O Poder da Sedução / The Last Seduction


1.0 out of 5.0 stars

Anotação em 2005: O filme é calcado no personagem de Linda Fiorentino, e, mais do que isso, o filme é Linda Fiorentino. Ela faz uma espécie de mulher fatal dos filmes noir, apesar de não ser loura – é ambiciosa, fria, calculista, capaz de tudo. O problema é que ela é tudo isso demais, tudo isso exagerado, à enésima potência.

Linda Fiorentino faz uma mulher ousadamente explícita no sexo, uma coisa de deixar a Emanuelle dos pornôs dos anos 70 parecendo uma freira. Era uma tendência de Hollywood no final dos 80 e de todos os anos 90 essa coisa meio assim de se vingar do Código Hays, com várias décadas de atraso. O resultado nem chega a ser sensual (como era tremendamente sensual a Lana Turner do primeiro O Destino Bate à sua Porta/|The Postman Always Rings Twice e a Barbara Stanwyck de Pacto de Sangue/Double Indemnity, dos anos 40, ou a Kathleen Turner de Corpos Ardentes/Body Heat, no inicinho dos 80), e sim agressivo, brutal. Ela é um tanto como a Sharon Stone de Instinto Selvagem/Basic Instinct, de 1992.

alastNa primeira vez que ela conhece o garoto que vai fazer de pato, de bobo, de gato e sapato, em um barzinho vagabundo da cidade do interior, pega no pau dele. Trepa com ele na rua, à saída do bar; depois dentro de um carro. Quando é alcançada pelo detetive enviado pelo marido, pede pra ver o pau dele – “dizem que pau de negro é grande, me mostre aí o seu”.

Nenhuma censura – e também nenhuma sutileza, nenhum meio tom. Tudo óbvio, escancarado, explícito. Como a violência, a dilaceração de corpos, a transformação de gente em bicho, em besta, em lobisomem (como em Um Lobisomem Americano em Londres, um marco nessa tendência da explicitude total). Nos anos 80 e 90, o cinema de Hollywood partiu com tudo para a coisa explícita. Não ficou propriamente melhor por isso.

Um leitor do iMDB fez um bem razoável resumo da trama:

“Modern film noir about a conniving, evil woman who steals a hefty amount of money from her husband and flees to a small upstate town, where she attracts a young local man and tries to live a new life. Plot thickens when her husband finds out where she is… Linda Fiorentino sizzles in a fiery breakthrough role as the femme fatale, but there’s nothing else too extraordinary in this otherwise sexy thriller.”

A pequena biografia de Linda Fiorentino no Cinemania mostra que o filme foi feito para TV a cabo e fez tanto sucesso que em seguida teve lançamento nos cinemas:

“In 1994 Fiorentino commanded attention playing a ruthless femme fatale in John Dahl’s neo-noir The Last Seduction (1994). Made for cable, the film received such raves that it was picked up for theatrical release, with Fiorentino picking up most of the accolades.”

Depois de ter me lembrado de Barbara Stanwyck em Pacto de Sangue/Double Indemnity, vejo que o Maltin também se lembrou:  “A abrasadora femme fatale de Fiorentino faz Stanwyck em Double Indemnity parecer com a Branca de Neve!” A frase é quase idêntica à que escrevi lá em cima, antes de ler o comentário dele.

 O Poder da Sedução/The Last Seduction

De John Dahl, EUA, 1994.

Com Linda Fiorentino, Bill Pullman, Peter Berg, J.T.Walsh

Roteiro Steve Barancik

Cor, 110 min

2 Comentários para “O Poder da Sedução / The Last Seduction”

  1. Estava curioso para ver há algum tempo. Confesso que é bem melhor do que esperava. Os personagens são exagerados e até caricatos, mas no final das contas são duas horas bem gastas, que rendem boas risadas.

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