Hollywoodland – Bastidores da Fama / Hollywoodland


Nota: ★★½☆

Anotação em 2007, com complemento em 2008: O mundo do entretenimento, em especial do cinema, é um dos temas preferidos do próprio cinema. Hollywood, em especial, sempre adorou olhar para o seu próprio umbigo – e, vamos e venhamos, a verdade é que as platéias também gostam de olhar para o umbigo da capital do cinema.

Este filme aqui se baseia na história real de George Reeves (1914-1959), um ator ambicioso, que chegou a ter um papel, ainda que mínimo, em … E o Vento Levou/Gone With the Wind, e a trabalhar ao lado de estrelas como James Cagney, Rita Hayworth e Marlene Dietrich. No início dos anos 50, no entanto, a carreira de Reeves (aqui interpretado por Ben Affleck) estava num desvio; foi quando ele aceitou fazer o papel do Super-Homem dos quadrinhos numa produção B, de segunda categoria, Superman and the Mole Men, de 1951. Um ano depois, os produtores do filme lançaram uma série de TV com o Super-Homem, e convidaram Reeves para o papel.

Foi sua glória – e sua perdição. Reeves – assim como Peter Sellers com o Inspetor Clouseau, e Arthur Conan Doyle com Sherlock Holmes – ficou marcado para sempre pelo personagem, que depois viria a amaldiçoar e do qual passaria a vida tentando se livrar, em vão.

(A comparação pode talvez parecer estranha. Mas não é descabida, de forma alguma. Peter Sellers detestava o fato de ter ficado marcado pelo personagem da série A Pantera Cor-de-Rosa. Isso é exaustivamente mostrado na cinebiografia A Vida e Morte de Peter Selles, tradução literal do título original, de 2004, com o australiano Geoffrey Rush no papel do ator inglês. E Sir Arthur Conan Doyle também abominava o personagem que criou; queria escrever outras coisas, outro tipo de literatura, livrar-se daquele pentelho do Sherlock, e até o matou – mas, pressionado por leitores e editores, teve que ressuscitá-lo.)

O ator George Reeves morreu em 1959 no quarto de sua casa, em Los Angeles, com um tiro, enquanto amigos dele faziam uma festa na sala; parece que nunca se comprovou se foi de fato suicídio ou assassinato, e este filme aqui filme explora exatamente essa dúvida. A carreira de Reeves é mostrada em flashbacks, apenas para situar o personagem para as platéias de hoje. Adrien Brody, de O Pianista/The Pianist, de Roman Polanski, faz um detetive particular que tenta investigar a história, suspeitando de homicídio.  

Não é um filme tão importante que mereça longos comentários. Mas, como fala de cinema, de filmes, esse assunto tão extremamente interessante, vale reproduzir aqui algumas informações do iMDB.

O título original do filme era Truth, Justice, and the American Way (tirado do slogan do Super-Homem dos quadrinhos). Mas a DC Comics, que detém os direitos sobre o personagem do Super-Homem, não permitiu que a frase virasse o título.

Da mesma maneira, a Warner Bros proibiu que os créditos de sua produção para a TV Adventures of Superman, de 1952, fosse usada no filme, o que levou os produtores a rodar uma nova versão daquela abertura.

Aparentemente, o diretor Allen Coulter, veterano na TV, mas estreando aqui na direção de longa-metragem para o cinema, fez uma reconstituição bem próxima da história real. O filme inclusive usou como consultor histórico o biógrafo de George Reeves, o ator Jim Beaver.

E, finalmente, uma informação que eu desconhecia (ou, se já soube algum dia, tinha esquecido): aquele gigantesco letreiro, colocado no alto de uma montanha da região de Los Angeles, e que a gente vê em mil filmes e fotos, Hollywood, era originalmente Hollywoodland. Foi feito pela empresa imobiliária na campanha promocional para lançar um loteamento na região, nos anos 1920. As quatro últimas letras foram retiradas em 1949. 

         Wimwenders e aprendenders.

Hollywoodland – Bastidores da Fama/Hollywoodland

De Allen Coulter, EUA, 2006.

Com Ben Affleck, Adrien Brody, Diane Lane, Bob Hoskins

Roteiro Paul Bernbaum

Música Marcelo Zarvos

Produção Back Lot Pictures

Cor, 126 min

**1/2

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