócio chamado ironia?
Um abraço.
Sérgio
Olá, Patrícia!
Já ouviu falar num negócio chamado ironia?
Um abraço.
Sérgio Vaz
O filme é uma delícia de se ver…
Matthew é tão lindo , um colírio para os olhos, assim como Amy. Ambos atuam tão bem que a gente esquece que são personagens de um filme. Convencem plenamente.
Sobre ser clichê, o amor romântico é clichê. Somos tão básicos! Se quiser falar de amor que não seja clichê, tem que partir para o amor universal. No mais, é sempre igual, só muda um pouco o roteiro e os rostos…
Como já foi dito, e bem dito, ” todos somos ignorantes, só que em assuntos diferentes”.
Eu devo entender nada de filme então porque sou completamente apaixonada por este!
Olá, Lucia!
Não é uma questão de entender – é só uma questão de gosto… Aquela velha coisa que minha mãe já dizia: o que seria do amarelo se todos gostassem só do verde?
Há quem goste do Bolsonaro, e há quem deteste. Há quem ame o Lula, há quem deteste. Há quem goste de sertanejo universitário!
Não me queira mal.
Um abraço!
Sérgio
Eu não entendi nada nesse filme. Só passei um tempo assistindo pra aliviar o tédio.