Caçador de Recompensas / The Bounty Hunter

2.0 out of 5.0 stars

Anotação em 2011: Este Caçador de Recompensas/The Bounty Hunter é uma mistura de comédia romântica com aventura, com uma tramazinha policial. A rigor, é um filmezinho menor.

Bem que eu podia aproveitar e fazer um texto sobre ele também menor.

Naturalmente, todas as pessoas sérias, sisudas, que só entendem cinema como arte, devem passar muito longe dele. Só serve mesmo para quem também gosta de diversão, um filminho leve, bobo, de vez em quando, para relaxar. Como divertissement, quer saber?, dá pro gasto.

Tem o charme um tanto sem sal, mas bonitinho, de Jennifer Aniston. Para as mulheres, tem o charme um tanto rude de Gerard Butler; parece que há muita mulher que acha o rapaz escocês bonitão.

A história é danada de boba. O roteiro usa aquela tal narrativa-laço: abre num ponto X da história, depois volta no tempo – volta para 24 horas antes, nos informa um letreiro – e aí vem vindo até o ponto X do início, para aí seguir em frente.

Quando a ação começa, Milo, o personagem de Gerard Butler, com uma barba de uns cinco dias por fazer, está muito feliz dirigindo seu carro numa estrada. Começa a sair fumaça do bagageiro do carro, muita fumaça. Milo pára o carro no acostamento, vai abrir o bagageiro – e, de dentro do bagageiro sai Nicole, com um vestidinho preto acima dos joelhos. Nicole, a personagem de Jennifer Aniston, dá uma porrada no saco de Milo e sai correndo, Milo grunhindo de dor atrás. A câmara não vai atrás dos dois, fica parada, os dois se distanciam, Milo dá um pulo e pega Nicole. Congela a tomada, aparece um letreiro apontando para cada um deles: “Ex-marido, Ex-mulher”.

Letreiro: “24 horas antes” – e aí então, depois dessa rápida abertura em tom maior, voltamos até o dia anterior.

Bandidos perseguem mocinho, que persegue mocinha, que persegue um furo jornalístico

Milo já foi policial, deixou de ser, virou caçador de recompensas. Existe essa figura, oficialmente, nos Estados Unidos: pessoas autorizadas a prender fugitivos da Justiça; ganham uma grana por cada fugitivo que capturam.

Nicole é repórter do Daily News; está investigando uma história de um suicídio que deu pistas de não ter sido um suicídio. Dias antes, tinha batido seu carro em uma propriedade da Polícia de Nova York, e agora era obrigada a comparecer a um tribunal. Na hora exata de se apresentar à Justiça, recebe uma dica de um informante sobre o caso que está investigando, e vai atrás da dica. Como só seu advogado comparece diante da juíza, a juíza suspende a fiança que a mantinha em liberdade, e ela passa a ser uma fugitiva.

O encarregado de prendê-la, até que ela comparecesse à nova audiência marcada para daí a alguns dias é… surpresa total: Milo, o ex-marido.

Vai daí que a história que Nicole está investigando é muito boa mesmo, envolve corrupção policial. Mas como isso ainda seria pouco, os roteiristas inventaram que Milo deve uma grana respeitável a uma quadrilha – o dinheiro havia sido emprestado a Milo para que ele jogasse, ele perdeu, não pagou, a quadrilha está atrás dele.

Temos então que bandidos perseguem Milo, que persegue Nicole, que persegue a solução de um caso que envolve policiais corruptos.

E a gente pensa: mas cada diabo de trama imbecil esse povo do cinemão comercial americano inventa, né não?

É mesmo. É uma trama bobona, artificial. A parte comédia romântica é absolutamente previsível – mas que comédia romântica não é previsível?

É tudo isso. Mas é uma diversão bem razoável, desses filminhos menores que a gente vê, se diverte um pouco, relaxa, e daí a dois dias não lembra mais de nada.

Para agradar aos homens, para agradar às mulheres

E pronto, eu poderia perfeitamente parar por aqui. Mas, como sou incorrigível, gostaria de fazer ainda uns pequenos comentários.

Primeiro, o vestido curto da mocinha, a barba por fazer do mocinho.

O vestido curto da mocinha é simples, é fácil de entender, é óbvio. Os lances das coxas de Jennifer Aniston são, sem dúvida, das melhores coisas do filme. O filme teria sem dúvida alguma muitíssimo menos graça se a gente não pudesse, aqui e ali, ver as coxas de Jennifer Aniston. (E a seqüência em que ela sobe em cima do ex-marido dormindo para tentar pegar a arma dele no criado-mudo é de fato divertida – e não apenas porque, é claro, a saia dela sobe.)

