A Massai Branca / Die Weisse Massai


2.5 out of 5.0 stars

Anotação em 2008: Choque cultural é isso aí. Esta aqui é uma daquelas histórias que parecem absolutamente inverossímeis, parecem criação de escritor ou roteirista cheio de ácido na cabeça – e, no entanto, aconteceram na vida real.

O filme se baseia na novela autobiográfica escrita pela suíça Corinne Hofmann. É a história de uma jovem suíça que viaja com o namorado de férias para o Quênia – aquela eterna fascinação pelos contrários, nós dos terceiros e quartos e quintos mundos babando por conhecer a civilização, eles ricos babando por conhecer a falta dela.

Aí, de repente, ela conhece um jovem guerreiro massai, fica interessada nele e manda o namorado às favas. Vai viver com o massai em sua aldeia perdida no interior do país – quase num piscar de olho, faz a transição literal da Suíça ao Quênia, como quem pega um táxi para a estação lunar e vai parar em Júpiter, ou muito além.

O filme vai descrevendo em detalhes toda a absoluta loucura que é o processo de tentativa de adaptação de uma jovem européia de classe média para cima à falta de tudo aquilo que é tão básico, fundamental, quanto ter um chão sob os pés: água encanada, banheiro, luz, colchão, lençol, fronha. E, sobretudo, a tentativa de adaptação aos usos e costumes de uma tribo africana estacionada a seis mil anos de onde a moça esteve a vida toda.

 Por umas 15, 20, 30 vezes, ao longo dos 131 minutos do filme, me perguntei: mas meu Deus do céu e também da terra, mas pu-ta-que-o-pa-riu, como essa moça agüenta, por que essa moça não casca fora?

 A diretora alemã Hermine Huntgeburth, experiente, vários filmes no currículo, construiu este A Massai Branca com o máximo de distanciamento possível – foi o que me pareceu, ao menos. Conta a história sem essa perplexidade com que os fatos me deixaram, como se fosse uma coisa normal, que acontecesse todos os dias. Não faz julgamentos, não toma partido – nem mesmo quando as atitudes do massai diante da moça são abusivamente retrógradas, machistas, dominadoras, violentas.

Choque cultural, realmente, é isso aí – o resto é fichinha, é bobagem, é trocadinho.

A Massai Branca/Die Weisse Massai

De Hermine Huntgeburth, Alemanha, 2005.

Com Nina Hoss, Katja Flint

Roteiro Johannes W. Betz

Baseado em livro de Corinne Hofmann

Adaptação Hermine Huntgeburth e Günter Rohbach

Música Niki Reiser

Produção Constantin. Estreou em São Paulo 21/9/2007.

**1/2 

5 Comentários para “A Massai Branca / Die Weisse Massai”

  1. Filme indescritívelmente maravilhoso. É uma pena que não dá bilheteria. Fica perdido nas prateleiras das locadoras. Elenco e história fantástico. Só quero dizer que, tudo é questão de gosto, mas se vc não assistiu, por mais que tenha assistido ou seja cinéfilo, vc nunca não viu nada igual. Tá aí um bom filme para ensinar Hollywood e os americanos a fazer cinema. Talvez aprendendo com os alemães!

  2. Caro Daniel,
    Obrigado por enviar seu comentário.
    Não concordo com o que você diz – acho que nos Estados Unidos se fazem belíssimos filmes. Mas tudo bem: opinião, cada um tem a sua.
    Um abraço.
    Sérgio

  3. Fiquei tão fascinada com essa história que fui atrás do livro. É absurdamente inacreditável o que essa moça viveu. As vezes a gente pensa: será mesmo que não existe reincarnaçao ? Só isso poderia explicar essa história…

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