3.5 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Os dois jovens atores protagonistas do filme, Naomi Watts e Edward Norton, são produtores-executivos do filme. São dois belos atores, essa inglesa nascida em 1968 e esse americano de 1969.
Mas talvez seja por estarem tão envolvidos nesta co-produção EUA- China que eles tenham dado tanto sangue, tanta alma na interpretação do casal improvável, destinado desde o início ao fracasso, ao inferno.
Ele é um infectologista workaholic que trabalha como um missionário na China dos anos 20; ela é uma londrina classe média leviana, fútil, vazia, que aceita casar apenas para não ficar solteirona.
Nessa história de um casamento fadado ao fracasso, Somerset Maugham, que em geral retrata, com sobras de misoginia, mulheres irremediavelmente levianas, fúteis e vazias, sai do seu padrão e mostra um personagem feminino que aprende e cresce – com muita dor e sofrimento -, embora tarde demais.
É um filme sobre temas sérios, de adultos, para adultos, como se costumava fazer antes dos anos 70, a época do grande corte em que o cinema passou a se dirigir prioritariamente a quem mais pagava ingresso, os adolescentes – e nesse processo se apequenou, se imbecilizou.
É um filme belíssimo, tristíssimo, e absolutamente emocionante.
A direção de arte é nunca menos que brilhante. O filme colecionou 28 prêmios ao redor do mundo e 13 outras indicações.
O Despertar de uma Paixão/The Painted Veil
De John Curran, EUA-China, 2006
Com Naomi Watts, Edward Norton, Liev Schreiber, Toby Jones, Sally Hawkins,
Roteiro Ron Nyswaner
Baseado em história de W. Somerst Maugham
Música Alexandre Desplat
Produção Warner Independent Pictures. Estreou em SP 22/6/2007, em Paris 7/3/2007.
Cor, 124 min
***1/2
Título em Portugal: O Véu Pintado
Esse filme é lindo. Talvez o título em português faça com que muita gente torça o nariz, mas é um filme realmente belo, com personagens normais e seus defeitos – e tb qualidades – e com capacidade de pedir e dar perdão. É como vc falou: sendo duas pessoas tão diferentes o resultado só podia ser o fracasso. Mas essa mesma diferença, que em muitos momentos os afastou, depois os atraiu, e eles puderam se aproximar e tentar se enxergar. É um filme que fala tb de redenção , e que foi por um caminho que acho que quase ninguém esperava. Eu adorei a música francesa que toca no final (apesar de triste, mas tinha tudo a ver com a cena), na voz de uma mulher e um côro de crianças. Ouvi até “furar” o mp3 :D.
Lindíssimo! Absurdamente comovente! Eu chorei.
Beleza de filme.Desses que a gente vê, revê e vai gostando cada vez mais. Não sou boa em citações, mas acho que foi Simone de Bouvoir que disse que somente duas condições fazem uma união feliz: o amor incondicional ou a admiração pelo parceiro. Ele agigantou-se de tal maneira que tornou-se irresistível à paixão dela
Cara Maria, obrigado pelo comentário. Sua frase é perfeita, define com exatidão o filme: “Ele agigantou-se dee tal maneira que tornou-se irresistível à paixão dela”.
Um abraço.
Sérgio
Um dos meus filmes favoritos dentre os contemporâneos (não gosto de muitos). O final diverge um pouco do desfecho do livro – que li primeiro – mas mantém o essencial, acho.
Descobri este site há pouco tempo e pus entre os meus favoritos pra achar sempre que quiser.
Belíssimo filme este com dois actores em grande forma e com imagens deslumbrantes. Cá por Portugal deram-lhe um título melhor: O Véu Pintado.