Filhos do Paraíso / Bacheha-Ye Aseman


Nota: ★★★☆

Anotação em 1999: A primeira lembrança que vem é o neo-realismo italiano, Ladrões de Bicicleta – a vida no limite da pobreza. A história é à la início do neo-realismo, de fato: um fiapo de história em cima de um símbolo da vida no limite da pobreza. No caso, é o único par de sapatos da garota de uns sete anos que, na primeira seqüência, o irmão mais velho, de uns nove, perde. A partir daí, os dois passam a ter que se revezar no uso do tênis velho dele para ir à escola.

Desse fiapo de história o diretor consegue

a) envolver completamente o espectador, na mais pura base emocional, com o drama desses dois pequenos personagens;

e b) fazer um panfleto forte, claríssimo, e ao mesmo tempo suave, sobre o absurdo que é a vida em uma sociedade brutalmente desigual e injusta.

É profundamente humanista, como o neo-realismo italiano. Mas não é um filme “pobre”; nada de estética da falta de recursos. Minimalista na pequena história, o filme é de uma riqueza poderosa de imagens. O diretor tem pleno domínio da técnica narrativa. As tomadas de sapatos, repetidas, enquanto a menininha está na escola, são esplendorosas; o efeito se repete nas diversas tomadas de campainhas de interfones que o garoto e o seu pai tocam no bairro riquíssimo, onde ele vai em busca de trabalho extra como jardineiro; as próprias tomadas do bairro pobre e do bairro rico são perfeitas, brilhantes.

Os dois pequenos atores estão extraordinários; todos os atores estão bem – por que será que só no Brasil os atores são tão ruins? 

O filme foi indicado para o Oscar de Filme Estrangeiro em 1999, concorrendo com o vencedor A Vida é Bela e Central do Brasil – por coincidência, ou não, três filmes que têm crianças como personagens centrais.

Filhos do Paraíso/Bacheha-Ye Aseman

De Majid Majidi, Irã, 1997.

Com Amir Hashemian, Bahare Sediqi

Argumento e roteiro Majid Majidi

Produção Miramax

Cor, 89 min.

3 Comentários para “Filhos do Paraíso / Bacheha-Ye Aseman”

  1. Oi, Sérgio,

    Para este filme eu daria 4 estrelas com louvor. Gostei muito dele, mas só fui assisti-lo muito recentemente, graças à “tecnologia” de poder baixar os filmes na internet. Vc já disse tudo: as crianças são excelentes, os outros atores estão bem e a direção é primorosa. Um filme sensível, que me tocou e emocionou.
    Abraços.

  2. Também assisti bem recente, mais exato, dia 22 deste mes. Assim como a Jussara também vi através da internet; mas não baixei assisti via online.
    É como tu dizes Sergio, o filme nos envolve completamente e chama nossa atenção para entre outros detalhes,o da corrida,onde para o menino não importava chegar em primeiro lugar mas sim, no terceiro pois ali é que tinha como prêmio,o par de tenis que ele tanto queria para sua irmã.
    Agonia que dava vendo todos os dias a menina sair da escola e voltar correndo para passar os tenis para seu irmão que também correndo ía para a escola onde quase sempre chagava atrasado.
    Respeito ao próximo, amizade/companheirismo em diferenças e dificuldades são valôres morais que o filme passa.
    Me pareceu que as crianas do Irã paupérrimo apesar das dificuldades, eram mais alegres.
    Inclusive praticavam esportes. Não vi isso do outro lado.
    Talvez seja coisa minha, achei que podería ter um outro final.
    Ainda não assisti Central do Brasil e estou na “cola” de A vida é bela.
    Maravilha de filme ! !
    Abraço, Sergio.

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