1.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2006, com complemento em 2008: É impressionante como o grande Jean Renoir e o grande Charles Laughton conseguiram fazer um filme tão absolutamente ruim, tão primário, tão óbvio, tão maniqueísta, tão, tão… bisonho. Acho que esta é a palavra mais certa.
Era 1943, e Renoir havia fugido do nazismo, como tantos outros cineastas e artistas dos mais diferentes ramos. Assim, fica muito claro que ele queria fazer uma denúncia contra seus conterrâneos, que entregaram a França aos nazistas sem luta – uma denúncia e ao mesmo tempo um mea culpa. OK. Isso se entende perfeitamente.
A questão é que o filme é ruim demais, e talvez a prova mais cabal disso seja a interpretação de Laughton (seguramente a pior de sua carreira cheia de belos papéis) como o professor tímido, medroso, bobo, dominado pela mãe e que o acaso transformará em herói. É tudo muito simplista, muito óbvio demais.
Vou ver outras opiniões, é claro. Até porque Renoir é importante demais para vir aqui um imbecil e desancar com o filme dele.
Pauline Kael não comenta o filme no seu livro 5001 Nights at the Movies. Nem Sadoul no seu Dicionário de Filmes. O Cinéguide, que só traz curtas sinopses, diz simplesmente: “Uma pequena cidade européia luta contra os nazistas e um professor se transforma em herói”; interessante é ver como o filme se chamou no país natal de Renoir – Vivre Libre.
Maltin dá 2 estrelas (em quatro) e mata a resenha em duas frases: “Humilde professor francês Laughton, incitado pela ocupação nazista, vira herói. Filme patriótico da época da guerra hoje é datado e desapontador; escrito por Dudley Nichols.”
Steve H. Scheuer viu um filme totalmente diferente do que eu vi: “Ótima atuação de Laughton neste drama forte”. O drama não é forte, e Laughton está ridículo, com uma cara de criança pateta em cima daquele corpanzil imenso.
O filme foi lançado simultaneamente em 72 salas de 50 cidades americanas no dia 7 de maio de 1943, informa o iMDB, estabelecendo um recorde de bilheteria no dia de estréia. Esforço de guerra é isso aí.
Esta Terra é Minha/This Land is Mine
De Jean Renoir, EUA, 1943.
Com Charles Laughton, Maureen O’Hara, George Sanders, Walter Slezak
Roteiro Dudley Nichols
Produção RKO
P&B, 103 min.
Sergio, o bom de vir ao seu site é que vejo de tudo. E também é bom quando discordamos, apesar de concordarmos no gosto da maioria dos filmes, pois, assim, podemos debater cinema: e isso é ótimo. Sabe que vi este filme ontem e adorei? Achei demais.
Não sou especialista, nem conheço a obra de Jean Renoir. Mas gostei especialmente de Charles Laughton e de suas cenas finais (no tribunal e na escola). O gordinho é um tanto caricato? Sim, mas me cativou com seus dois últimos discursos.
O filme tem falhas, digamos, grosseiras, mas no todo eu “aprovei”.
Abs.