2.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Eis aí um filme bem interessante. Tem produção requintada, um visual belíssimo, suntuoso, extremamente bem cuidado – e ainda conta com o luxo de uma trilha sonora extraordinária, em que o grande Philip Glass deixa um tanto de lado o seu tradicional minimalismo para fazer um som mais sinfônico, mais grandioso, de grande impacto.
Embora dê um peso grande à concretíssima divisão da sociedade em classes sociais, a história não segue a lógica normal que rege o mundo. Mas tudo bem: estamos diante de um divertissement, e um divertissement sobre mágica, ilusionismo, e então permite-se uma lógica de histórias em quadrinhos, de ficção-fantasia, quase do sobrenatural.
Edward Norton faz o papel de Millhauser, o filho de um trabalhador humilde, que, na Viena da virada do século XIX para o XX, é apaixonado, desde a infância, por uma jovem nobre, Sophie Von Teschen (Jessica Biel). Quando o namoro é descoberto, o jovem Millhauser deixa a Áustria e vai explorar o mundo. Ao voltar, 15 anos depois, é um grande e renomado mágico, o ilusionista do título, cujo talento beira o sobrenatural. Sophie continua apaixonada por ele, mas foi levada pela família a tornar-se noiva do príncipe Leopold (Rufus Sewell). Millhauser, porém, é fodinha, e vai aprontar mágicas de deixar a racionalidade no lixo.
É muito interessante que, no mesmo ano, 2006, tenham sido feitos dois filmes sobre mágicos cuja ação se passa na virada do século XIX para o XX na Europa. Os dois são grandes produções, os dois têm visual cuidadíssimo – este aqui e O Grander Truque/The Prestige, com um elenco extraordinário que inclui Michael Caine e Scarlett Johansson. E, em 2007, ainda haveria Atos Que Desafiam a Morte/Death Defying Acts, de Gillian Armstrong, com Guy Pearce, Catherine Zeta-Jones, Saoirse Ronan e Timothy Spall, no mesmo estilo, grande produção, belo visual, sobre um episódio da vida do mágico Houdini.
Um filósofo de botequim poderia dizer que o mundo do capitalismo globalizado, às vésperas da maior crise sistêmica desde o longínquo 1929, da época em que o cinema aprendia a falar, andava precisando de mágicas, de ilusões.
O Ilusionista/The Illusionist
De Neil Burger, EUA-República Checa, 2006.
Com Edward Norton, Paul Giamatti, Jessica Biel, Rufus Sewell
Roteiro Neil Burger
Baseado em conto de Steven Millhauser
Fotografia Dick Pope
Música Philip Glass
Cor, 110 min.
Gostei muito de “O Ilusionista”, não esperava um filme tão interessante.
É certo que está aqui o Sr. Edward Norton, mas nunca se sabe, não é?
O outro, “The Prestige” só aguentei uma meia-hora ou isso.
O que é natural sendo do Christopher Nolan, eh eh eh…