3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Uma história de amor permeada pela violência tradicional nas grandes cidades e pela questão da migração de pessoas dos países mais pobres para os mais ricos, num filme que tece boas considerações sobre o abismo social na Londres rica, moderna, cosmopolita, uma das cidades mais fascinantes do mundo, hoje, como há vários séculos.
Um arquiteto muito bem sucedido (Jude Law), mas cujo casamento com a bela mulher (Robin Wright Penn) está em crise, instala seu escritório num bairro deteriorado de Londres. O escritório será invadido por um jovem ladrão, um imigrante bósnio a serviço de uma quadrilha comandada pelo tio.
O arquiteto vai acabar se apaixonando pela mãe do ladrão, uma costureira, pianista amadora, mãe devotada (Juliette Binoche, “aussi douée que Meryl Streep pour les accents”, segundo a revista Studio de março de 2007). Aliás, na França o filme teve o título de Par Effraction – literalmente, Por Arrombamento.
Este filme – bonito, sensível, com ótimas interpretações, fascinante na capacidade de contar histórias de vida dentro de um quadro mais abrangente da Grande História – acabaria sendo o último dirigido pelo inglês Anthony Minghella, que teve vida curta (nascido em 1954, morreria em 2008, dois anos depois da estréia deste filme) e carreira pequena. Dirigiu apenas nove filmes, mas adquiriu respeito como um bom adaptador de obras literárias para o cinema. O Paciente Inglês/The English Patient, de 1996, ganhou nove Oscars, inclusive os dois principais, de melhor filme e melhor direção, e ainda deu o Oscar de coadjuvante justamente a Juliette Binoche, que faz a enfermeira que cuida do paciente inglês do título, no finalzinho da Segunda Guerra.
Em 1999, filmou novamente a história de Patricia Highsmith que René Clément tinha transformado em O Sol por Testemunha/Plein Soleil, em O Talentoso Ripley/The Talented Mr, Ripley. E em 2003 faria Cold Mountain, um ótimo filme passado durante a guerra civil americana.
Invasão de Domicílio/Breaking and Entering
De Anthony Minghella, Inglaterra-EUA, 2006
Com Jude Law, Juliette Binoche, Robin Wright Penn, Martin Freeman, Vera Farmiga
Argumento e roteiro Anthony Minghella
Música Gabriel Yared
Produção Miramax. Estreou em São Paulo 11/5/2007; em Paris 14/3/2007.
Cor, 119 min.
***
A crítica malhou um pouco esse filme, mas eu gostei, é um bonito filme. Diferente, bem o estilo do Minghella , não? Desde que soube que seria filmado por ele , fiquei com vontade de ver (e de ver o Jude Law tb, rs). Assim como o Kieslowski, o A.M. tb se foi muito cedo.
O que mais me cativou foi o personagem do Jude. Apesar de ter sacaneado a mulher, a forma como ele tratava a enteada era muito bonita. Com toda paciência , firmeza e amor, mais até, talvez, do que se fosse o pai dela. E ele era mesmo muito humano, tanto que no final, fez o que fez (apesar de que eu achei o final apelativo). E o filme tem algumas partes sensíveis, que me fizeram chorar ou ficar tocada. Acho que pq relacionamentos são sempre tão complicados … ou o ser humano é quem complica; vai saber.
Já que vc citou, eu adoro “O Talentoso Ripley”. Gosto muito tb do figurino, e acho que no geral todos os atores estavam bem. E quase morri de medo no final, rs.
Eu até que gostei do filme. Ótima atuação de Jude Law, assim como em Cold Mountain que é um dos meus filmes favoritos. O tema principal sobre a guerra civil é maravilhoso, recentemente pude vê-lo novamente no Cinemax, um dos melhores filmes que já assisti.