1.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2008: Quando fez o papel de Joan Madou neste filme, em 1948, Ingrid estava no apogeu, no auge do auge da fama no cinema americano. Vinha de uma fileira de êxitos: Casablanca (1942), Por Quem os Sinos Dobram (1943), À Meia Luz/Gaslight (1944), Quando Fala o Coração/Spellbound (1945), Interlúdio/Notorious (1946).
É dessa época a frase de Cary Grant citada no livro Ingrid Bergman, com fotos da Coleção Kobal e texto de Sheridan Morley: “Existem apenas sete astros de cinema no mundo cujo nome, sozinho, faz com que banqueiros americanos emprestem dinheiro para a produção de filmes, e a única mulher na lista é Ingrid Bergman”.
É dessa mesma época também a frase de Alfred Hitchcock, que havia feito com ela Quando Fala o Coração e Interlúdio e a dirigiria de novo em 1949 em Sob o Signo de Capricórnio/Under Capricorn: “Ah, Ingrid… So beautiful, so stupid”.
Naquele momento, no apogeu, Ingrid e o ainda marido sueco Peter Lindstrom resolveram que ela se tornaria uma estrela independente dos estúdios e dos produtores, escolhendo ela mesma os roteiros e os astros de seus filmes. O primeiro filme nesse novo esquema foi exatamente este O Arco do Triunfo/Arch of Triumph, com o ator francês ao lado de quem ela tinha feito o ótimo À Meia Luz, o galã canastrão Charles Boyer.
Foi um estrondoso fracasso. Segundo o livro The United Artists Story, o filme custou US$ 5 milhões – uma fortuna gigantesca para a época – e, segundo o livro Ingrid Bergman, deu prejuízo de US$ 2 milhões, parte deles saída do bolso da própria estrela. “O colapso de O Arco do Triunfo serviu quase imediatamente para destruir a mágica de Ingrid nas bilheterias”, diz Sheridan Morley. Seu filme seguinte, Joana d’Arc, também foi um fracasso comercial, da mesma maneira que o que veio depois, Sob o Signo de Capricórnio, de 1949, em que Hitchcock fez de tudo (como eu notei há vários anos) para conseguir o impossível – mostrá-la feia. Depois desse terceiro fracasso consecutivo, Ingrid foi para a Itália, apaixonou-se por Roberto Rossellini, casou com ele e virou persona non grata em Hollywood.
Este O Arco do Triunfo, portanto, foi o ponto da virada na carreira de Ingrid – um marco.
Eu não sabia de muitas dessas coisas, que só conheci lendo os alfarrábios logo após ver o filme pela primeira na vida, exatos 60 anos depois que ele foi feito.
Eta filme ruim. O filme é muito, mas muito mal escrito, muito, mas muito mal dirigido, e pessimamente interpretado.
Na apresentação se informa que a novela de Erich Maria Remarque foi publicada em série em uma revista, Collier’s. O livro Ingrid Bergman diz que o texto foi inspirado no caso que o escritor alemão teve com Marlene Dietrich na França, nos meses que antecederam a Segunda Guerra. (Em sua autobiografia, Marlene de fato conta que esteve muito próxima de Remarque nessa época, mas não diz que houve um caso entre eles: “Ao eclodir a guerra, no verão de 1939, estávamos juntos: meu marido, minha filha, ele e eu, em Antibes”.)
Diversas resenhas nos guias dizem que o filme trata da história de amor entre um médico estrangeiro refugiado na França e (aqui há duas formas para definir a personagem de Ingrid) “uma mulher com um passado” ou “uma cantora de cabaré”. E aqui o filme já começa a demonstrar como o roteiro é ruim, como as situações são todas soltas, não formam um conjunto, não conseguem delinear bem os personagens. O filme abre com o personagem do médico, o refugiado ilegal, Ravic, revendo em um restaurante de Paris um oficial nazista que o torturou e que matou uma amiga dele (esse personagem do oficial é interpretado pelo grande Charles Laughton, num desempenho pavoroso). Então o médico sai pelas ruas de Paris e, numa ponte, encontra uma mulher desolada, em aparente estado de choque, com jeito de quem quer se jogar no Sena.
Algum tempo depois, saberemos que o homem com quem essa mulher, Joan Madou, estava hospedada em um hotel barato tinha acabado de morrer. Aparentemente, de morte natural. (Quem era ele: marido? amante? irmão? Não se sabe. Ninguém conta para a gente.) O médico cuida dela, a tira desse hotel e a leva para outro, para evitar questionamentos da polícia. Ela continua como em estado de choque.
O pobre espectador não sabe quem é ela, de onde veio, qual é seu drama. Imagina-se que seja uma refugiada, como tantos outros que o médico conhece naqueles tempos do nazismo na Alemanha, do fascismo na Itália e da guerra civil espanhola; depois o filme conta que ela nasceu na Itália, de mãe italiana e pai romeno, e que sabe cantar; por isso o nosso médico a indica para um amigo, um tenente-coronel da Rússia czarista Também refugiado, que trabalha como porteiro numa boate.
