0.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2009: Este aqui, me parece, é um dos mais obscuros filmes da carreira do diretor irlandês Neil Jordan. E não é para menos: é uma imensa bobagem.
Neil Jordan costuma alternar grandes produções internacionais, algumas feitas em Hollywood ou em co-produção com um grande estúdio, e filmes mais pessoais, feitos na Irlanda ou na Inglaterra. No primeiro caso estão Não Somos Anjos, de 1989, Entrevista com um Vampiro, de 1994, A Premonição, de 1999; no segundo estão Nó na Garganta, de 1997, À Procura do Destino, de 1991.
Às vezes acerta em cheio, como em Fim de Caso, de 1999, refilmagem do belo romance de Graham Greene, que já havia dado o filme Por Amor do Meu Amor, de 1955, com Deborah Kerr, Van Johnson e John Mills. Às vezes faz coisas simplesmente descartáveis, como Lance de Sorte/The Good Thief, de 2002.
Neste aqui, feito na sua Irlanda natal, mas com elenco misto, mezzo irlandês e inglês, mezzo americano, ele errou totalmente a mão.
Era para ser uma comédia, mas é tão bobo que não dá muita vontade de rir.
É assim: Peter Plunkett (o papel de Peter O’Toole), último descendente de uma tradicional e centenária família irlandesa, está sob a ameaça de perder o secular castelo da família, já transformado em hotel mas permanentemente às moscas, para um capitalista americano junto a quem hipotecou a propriedade. Tem, então, a idéia de fazer marketing do hotel dizendo que o castelo é mal-assombrado. Ele e os empregados preparam mil truques para fazer surgirem fantasmas no meio da noite, ruídos, ranger de porta, aquelas coisas todas. Chega, então, um grupo de turistas americanos, que inclui uma dondoca riquíssima (Beverly d’Angelo, que trabalharia de novo com Neil Jordan três anos depois em À Procura do Destino), tão milionária quanto insuportável, o marido bundão dela (Steve Guttenberg), um seminarista prestes a virar padre (Peter Gallagher) e uma garota toda fogosa toda gostosa (Jennifer Tilly, repetindo o mesmo papel que fez 20 vezes).
É claro, é óbvio, é natural: fantasmas de verdade vão aparecer. Um casal de fantasmas, parentes distantes do atual proprietário do castelo, vai aparecer muito: por ciúme, o fantasma homem (Liam Neeson, jovenzinho, jovenzinho) havia assassinado o fantasma mulher (Daryl Hannah, linda, diáfana) no mesmo dia de seu casamento, 200 anos atrás. Haverá um caso entre o senhor fantasma e a dondoca intolerável, e um caso entre a senhora fantasma e o marido da dondoca.
Leonard Maltin deu a cotação mínima e usou um adjetivo perfeito para o filme: intolerável. Acrescentou também a informação de que atores do filme reclamaram que os produtores alteraram cruelmente as intenções do diretor Jordan. Pauline Kael diz que os produtores cortaram de 15% a 25% do que foi filmado. Mas me pergunto se com 15% a 25% de tempo a mais o filme poderia ter ficado melhor.
Ao ver o filme, fiquei com a sensação de que alguns dos atores estavam profundamente enfastiados, fazendo aquilo tudo por pura obrigação. E Maltin está certo quando diz que Peter O’Toole está fantasmagórico.
Malucos e Libertinos/High Spirits
De Neil Jordan, Inglaterra-EUA, 1988
Com Peter O’Toole, Daryl Hannah, Steve Guttenberg, Beverly d’Angelo, Jennifer Tilly, Peter Gallagher, Donal McCann, Mary Coughlan
Argumento e roteiro Neil Jordan
Música George Fenton
Produção Palace Pictures
Cor, 99 min.
1/2
Título em Portugal: Malucos e Libertinos
Gosto muito destes filmes de Neil Jordan:
Jogo de Lágrimas, Entrevista Com o Vampiro, In Dreams (A Premonição, no Brasil), The Good Thief e Breakfast on Pluto.
Tenho todos em DVD, excepto “In Dreams”.
Penso que são todos bons filmes, em especial “Jogo de Lágrimas” e “Breakfast on Pluto”.
Recomendo.