Anotação em novembro de 2009: Aqui estão os filmes que nem eu nem Mary agüentamos ver até o fim ao longo de 2007, que nos derrubaram, que foram mais poderosos que minha paciência de Jó.
Dando uma olhada na lista agora, em 2009, nas pequenas anotações que fiz na época, e acrescentando um ou outro dado, percebo que, na verdade, pelo menos metade dela pode ser bastante útil para o pessoal papo-cabeça que não perde um filme iraniano da Mostra Internacional e abomina, com o narizinho empinado, qualquer tipo de filme que de alguma maneira divirta o espectador.
O Princípio da Incerteza
De Manoel de Oliveira, Portugal, 2002
Com Leonor Baldaque, Leonor Silveira, Isabel Ruth
Cor, 133 min
“Tendo perdido seu lugar na elite social, uma viúva casa-se novamente e cria uma família”, diz uma sinopse no iMDB. Marynha pegou na estante de cinema europeu da 2001 sem saber que era do Manoel de Oliveira. Agüentamos cinco minutos só, não mais do que isso.
Como não sou crítico de cinema, posso desfrutar da liberdade de dizer: não agüento o Manoel de Oliveira. Sei que muito gente o adora, respeita, admira – Wim Wenders, por exemplo, já declarou publicamente sua admiração pelo veterano cineasta português. Mas as experiências que tive com filmes dele foram péssimas, insuportáveis. É chato, chato, chato, chato – e mal feito. Como não tenho obrigação nenhuma, já chutei o pau da barraca, já passei da idade de ter que respeitar medalhão só porque ele é medalhão, tirei o DVD fora.
A Feiticeira/Bewitched
De Nora Ephron, EUA, 2005
Com Nicole Kidman, Will Ferrell, Shirley MacLaine, Michael Caine
Produção Columbia.
Cor, 102 min
Estávamos zapeando e vimos o comecinho, mas, com dez minutos, desistimos: é infantil demais, bobo demais este filme que evoca a série de TV A Feiticeira. (Mary diz que a série era muito gostosa; nunca vi.)
Nora Ephron já fez boas coisas, Nicole Kidman é linda, o elenco tem gente de primeira – Shirley MacLaine, Michael Caine –, mas o nível de imbecilidade é agressivo demais, até para quem, como eu, tem estômago de avestruz.
Don Juan
De Jacques Weber, Espanha-França-Alemanha, 1998
Com Jacques Weber, Emmanuelle Béart, Penélope Cruz, Ariadne Gil
Produção Blue Dahlia
Cor, 104 min.
Uma chatice atroz. Dei uns fast forward pra ver onde ia dar, mas não ia dar em lugar algum. Nem a beleza das várias atrizes compensa.
Cassino Royale
De Martin Campbell, EUA, 2006.
Com Daniel Craig, Eva Green, Judi Dench, Giancarlo Giannini
Produção Metro-Goldwyn-Mayer
Cor, 144 min
Só agüentamos os primeiros dez minutos do novo 007, agora com Daniel Craig. Filme pra adolescente moderno: parece aqueles joguinhos em que ganha quem matar mais nego na tela.
As Loucuras de Dick & Jane/Fun With Dick and Jane
De Dean Parisot, EUA, 2005.
Com Jim Carrey, Téa Leoni
Produção Columbia
Cor, 90 min
Não agüentamos mais que dez minutos dessa refilmagem da gostosa e irreverente comedinha de 1977 com Jane Fonda, que tinha o mesmo título original e no Brasil se chamou Adivinhe Quem Vem para Roubar; Jim Carrey exagera na sua coisa careteira, e foram criadas situações absurdas, da maior cretinice, na tentativa de aggiornar a história do casal que vai subindo de status social até que de repente o marido perde o emprego e a saída que os dois encontram é assaltar.
Um dia tenho que rever o original e escrever sobre ele aqui.
Passaporte para a Vida/Laisser Passer
De Bertrand Tavernier, França, 2001
Com Charlotte Kady, Denis Podalydès, Jacques Gamblin, Marie Gillain
Cor, 170 min
Um filme sobre filmes e guerra, ambientado na França ocupada pelos nazistas em 1942. Desistimos depois de uns dez minutos de filme. Nos pareceu desagradavelmente confuso. Mas acho que pode ter sido coisa do momento; talvez ainda deva tentar ver. Bertrand Tavernier, afinal, é um diretor respeitável.
