3.5 out of 5.0 stars
Anotação em 1999: Uma total surpresa, daquelas sobre as quais eu nunca tinha ouvido falar. É um elogio às instituições americanas, sim – mas tem um discurso progressista, liberal, anticensura, tão virulento e inteligente quanto o panfleto do grande Milos Forman, Larry Flynt.
Faz lembrar, e muito, a beleza que é A Costela de Adão/Adam’s Rib, com Spencer Tracy e Katharine Hepburn, pela oposição homem-mulher diante do Direito, da Lei. E é deliciosa a contraposição dos arquétipos – a jovem mulher que chega à Suprema Corte, saudada como vento novo na casa de 200 anos, o avanço feminino, é uma reacionária, que tem que enfrentar o liberalismo de um velho ranheta, ranzinza (Walter Matthau).
Belíssima ode à convivência dos contrários, elogio ao que as instituições americanas têm de melhor. Virulentamente anticorporações, anticapitalismo selvagem. Um brilho. E a beleza de Jill Clayburgh nunca esteve tão absolutamente esplendorosa.
O título, ininteligível para quem não conhece a Justiça americana, é didaticamente explicado no filme: a primeira segunda de outubro é o dia do novo ano de trabalhos na Suprema Corte.
Terminei de fazer essa rápida anotação e vi que Leonard Maltin diz que o filme é “Tracy-and-Hepburn-like…” Além de confirmar esta obviedade, ele informa que, por coincidência, pouco antes de o filme estrear foi indicada para a Suprema Corte a primeira mulher.
Primeira Segunda de Outubro/First Monday in October
De Ronald Neame, EUA, 1981.
Com Jill Clayburgh, Walter Matthau, Jan Sterling, Barnard Hughes
Roteiro Jerome Lawrence e Robert E. Lee
Baseado na peça da dupla
Cor, 98 min.