Agora, a barba do mocinho sempre por fazer… Não é uma barba cuidada, uma barba propriamente dita. É uma barba de alguns dias por fazer, aquela coisa típica dos caubóis dos westerns, uma coisa desleixada, uma impressão de sujeira. Será que essa é uma tara das mulheres, assim como é uma natural tara masculina ver as coxas de Jennifer Aniston? Será que barba por fazer é sexy? Deve ser, é claro, porque senão Gerard Butler não estaria assim o filme inteiro; seguramente os estúdios já fizeram pesquisas de opinião sobre isso.

Coisa esquisita. Mulher tem cada gosto estranho…

Ex-mulher, um tema eterno

Isso aí é um detalhinho, uma brincadeira. Mas a coisa do ex-marido e a ex-mulher é séria.

É fascinante como há dezenas e dezenas de filmes que mostram casais pós-separação ainda absolutamente apaixonados um pelo outro – ou profundamente marcados pela separação. Nos dramas policiais, em geral os tiras são divorciados. Em muitos westerns os caubóis têm tremenda dor de cotovelo porque perderam a mulher de suas vidas. São homens sofridos, duros, tristes, solitários, que em geral bebem muito mais do que o fígado poderia suportar – e o fim do casamento é um peso imenso, uma sombra negra que os persegue.

Nas comedinhas românticas, a mocinha diz para todas as amigas que tem ódio insuportável do ex, e o mocinho queixa-se amargamente da ex – quando, na verdade, mocinha e mocinha estão mesmo é ainda perdidos de paixão.

Basta lembrar de Jejum de Amor/His Girl Friday, que mestre Howard Hawks dirigiu em 1940. O editor Walter Burns (Cary Grant), elegante, simpático canalha, ama de paixão sua ex-mulher, a brilhante repórter Hildy Johnson (Rosalind Russell). Hildy está convencida de que quer passar desta vida de jornalista para melhor, para a vida de ser humano; de que a vida com o cafajeste do ex-marido era um inferno que afinal tinha passado, como tudo tem de passar; de que ela agora viveria feliz, com o novo amor, um pacato, tranqüilo vendedor de seguros, ou coisa parecida. Mas até os mais antigos aparelhos de telefone da fétida sala de imprensa da delegacia de polícia estão cansados de saber que Hildy é tão apaixonada pelo jornalismo quanto pelo jornalista que a chefia. O jornalismo é uma doença, ou uma paixão, o que dá mais ou menos no mesmo, da qual é muito duro de se livrar.

Ex-mulher também. Sei disso por experiência própria.

Talvez tenha sido por isso que tenha me divertido com esse filmezinho menor. Bobo, mas gostosinho. Andy Tennant não é nenhum Hawks, o escocês Gerard Butler teria que crescer muito para chegar ao charme de Cary Grant, e Jennifer Aniston, embora mais bonitinha que Rosalind Russell, está muito longe da força da outra, mas este filmezinho menor aqui dá bem pro gasto.

Caçador de Recompensas/The Bounty Hunter

De Andy Tennant, EUA, 2010

Com Gerard Butler (Milo Boyd), Jennifer Aniston (Nicole Hurley), Jason Sudeikis (Stewart), Adam Rose (Jimmy), Christine Baranski (Kitty Hurley), Siobhan Fallon Hogan (Teresa), Carol Kane (Dawn)

Argumento e roteiro Sarah Thorp

Fotografia Oliver Bokelberg

Música George Fenton

Produção Columbia Pictures, Relativity Media, Original Film. Blu-ray e DVD Sony.

Cor, 110 min

**

7 Comentários para “Caçador de Recompensas / The Bounty Hunter”

  1. Filme bobo, com a (totalmente) sem sal, fraquinha e botocada Jennifer Aniston, mas hum… tem o Gerard Butler com a barba por fazer. Acho que vou assistir, até pq tem dias em que tudo o que se quer é ver um filminho assim.

    Sobre a barba por fazer, depende. No tamanho que está a dele na foto, fica bem, acho que ainda não dá um aspecto de desleixo, não. Mas ele é bonitão, qualquer barba lhe cai bem. hoho

  2. Vi o filme e achei bem fraquinho, meio bobo. Só valeu pelo Gerard. Faltaram mais cenas dele sem camisa.
    Não sei dizer se a barba deixa ele sexy ou não, acho que ele fica bem de qualquer jeito. Hum… acho que eu já disse isso. =)

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