3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2007, com complemento em 2008: Um grande filme, um dos melhores que já foram feitos sobre o apelo popular das religiões e seitas evangélicas.
Este é um daqueles muitos filmes dos quais ouvi falar demais quando era garoto, mas não pude ver na época porque era proibido para menores. Nunca tinha visto, até agora.
A ação se passa no Meio Oeste americano, nos anos 20. Burt Lancaster está extremamente exagerado no papel do título original, Elmer Gantry, o caixeiro-viajante mulherengo e beberrão que sabe falar bem, contar histórias, e vira pregador evangélico por pura admiração por uma pregadora extraordinária (a bela e excelente Jean Simmons, então casada com o bom diretor Brooks).
Jean Simmons, ao contrário de Burt Lancaster, tem uma interpretação suave, contida – e excelente. O espectador nunca fica sabendo direito se ela de fato acredita piamente, santamente, naquilo tudo que ela diz para as multidões embevecidas, ou se é apenas uma grande farsante, uma espertalhona que sabe como ninguém tirar dinheiro dos pobres, fracos, oprimidos.
Dá vontade de ler o livro e conhecer outras obras de Sinclair Lewis (1885-1951), o primeiro americano a ganhar o Nobel de Literatura, em 1930, um crítico feroz dos valores capitalistas.
O filme ganhou três Oscars: de ator para Burt Lancaster, de atriz coadjuvante para Shirley Jones, que faz uma puta, uma das amantes de Elmer Gantry, e de roteiro adaptado para Richard Brooks; teve ainda indicações para o prêmio de melhor filme e trilha sonora, para Andre Previn.
“O filme trapaceia sobre seu tema e é abarrotado de sets gigantescos, enormes multidões, incêndios, tumultos e gente sendo pisoteada”, escreveu Pauline Kael. “Mas é toscamente atraente e – embora exaustivo – nunca entediante. Quando Lancaster interpreta um personagem amplamente exagerado como Gantry, você não consegue tirar os olhos dele, e Simmons é uma das mais mansamente imponentes atrizes que Hollywood já teve.”
Entre Deus e o Diabo/Elmer Gantry
De Richard Brooks, EUA, 1960
Com Burt Lancaster, Jean Simmons, Arthur Kennedy, Dean Jagger, Shirley Jones, Edward Andrews, Patti Page, John McIntire, Rex Ingram, Hugh Marlowe, Philip Ober
Roteiro Richard Brooks
Baseado na novela Elmer Gentry, de Sinclair Lewis
Música Andre Previn
Produção United Artists
Cor, 145 min.
***
a sua falta de respeito pelos evangelicos é tremenda, picaretas tem em todas as partes, inclusive na igreja catolica vendendo indulgência na idade média. Como ela ficou tão rica mesmo?
ou os espiritas fazendo supostas “curas espirituais” em troca de uma graninha!
seitas evangelicas? vai se informar + um pouco
Não tive intenção alguma de faltar ao respeito com nenhuma religião. Reli o que escrevi e não encontrei nada que me pareça ofensivo a qualquer crença.
Quanto à existência de picaretas em todas as partes, concordo plenamente: é isso mesmo, eles existem em toda a parte.
Hahaha, tem gente que não sabe interpretar textos – o post não tem nada de desrespeitoso – e ainda sai escrevendo asneiras sobre assuntos que claramente desconhece. Faz-me rir.
A interpretação de Burt Lancaster é magnífica, prende o espectador do começo ao fim, fazendo acreditar em suas palavras como se estivesse em um templo. No filme, o ator quis e convenceu que “em nome de Deus” é possível tornar-se milionário, com a “ajuda” da boa e fácil fé dos incautos. A cura não tem preço.
A bela Jean Simmons tem interpretação suave e firme.