3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 1996:, com acréscimo em 2008 Uma boa surpresa. Típico teatro filmado, o grande teatrão dos ingleses e americanos. Personagens bem claros, bem delineados, talvez até um pouco esquemáticos. Há a solteirona problemática, nervosa, muito bonita mas que a vida deixou feia, nada atraente, totalmente dominada pela mãe castradora, puritana, cheia de preconceitos sociais (é o papel de Deborah Kerr, mas tive dificuldade em reconhecê-la, de tanto que ela ficou feia para o papel).
Há o major inglês que vive contando histórias da Segunda Guerra, e que, descobre-se no fim, é um impostor (David Niven); o escritor americano levemente alcoólatra, meio perdido (Burt Lancaster), que corteja a severa dona do hotel inglês à beira mar (Wendy Hiller), mas é alcançado lá pela ex-mulher, de beleza esplendorosa mas já começando a fenecer, rica e chantagista (Rita Hayworth).
Um grande elenco, e estão todos excepcionais. Vi depois que David Niven e Wendy Hiller ganharam o Oscar – e isso apenas três anos depois de Delbert Mann ter ganho vários por Marty.
O filme é datado, sim. Muitos dos preconceitos sociais e morais que retrata deixaram de existir, ou passaram a ser profundamente antigos, ao longo destes quase 40 anos. Mas é um bom filme, um bom teatrão bem filmado, com atmosfera, talento. Vários guias deram cotação máxima, inclusive Maltin e Scheuer. Teve refilmagem com elenco inglês nos anos 80, com o mesmo título original, informam Nick Martin e Marsha Porter.
O CineBooks tem boa resenha, como sempre. E mostra as várias indicações para o Oscar: “Este gratificante drama recebeu indicações da Academia como melhor filme (perdeu para Gigi), melhor atriz (Deborah Kerr, que perdeu para Susan Hayward em Quero Viver!), melhor roteiro adaptado, melhor fotografia (preto-e-branco) e melhor trilha sonora. Venceu os Oscars para David Niven como melhor ator e Wendy Hiller como melhor atriz coadjuvante”.
Lembrando: Wendy Hiller (1912-2003), respeitadíssima atriz do teatro inglês, fez o papel de Eliza Doolittle em Pigmaleão, de 1938, e trabalhou em mais 50 outros filmes. Foi nomeada Dame pela rainha Elizabeth II.
Vidas Separadas/Separate Tables
De Delbert Mann, EUA, 1958.
Com David Niven, Deborah Kerr, Burt Lancaster, Rita Hayworth, Wendy Hiller, Gladys Cooper, Cathleen Nesbitt, Rod Taylor, Felix Aylmer
Baseado em duas peças de um ato de Terence Rattigan
Roteiro Terence Rattigan e John Gay
P&B, 100 min
Um bom filme. Personagens esquemáticas e com problemas que hoje não seriam grandes problemas. mesmo assim, o filme é interessante de se assistir para se poder ver e pensar como as coisas funcionavam na altura em que o filme foi feito. Burt Lancaster é fantástico e o elenco de apoio de primeira. Os movimentos de câmara são muito envolventes. As portas, janelas, escadas, tudo tão vivo, tão envolvente. Rita Hayworth prova que é uma atriz competente, embora não esteja a altura de Lancaster ou Deborah Kerr (formidável). A beleza de Rita não está esplendorosa, não apenas por os seus anos de juventude terem já passado as também porque o seu penteado não a favorece. A sua graça e elegância estão intactas! Um ótimo filme com guião e fotografia bastante bons