1.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Este deve ser um dos mais obscuros filmes, ou até o mais obscuro, de Orson Welles; eu não me lembrava de ter ouvido falar dele.
Foi feito em 1946, um ano, portanto, depois do fim da Segunda Guerra. É um estranho filme que tenta ter um clima de noir, sem ser um noir; parece que quer ter um clima de mistério, sem ter mistério algum – o espectador sabe de tudo o tempo todo, e pode facilmente prever tudo o que vai acontecer em seguida.
A história envolve um importante criminoso nazista – o papel do próprio Welles – que se instala numa pequena cidade de Connecticut, como professor, e está para se casar com a filha (Loretta Young) de um distinto habitante local que é juiz da Suprema Corte. Como todo mundo na cidade aceita o alemão nazista e não questiona seu passado, isso para mim é um imenso mistério.
A melhor coisa do filme, na minha opinião, é Edward G. Robinson, esse grande ator; ele faz um membro de uma comissão que trata de crimes de guerra que vai à cidadezinha atrás do nazista.
Leonard Maltin babou com o filme, deu 3.5 estrelas em 4. Pauline Kael também gostou; eis o que ela disse, na tradução de Sérgio Augusto:
“Único filme narrativo convencional dirigido por Orson Welles. Ele o fez, aparentemente, para provar que podia respeitar um cronograma e fazer o mesmo tipo de filme que os outros diretores; disse que a obra nada tinha dele, e era seu “pior” filme. O que queria dizer, talvez, é que a fita era impessoal – não tem quase nenhuma emoção específica do cinema wellesiano. É um thriller linear, eficiente e meio lânguido, fotografado com elegância (por Russell Metty), com algumas tomadas longas ostensivas. Bastante assistível, mas o roteiro (…) é inteligente de uma maneira superficial: as pessoas precisam de mais dimensões. Edward G. Robinson faz um investigador de crimes de guerra no rastro de um arquicriminoso nazista (Welles), que assumiu uma falsa identidade numa cidadezinha de Connecticut, ensinando numa escola primária; a esposa (Loretta Young) nada sabe de seu passado.”
(Aqui Pauline Kael errou – ela é noiva do cara, ainda não casou.)
Ela diz ainda que a atuação de Welles (que a mim pareceu preguiçosa e desinteressada) é “tão flagrante e e infantilmente não convicente – o nazista parece preocupado com seus maus pensamentos de super-homem – que chega a ser divertida”.
Bah.
O Estranho/The Stranger
De Orson Welles, EUA, 1946.
Com Orson Welles, Loretta Young, Edward G. Robinson
Roteiro Anthony Veiller (e John Houston, não creditado)
Baseado em história de Victor Trivas e Decla Dunning
Produção Sam Spiegel, RKO.
P&B, 95 min.
*1/2
Acabei de assistir via online.De fato,o filme é todo ele previsível.E o final então é facílimo de adivinhar.Mas,realmente como foi bom rever Edward G.Robinson.Vi muitos filmes com ele mas,isso foi lá atrás,nos anos 70.A atriz eu não conhecia.
Talvez,não vais te lembrar Sergio,já tem muito tempo que viste o filme mas,eu vi uma coisa que me deixou curioso.Não sei se foi um erro do filme,ou se foi erro de legenda.
A Mary,fala para o Meinike,que vai se casar com o professor as 18Hs e, depois mais à frente,o professor diz para o meinike,que vai estar na frente do padre para se casar as 16Hs.E aí? Erro ou não?Ou não tem nada a ver,faz parte da trama esse desacôrdo de horas?ISTO PODE SER UM SPOILER PARA QUEM AINDA NÃO VIU.Não bastasse ser totalmente previsível,ainda tem aquela conversa sôbre o dia em que o Wilson chegou na cidade,o dia em que fez o curativo na cabeça e, que foi no dia do casamento;isso tudo abriu os olhos do “alemão” para com o wilson.
Importante mostrar a procura aos criminosos de guerra.Ainda sôbre o final:me pareceu que estavam com pressa de acabar,tão rápido que foi.
Um abraço, Sergio ! !
“Como todo mundo na cidade aceita o alemão nazista e não questiona seu passado, isso para mim é um imenso mistério”. Este comentário é patético. Bem, se isto fosse assim, para qualquer pessoa que conhecesse-mos, a primeira coisa que faríamos era questionar o seu passado e se não estaríamos diante de um assassino ou um terrorista. É claro que as coisas não são assim, o comentário é completamente absurdo e despropositado. No resto, também acho o filme previsível, embora competente, não estando entre as melhores obras de Welles.
A atmosfera noir tem qualidade, mas o roteiro é fraco.
É muito fácil, falar mal de um filme como este, mesmo depois de críticos famosos de reputação internacional, darem ótima cotação. Vê se logo que o meio entendido não suporta o Orson Welles. Nota O para este metido a crítico.