Eis a sinopse do filme que está no cinefrance.com.br: “Paris, 3 de março de 1942. A Continental, uma empresa alemã de cinema dirigida pelo dr. Greven e que produz filmes franceses desde 1940, é o reflexo da armadilha na qual o país caiu: será que é possível continuar trabalhando ali como se nada tivesse mudado? Estar protegido dentro da boca do lobo? Ou as pessoas deveriam se recusar a colaborar e partir? O filme traça os caminhos de dois homens cujos destinos estão interligados. O primeiro, Jean-Devaivre (Jacques Gamblin), assistente de direção, entra para a Continental com o propósito de camuflar sua atividade clandestina na resistência. É um homem de ação, inconseqüente, impulsivo e ousado. O outro, Jean Aurenche (Denis Podalydès), roteirista e ao mesmo tempo poeta, luta para recusar qualquer oferta de trabalho vinda dos alemães. É um homem reservado, ávido, questionador, dividido entre as três amantes. Acima de tudo, ele é uma testemunha, que entra na resistência no momento em que pega na caneta para escrever.”
Maldito Coração/The Heart Is Deceitful Above All Things
De Asia Argento, EUA-Inglaterra-França-Japão, 2004
Com Asia Argento, Jimmy Bennett, Peter Fonda, Ornella Mutti, Marilyn Manson
Cor, 97 min
Vimos não mais que cinco minutos e desistimos. Chato, chato, chato, e pretensioso.
Asia Argento é muito queridinha da crítica, filha do também queridinho da crítica Dario Argento. É o tal negócio: como eu não tenho compromisso nenhum com nada, nem com as filosofias do venerando Manoel de Oliveira, nem com as modernidades dessa mocinha, vou lá e desligo o DVD.
Aí vai uma sinopse que acho na internet: “É a história de Jeremiah, garoto que descobre ser filho adotivo e é obrigado a morar com a mãe, Sarah, uma prostituta drogada barra-pesada (interpretada por Asia Argento). A partir daí, acompanhamos a degradação de uma criança que perde a infância e passa a viver num mundo de vícios e sexo.”
Flandres
De Bruno Dumont, França, 2006.
Com Adélaïde Leroux, Samuel Boidin, Henri Cretel
Cor, 91 min.
O diretor Bruno Dumont ganhou o Grande Prêmio do Júri de Cannes por este filme. Mary e eu mal suportamos dez minutos.
Diz o AllMovie que “a relutância de um homem em expressar suas emoções tem conseqüências desafortunadas tanto no amor quanto na guerra, neste drama do cineasta francês Bruno Dumont”. Então tá.
Cidade do Silêncio/Bordertown
De Gregory Nava, EUA, 2006.
Com Jennifer Lopez, Antonio Banderas
Cor, 112 min.
Repórter chicana de grande jornal vai a uma cidade perto da fronteira Império-Terceiro Mundo para investigar uma série de assassinatos de mulheres, e é ajudada por jornalista local. J.Lo e El Banderas estão trabalhando tão mal, mas tão mal, e todos os detalhes do roteiro soam tão falsos como no pior do pior do cinema brasileiro, que desistimos com uns dez minutos de filme, apesar do tema interessante.
Free Zone
De Amos Gitai, Israel, 2005.
Com Natalie Portman, Hana Laszlo, Hiam Abbass, Carmen Maura, Makram Khoury
Cor, 90 min
Nem me lembro o que é isso. Detestamos e paramos de ver. Ah, sim, é do Amos Gitai, e peguei pra ver por causa da Natalie Portman, mas nem ela nos fez suportar mais que uns 20 minutos de filme.
Vejo agora, em 2009, na hora de preparar este post dos filmes insuportáveis de 2007, que, além de Carmen Maura, o filme tem também a fabulosa Hiam Abbass, de A Noiva Síria e Lemon Tree. Em nome dela, ainda vou fazer nova tentativa de ver o filme, algum dia.
Mulher Exótica/Saratoga Trunk
De Sam Wood, EUA, 1945.
