2.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2008: De cara, o filme informa que a história que se verá se baseia em fatos reais. E a primeira sequência é como se estivéssemos vendo a produção de um documentário: acompanhada por um cinegrafista, uma pessoa que vemos pelas costas faz perguntas ao personagem de Bruce Willis a respeito de seu filho, tido como um traficante importante.
O entrevistado nega as acusações, e torna-se agressivo com o entrevistador.
Veremos em seguida que o filho dele é, sim, um traficante – e no seu trabalho conta com a ajuda do pai. O rapaz, muito jovem, chama-se Johnny Truelove (Emile Hirsch), é respeitado e temido no círculo em que vive – um bairro de classe média para alta de Los Angeles.
O que vem a seguir, entre um grupo grande de jovens do lugar, é aquela seqüência de violência, palavrões (o iMDB contabilizou que a palavra fuck e seus derivados são pronunciados 367 vezes nos 117 minutos do filme), agressões, música alta e péssima, e muito, muito, mas muito consumo de droga – coisa tão presente em tantos filmes americanos dos últimos anos.
É tanta violência, tanta droga, tanta piração, que cheguei a pensar em tirar o filme do DVD – apesar das loas que já tinha ouvido ao filme e do nome de Nick Cassavetes, o filho de John e Gena Rowlands, de quem eu já havia visto coisas boas. Por respeito ao que esse diretor já fez, continuamos a ver o filme.
Passados uns 20 minutos de filme, temos que Johnny Truelove e uns amigos-asseclas encontram na rua um garoto de 15 anos, Zach Mazursky (Anton Yelchin, bom jovem ator, que promete). Zach é irmão de Jake (Ben Foster), que deve dinheiro de drogas a Johnny. Johnny resolve então seqüestrar o garoto por um tempo, para exigir que a dívida do irmão seja paga, e os três o empurram para dentro de uma van. Nesse momento – e lembro que estamos com uns 20 minutos de filme -, vemos que duas pessoas passam pelo local e presenciam o que está acontecendo. E então, retomando-se o estilo de documentário dentro do filme mostrado na cena de abertura, surgem na tela os nomes dessas duas pessoas e a identificação: Testemunhas 1 e 2. Mais tarde surgirão as Testemunhas, 4, 5, 20, 35 uma imensidão de testemunhas.
Mas então, naquele momento, com 20 minutos de filme, já sabemos que haverá um crime e um julgamento.
No final do filme, haverá os tradicionais letreiros informando o que aconteceu com cada um dos envolvidos na história. Eles informam que Johnny Truelove foi um dos homens mais jovens a entrar na lista dos criminosos mais procurados pelo FBI.
Então, o que temos é mais um filme que usa de muita violência para denunciar a violência daquela sociedade maluca. Competente, correto – embora em nada extraordinário.
Talvez a maior surpresa do filme seja uma sequência, bem no final, em que aparece uma Sharon Stone tão maquiada para parecer velha, feia e gorda que Mary e eu não a reconhecemos. Ela faz a mãe do garoto Zach Mazursky, e tem uma interpretação brilhante nessa sequência. O trabalho dos maquiadores, de extrema competência, faz lembrar o que fizeram com a também linda Charlize Theron em Monster, de 2003.
Alpha Dog
De Nick Cassavetes, EUA, 2006
Com Justin Timberlake, Emile Hirsch, Anton Yelchin, Bruce Willis, Sharon Stone, Amanda Seyfried
Roteiro Nick Cassavetes
Produção Sidney Kimmel. Estreou em SP 18/6/2007.
Cor, 117 min.
**1/2
Sergio. Estou começando a ver o filme… interessou inda mais, agora que virou notícia outra vez – um tal de Jesse James Hoolywood (um dos que inspiraram o filme) foi condenado a prisão perpétua lá nos States. Mas o que fiquei admirado logo no início foi a canção “Over The Rainbow”, na voz de Eva Cassidy (que eu nem conhecia, infelizmente). A música está lindíssima, e com as imagens nostálgicas de filhos pequenos, ficou um negócio incrível. De cortar coração. Abraços.
Caro Heringer, você sabe que eu não me lembrava que Eva Cassidy canta “Over the Rainbow” neste filme? Sim, a interpretação dela é lindíssima – e personalíssima. Ela consegue recriar e tornar dela essa canção já tantas dezenas de vezes gravada. É um espanto, Eva Cassidy.