E de repente a moça que estava em choque e cujo companheiro acabara de morrer vira cantora de boate; esquece o trauma (seja ele qual for, porque não se sabe qual é o trauma), fica jovial feito um passarinho e perdidamente apaixonada pelo médico que a ajudou.
Daí a pouco, também de repente, a dupla vai tirar umas feriazinhas na Riviera, que ninguém é de ferro de ficar apenas passeando por bares e restaurantes de Paris.
Também de repente, e sucessivamente, nossa heroína vai flertar com um milionário, fazer declarações de amor eterno ao médico, ter momentos de profunda depressão, faltar ao trabalho na boate, voltar a trabalhar na boate, entrar em desespero quando o médico é mais uma vez deportado da França, virar teúda e manteúda pelo milionário, remoer-se de arrependimento quando o médico volta mais uma vez a Paris, e…
Ingrid vai alternando caras e bocas do mais profundo desespero à mais profunda alegria, passando por alguns momentos de vulgaridade.
Enquanto isso, personagens secundários aparecem e somem, situações grotescas vão se sucedendo. Nada é explicado, nada faz sentido.
E isso no filme que ela escolheu fazer no auge do auge da fama, com o ator que ela escolheu (nunca vi Boyeur trabalhar propriamente direito, mas aqui ele abusa das caretas mais que normalmente), com o diretor que provavelmente ela também escolheu.
Vai ver que o bruxo Hitch tinha razão, e a mulher de mais belo rosto que já apareceu no cinema não tinha lá uma inteligência assim brilhante. O que se vê, de qualquer forma, nitidamente, é que a atriz que teve excelentes interpretações quando dirigida por Hitchcock, Ingmar Bergman ou Michael Curtiz, ganhou três Oscars e 28 outros prêmios, nas mãos de um diretor ruim era capaz de atrocidades.
O Arco do Triunfo/Arch of Triumph
De Lewis Milestone, EUA, 1948.
Com Charles Boyer, Ingrid Bergman, Louis Calhern, Charles Laughton
Roteiro Harry Brown e Lewis Milesotne
Baseado em livro de Erich Maria Remarque
P&B, 120. Teve uma versão restaurada com 133 min.
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Quem são os principais do filme Joana d’Arc?
Lucimar dos Santos
Joana d’Arc, de 1948, foi dirigido por Victor Fleming, e no elenco estão Ingrid Bergman, Ward Bond, Gene Lockart, José Ferrer, Francis L. Sullivan. Ah, sim, e de nada, tá, Lucimar?
Quais são os principais personagens do filme
Joana D’arc ?
Por favor me enviem resposta o mais rapido possivel
Eis os principais atores do filme Joana d’Arc, de Victor Fleming, de 1948, com, entre parênteses, o nome de seus personagens:
Ingrid Bergman (Joana d’Arc)
José Ferrer (Delfim)
Selena Royle (Isabelle d’Arc)
Robert H. Barrat (Jacques D’Arc)
Ward Bond (La Hire)
Jimmy Lydon (Pierre D’Arc)
Francis L. Sullivan (Pierre Cauchon)
Rand Brooks (Jean D’Arc)
Cecil Kellaway(Jean Le Maistre)
Roman Bohnen (Durand Laxart)
Irene Rich (Catherine le Royer)
Nestor Paiva (Henry Le Royer)
Richard Derr (Jean De Metz)
Acho que você, que teve uma ideia magnifica de criar este blog, faz com que a gente desanime de assistir aos filmes que você critica. Porque não deixar a analise dos filmes para a gente. Você pode achar ruim e eu posso achar uma obra de arte. Deu prá entender? Afora isso, parabéns. Chivas.
Olá, Chivas. Muito obrigado por enviar seu comentário.
Mas, veja, o site/blog existe para que eu expresse a minha opinião sobre os filmes – e para que os eventuais leitores comparem as suas próprias opiniões com as de uma outra pessoa.
Um abraço.
Sérgio
Eu assisti o Arco do Triunfo, e, depois, procurei por algum comentário. Concordo com a crítica sobre o filme. Por outro lado, foi bom assistir a esse filme, pois, pude rever a Ingrid Bergman. Em relação ao roteiro, que parece confuso e não dá respostas ao espectador, eu posso dizer que a vida também é assim. A vida segue como um rio, cujos caminhos e curvas parecem inexplicáveis e com pouco ou nenhum sentido. A presença da Ingrid no filme é que traz valor a ele. Enquanto assistia o filme, pensei que ele fosse anterior aos outros trabalhos mais conhecidos, tais como: “Casablanca”, “Joana d´Arc”, “Notorius”, “Quando fala o coração” e “Por quem os sinos dobram?”.