Com Ingrid Bergman, Gary Cooper,
Baseado em novela de Edna Ferber
P&B, 135 min
Meu Deus do céu e também da terra, o que será isso? Ah, sim. Pegamos no vídeo sem ter nunca ouvido falar. Nem a beleza absurda da Ingrid Bergman conseguiu fazer com que víssemos mais de 15 minutos de filme. É daquelas coisas tão ruins que até dão vergonha no espectador. Ela faz uma filha de um homem que tinha sido rico em Nova Orleans no começo do século XX, e volta da França para a cidade. Ed Wood, o que ficou sendo conhecido como o pior cineasta do mundo, adoraria assinar esta porcaria.
Maria/Mary
De Abel Ferrara, Itália-França-EUA, 2005
Com Juliette Binoche, Forest Whitaker
Produção Wild Bunch
Cor, 83 min
Com alguma paciência, agüentei estoicamente dez minutos antes de desistir. E ficamos assim combinado para todo o sempre: deixo o Abel Ferrara pras negas dele, e toda vez que estiver passando um filme dele num cinema atravesso a rua pra não pisar nem no mesmo passeio.
As loucuras de Dick & Jane vc não connseguiu assistir todo? Foi mal mas vc não sabe o que é comédia!!!
realmente muitos desses não merecem ser vistos até o fim…
Ô Guille, então alguns merecem ser vistos! Quais são? Quero sua opinião, pô.
Abração!
Sérgio
Ops, primeira imensa divergência de opinião aqui: Casino Royale está entre os meus preferidos de ação. Tem até Hitchcock ali!
Caro Matheus,
Que seja a primeira de muitas grandes divergências… Sempre haverá – e tem mesmo que ser assim, não é?
Tomara é que você continue dando umas olhadas de vez em quando nas minhas anotações, e enviando suas discordâncias, que serão sempre bem-vindas!
Um abraço, e muito obrigado pela sua mensagem.
Sérgio
ótimo o blog.
Passei para instigá-lo a ver novamente Free Zone. Vale a pena, parece que não sairá do lugar, mas a beleza estética, além das ótimas atuações compensam vários momentos de quietude e lentidão.
Maria também me causou certo problema. Esse sim me pareceu parado, lento e quando terminou, achei que não tinha visto nada. Mas é sempre bom tentar novamente!
Parabéns.
Vitor Stefano
Sessões
Caro Vitor, muito obrigado pela mensagem e pelo elogio. Vou, sim, tentar ver de novo Free Zone.
Gostei do que vi, numa primeira andada pelo seu blog. Devolvo os parabéns!
Eis o endereço do Sessões: http://sessoesdecinema.blogspot.com/
Sérgio
Olá, Sergio. Não se preocupe, não são as divergências de interpretação ou gosto que me afastarão dos seus textos.
Não tenho tantos anos de filmes – menos da matade desses seus 50, desde que desenvolvi sentido crítico e interesse técnico -, mas sou apreciador inveterado de cinema. Se aceita a sugestão, dê nova chance a ‘Casino Royale’.
Notei que desiste de muitos filmes nos primeiros 10, 15 minutos, e fui recompensado inúmeras vezes por ultrapassar essa barreira.
O primeiro 007 com Daniel Craig traz novas qualidades à série. Para ter ideia, um dos dois principais duelos do filme se dá por um jogo de cartas! Em Casino Royale entendemos o motivo da personagem ter se tornado o que sabemos dela. Inclusive o motivo da distância das mulheres que só um conquistador superficial consegue impor. Enfim, é um filmão! Fica minha primeira sugestão a você.
Um abraço,
Matheus
Teimosa como sempre, assisti Cidade do Silêncio até o final. É um filme estranho, trata de um tema interessante, baseado em acontecimentos reais, mas tem alguma coisa errada! Falta alguma coisa!
Nem mesmo a exuberância da Jennifer Lopez consegue disfarçar a falta de talento. É bonita, mas é ruinzinha! E o Banderas também está péssimo no papel! Sônia Braga, idem.
Não viu Gary Cooper lindo neste filme com a Ingrid???? rsrs Que pena, o filme é bom e repleto de boas imagens. 🙂