[Rating:2.5]
Anotação em 1999: O terceiro filme dirigido por Edward Burns – depois de Os Irmãos McMullen, de 1995, e Nosso Tipo de Mulher/She’s the One, de 1996 – é o mais fraco deles. Não que seja ruim; não é, não; é muito bem feito, trata de relações afetivas, os personagens são pessoas comuns, normais, de uma cidadezinha do litoral (é Costa Leste, mas não se define exatamente o local; deve ser Nova Jersey, até pelo fato de tocar três Bruce Springsteen), o ritmo é suave e lento como a vida.
Talvez eu não tenha gostado tanto deste quanto dos anteriores seja de fato porque nos seus dois primeiros filmes o Burns surpreendeu demais; são vívidos, ricos, divertidos, gostosos, interessantes. Aqui, talvez por falar de pessoas tão comuns, tão medianas, ela tenha querido uma história em que praticamente não há história, é tudo mediano, sem grande graça, charme, beleza, impacto, brilho.
Charlie (o próprio Burns), sujeito de uns quase 30 anos, volta pra casa depois de ter passado uma temporada de uns três anos na Califórnia; não é bem-vindo pela mãe, e arruma emprego temporário no posto de gasolina; a ex-namorada, Claudia (Lauren Holly), garçonete, está vivendo agora com um dos ex-melhores amigos dele, Michael (Jon Bon Jovi); não se casam porque ela ainda não decidiu se é o que quer. Charlie dá em cima dela, ela resiste um tempo – e ficamos sabendo que ela ficou grávida dele no passado, fez um aborto, e foi quando ele cascou fora.
Charlie tenta convencê-la a sair da cidade com ele – o tempo todo estão todos querendo sair da cidadezinha, essa coisa meio adolescente, que pra mim parece gasta, velha e até imbecil. Finalmente ela cede, os dois saem, tomam cerveja – como, de resto, todos tomam cerveja o tempo todo -, trepam. Saem do motel com ar de quem descobriu que não era tão bom assim quanto esperavam. Ela chega em casa de madrugada, Michael a interroga, e, quando ela confirma que esteve com o ex-namorado, Michael a manda embora de casa.
E aí vem a moral, a única surpresa: em vez de ir embora com Charlie, Claudia vai embora, sim, mas sozinha – enquanto Patti Scialfa, a senhora Bruce Springsteen, canta uma música que tem no refrão “I’m a big girl now”. Finalmente, a heroína passa a ter vida própria. Bonito, correto – mas pouco para quem fez Os Irmãos MacMullen e Nosso Tipo de Mulher.
Uma Chance para Ser Feliz/No Looking Back
De Edward Burns, EUA, 1998.
Com Lauren Holly, Edward Burns, Jon Bon Jovi, Blythe Danner, Connie Britton
Roteiro Edward Burns
Música Joe Delia
Produção executiva Robert Redford
Cor, 96 min.