2.0 out of 5.0 stars
Anotação em 1998: O filme foi muito premiado na Espanha. Recebeu oito Goyas da Academia de Cinema espanhol: filme, roteiro, atriz, música, produção, montagem, atriz coadjuvante e diretor revelação. Em San Sebastian, levou o prêmio especial do júri, mais melhor atriz e melhor fotografia. É um filme estranho, irregular.
Tem cenas de violência explícita e forte demais, a meu ver desnecesssária. A trama é complexa, misturando máfia de drogas com fé em Deus; me pareceu meio violenta, rápida demais a total transformação por que passa no final a personagem central, Glória, interpretada, claro que com brilho, por Victoria Abril. É tudo muito extremado demais, muito over.
O lead é forte e inteligente. Um toureiro prepara-se para entrar na Praça de Touros, enquanto vão surgindo os letreiros. Mais para o final da apresentação, o espectador ouve um som de campainha de telefone; finalmente uma voz feminina em off atende (na tela, o toureiro está nesse momento entrando na arena), e o espectador é informado de que o touro atingiu o toureiro.
Corta e um letreiro informa que estamos três anos depois, e na Cidade do México. Vendedores e compradores de droga negociam, enquanto uma puta chupa primeiro um e depois outro dos homens que estão na sala. Os traficantes dizem temer que os compradores sejam na verdade policiais; e de fato são agentes da DEA, Drug Enforcement Agency, do governo americano, mas não estão a trabalho para a DEA, e sim para eles mesmos; querem uma agenda que um dos traficantes carrega, com os nomes e os lugares das pessoas que limpam o dinheiro do tráfico. Há um tiroteio, e a puta acaba ficando com a agenda. Chega a polícia; a puta é deportada para seu país, a Espanha. Chega a Madri – e aí o espectador tem a confirmação do que já foi intuindo: a puta é Glória, a mulher do toureiro, que não morreu, e sobrevive em coma no apartamento deles, sob os cuidados da mãe, uma antiga militante comunista. Depois de ter ficado um tempo à espera de que o marido melhorasse, e ao ver que ele não melhoraria, Glória fugiu, foi para o México, virou alcoólatra e puta.
Glória planeja assaltar uma loja de peles que é um dos lugares citados na agenda. Volta a beber, rouba dinheiro da sogra para alugar um apartamento em cima da loja de peles; chega a apanhar uma mala de dinheiro, mas, na fuga, perde tudo. Mais tarde, depois de muita violência explícita, irá procurar mudar de vida – a redenção via violência.
Ninguém falará de nós quando estivermos mortos/Nadie hablará de nosotras cuando hayamos muerto
De Augustin Dias Yanes, Espanha, 1995.
Com Victoria Abril, Federico Luppi, Pilar Barden, Daniel Gimenes Cacho, Ana Ofélia Murgia, Guillermo Gil, Marta Aurer.
Argumento e roteiro Augustin Dias Yanes
Cor, 104 min
Caramba, que filme bom ! Estranho, corrido, mas bom !
Grata surpresa pra uma sexta à noite.