Caros F… Amigos / Cari Fottutissimi Amici

2.5 out of 5.0 stars2.5

Anotação em 1996: Engraçadíssima e amarga comédia do velho Monicelli, tendo como pano de fundo a Itália entre a chegada das tropas aliadas, em 1943, e o final da guerra. É um road-movie à la italiana, como As Aventuras do Capitão Tornado, de Scola (que em momentos faz lembrar outro road-movie à latina, Bye, Bye Brasil).

Em vez de artistas, aqui a trupe reúne rapazes pobres reunidos por um ex-pugilista para fazer exibições de boxe nas feiras dos pequenos lugarejos, em troca de berinjelas ou o que o mais vier. Como Scola, Monicelli abre mão de qualquer glamour. Tudo é pobre, miserável. As mulheres que eventualmente se agregam à trupe que viaja num caminhão vagabundo (e roubado) são uma garota que teve seus cabelos cortados por trepar com os tedescos e uma moça que perdeu o namorado, líder dos partisans, para outra mulher. Há ainda um soldado negro americano, que no final vai fugir, junto com a garota careca, levandoo caminhão e o butim.

Uma cena mostra bem o que é o humanismo comunista do velho Monicelli. É quando a trupe de garotos cheios de tesão encontra a moça careca. Todos a chamam de fascista, colaboradora com os alemães. Ela se oferece para dar para todos, em troca de eles a deixarem livre. Um a um, pelos mais diferentes motivos, os rapazes e o chefe do grupo vão se recusando a comê-la. E acabam oferecendo carona a ela e a fazendo passar por mais um garoto. Em Monicelli, a humanidade pesa mais que o tesão reprimido ou que o desprezo por alguém que deu para o inimigo.

O título remete a duas outras comédias anárquicas de Monicelli, Amici Miei, de 1975, Amici Miei Atto II, de 1983.

Caros F… Amigos/Cari Fottutissimi Amici

De Mário Monicelli, Itália, 1994.

Com Paolo Villagio, Massimo Cechherini, Vittorio Benedetti.

Argumento Rodolfo Angelico

Roteiro Leonardo Benvenuti, Suso Cechi d’Amico, Piero De Bernardi e Mario Monicelli

Cor, 118 min.