Morto ao Chegar / Dead on Arrival, ou D.O.A.


3.0 out of 5.0 stars

Anotação em 2005: O filme é todo, todo absolutamente over, exagerado. A sensação que dá é de que os autores (coisa rara, um casal de diretores) tinham urgência, queriam pôr naquela obra tudo o que eles queriam dizer a vida inteira, como se aquele fosse o único filme de suas vidas.

A história parece assim uma trama de Tennessee Williams turbinada para a velocidade dos thrillers do final do século. O calor sufocante do Sul em plena véspera de Natal também remete ao dramaturgo de todos os pecados e culpas.

O começo – o protagonista chega a uma delegacia de polícia querendo reportar um homicídio, e a vítima é ele mesmo – faz lembrar o fantástico Pacto de Sangue/Double Indemnity, do Billy Wilder, e em vários momentos se percebe que os autores querem fazer uma versão moderna de um noir muito, mas muito noir.

A ambientação em um campus universitário, com as veleidades literárias, a competição desenfreada no meio acadêmico e o fato de o protagonista ser um escritor cuja fonte secou, por sua vez, fazem lembrar o posterior Garotos Incríveis/Wonder Boys, de Curtis Hanson – na verdade, esse filme de 2000 parece ser uma versão light, bem light, deste aqui.

Vejo agora nos alfarrábios que a trama básica é copiada de um filme com o título – D.O.A., iniciais de Dead On Arrival – feito em 1950. Foi o primeiro longa metragem da dupla de diretores Rocky Morton e Annabel Jankel, que vinha de uma série de TV – o que bate com a sensação que tive e descrevi no parágrafo acima, a urgência de querer pôr tudo numa obra só.

Morto ao Chegar/Dead on Arrival, ou D.O.A.

De Rocky Morton e Annabel Jankel, EUA, 1988.

Com Dennis Quaid, Meg Ryan, Daniel Stern, Charlotte Rampling

Roteiro Charles Edward Pogue

Baseado em filme homônimo de 1950

Produção Touchstone e Silver Screen Partners III.

Cor, 97 min.

5 Comentários para “Morto ao Chegar / Dead on Arrival, ou D.O.A.”

  1. Ué, mas o nome dos diretores está dito duas vezes, na ficha técnica e no alto do post.

  2. Imagine, não é o caso de pedir desculpa. Até porque a rigor você tem razão: no texto ficou faltando, sim. Vou colocar lá. E agradeço a você.
    Um abraço.

  3. Como não sou crítico, posso dizer que amei Morto ao Chegar. Mesmo que ele na delegacia diga que foi assassinado, podiam ter criado uma saída bem ao estilo que o povo gosta. Mas não! A ambientação na universidade e a competição literária me fascinaram na época e o final pessimista foi incrível. Aos olhos de hoje não é a mesma coisa, mas na época eu tinha 14 anos e foi amor a primeira vista! Envelheceu, mas tenho essa recordação afetiva da fita.

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