2.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2009: Tem algumas qualidades, este policial com Richard Gere e Kim Basinger. A primeira das qualidades é a própria Kim Basinger: ela está incrivelmente linda, o diretor Richard Pearce sabe disso e deixa sua câmara demoradamente em cima da moça.
Tem boas cenas de ação, muito bem feitas, de boa qualidade. Para quem gosta, é um prato cheio.
O visual do filme é especialmente caprichado. São belíssimos os cenários naturais da Louisianna, a região pantanosa do delta do Mississipi; as tomadas em Nova Orleans extraem bastante da beleza da cidade, e os interiores são magnificamente trabalhados por Patrizia Von Brandenstein, uma mestre do ramo, vencedora do Oscar de direção de Arte por Amadeus e indicada ao prêmio por dois outros filmes de visual suntuoso, Ragtime e Os Intocáveis.
Richard Gere faz o papel de Eddie Jillette, um tira durão da polícia de Chicago. Quando a ação começa, Eddie e seu parceiro e maior amigo, Joe Collins (Gary Basaraba), estão disfarçados como funcionários de um lava-carros, na expectativa de flagrar um traficante de drogas. A pressa e a ansiedade de Eddie os fazem prender o cara com apenas algumas gramas de maconha – e não vários quilos de droga mais pesada, que era o que eles esperavam. Na tentativa de conseguir se safar, o traficante preso revela que tem um encontro marcado, naquela noite, com um sujeito de Nova Orleans, que quer contratá-lo para assassinar alguém de lá.
Eddie e o parceiro Joe vão então ao local do encontro, fazendo-se passar pelos matadores de aluguel. O cara de Nova Orleans, Paul Deveneux (Terry Kinney), está acompanhado por uma mulher lindíssima – Michel, a personagem de Kim Basinger. Paul Deveneux acabará sendo assassinado pelo sujeito que ele pretendia mandar assassinar, um gângster mau como o diabo, Losado (Jeroen Krabbé), que também assassina Joe, o parceiro de Eddie.
Nova Orleans, onde nem se fala inglês direito
Tudo isso acontece nos primeiros 15 minutos de filme. A partir daí, é óbvio que o tira de Chicago vai para Nova Orleans, para se vingar da morte do parceiro e amigo. Antes da viagem, o superior de Eddie, o capitão Sternkowiski, fala uma frase ótima, cheia de simbologia:
– “Você não conhece Nova Orleans. As pessoas lá sequer falam como nós.”
Mas é claro que lá vai ele para aquela estranha cidade onde as pessoas sequer falam inglês direito. A trama que virá a seguir envolve trabalho escravo, escravidão (literalmente) e analfabetismo, aliança entre gângsters e tradicionais famílias imensamente ricas e poderosas, passeios pelos bares de música cajun, passeio pelo delta do Mississipi, com o tira e a beldade que pertence ao gangsterzão ligados por algemas.
O final parece um western. Parece, não – é um perfeito western, com farto tiroteio, num hotel deserto que faz lembrar os hotéis dos westerns, entre o tira e o gigantesco bando do gangsterzão.
Nada memorável, importante ou de fato bom. Mas, repito, tem algumas qualidades. Fã de filme de ação não ficará decepcionado. E Kim Basinger está de fato maravilhosa.
Não custa ver outras opiniões. Leonard Maltin dá só 1.5 estrela em 4, e desce a lenha: “Até mesmo melodramas bestas têm que fazer algum sentido, pelo menos em seus próprios termos; este aqui é bem ridículo. As duas estrelas sexy não fazem clique.”
Roger Ebert dá 3 estrelas em 4. Gosto das opiniões do Ebert e de seu estilo prolífico – ele se estende, escreve um monte de parágrafos, tem uma visão muito pessoal. Começa assim: “Eu teria dois caminhos. Eu poderia dizer que No Mercy é um thriller que segue uma fórmula estúpida, ou então poderia ir pelo outro lado, e falar sobre o estilo e a energia do filme. Acho que vou pelo segundo caminho, porque qualquer coisa que o filme seja, ele não é entediante. Não prefere atalhos, e entrega seqüências de ação de tirar o fôlego.”
Sem Perdão/No Mercy
De Richard Pearce, EUA, 1986.
Com Richard Gere, Kim Basinger, Jeroen Krabbé, George Dzundza,
Gary Basaraba, Terry Kinney
Roteiro Jim Carabatsos, Beth Henley e Tom Rickman
Fotografia Michel Brault e Mikhail Suslov
Música Alan Silvestri
Direção de arte Patrizia Von Brandenstein
Produção Delphi IV, TriStar
Cor, 106 min
R, **1/2
Realmente, fica muito abaixo do esperado.
Muito clichê, nenhuma criatividade, RICHARD GERE, num papel que exige pouco e KIM BASSINGER, que já foi LINDA. Neste filme, existem momentos, em que sua beleza aparece, porém, no mais das vezes, ela chega inclusive a ficar feia. Não digo, ela estando suja, com o rosto lavado mesmo.
Um excelente filme. Místico, com uma atmosfera de cidade única. Em suma, um policial noir de excelência!
Abraço
Afonso