A Razão do Meu Afeto / The Object of My Affection


Nota: ★★★☆

Anotação em 2008: Eis aí um bom filme – uma boa comédia romântica, embora não seja nem bem uma comédia, nem bem romântica no sentido usual da palavra.

Usa o estilo, o ritmo, o jeito das comédias românticas americanas dos últimos anos: mostra uma Nova York adocicada, bonita, agradável; os personagens nunca têm grandes problemas de dinheiro, é tudo muito bem cuidado, idílico. Mas tem um tanto mais de profundidade, de maturidade, do que o normal no gênero. Fala de homossexualismo com franqueza, honestidade; goza os tipos afetados, que querem se mostrar intelectualmente muito acima da média; e mostra simpatia com os believers, os não-cínicos, os que ainda têm ideais na vida.

Jennifer Aniston faz Jennifer Aniston – ela tem sempre a mesma carinha, o mesmo jeitinho, em todos os papéis que interpreta. Mas, apesar disso, tenho gostado cada vez mais dela. Aqui ela é Nina, uma moça simples, normal, boa pessoa, bom caráter, sensível, que trabalha como assistente social e namora – sem estar apaixonada – um advogado que faz trabalho social.

Sua irmã mais velha, casada com um dono de editora (Alan Alda) riquíssimo e com contatos com todos os escritores, intelectuais e famosos da capital do mundo, vive tentando convencê-la a deixar o namorado pobre e procurar alguém com dinheiro. Numa festa da casa da irmã, ela conhece George (Paul Rudd, que está muito bem no papel), um rapaz bonitão, inteligente, sensível, autor de teatro nas horas vagas, professor de primário, gay, que acaba de ser botado para fora de casa pelo namorado.

Nina oferece para ele um quarto vago que tem em seu apartamento no Brooklyn; os dois ficam amigos, confidentes, cada vez mais próximos; ela ficará grávida, mas prefere continuar morando com o amigo gay em vez de com o namorado por quem não é apaixonada.

A esta altura do filme – estamos com uns 30 minutos de ação -, o espectador se pergunta: e aí? George deixará de ser gay? Nina o converterá em hetero? Mas isso seria – dentro do pensamento politicamente correto do cinema americano de hoje – uma blasfêmia, uma ofensa ao público GLS.

A trama vai se safar bem dessa enrascada em que se meteu; a história é boa, é inteligente, é sensível.

A Razão do Meu Afeto/The Object of My Affection

De Nicholas Hytner, EUA, 1998.

Com Jennifer Aniston, Paul Rudd, John Pankow, Alan Alda, Allison Janney, Nigel Hawthorne

Roteiro Wendy Wasserstein

Baseado na novela de Stephen McCauley

Música George Fenton

Cor, 111 min.

***

4 Comentários para “A Razão do Meu Afeto / The Object of My Affection”

  1. É um filme delicioso. Aborda o tema da suxualidade com muita finura. Já vi esse filme há muitos anos e foi a partir dele que me fixei no Paul Rudd; até tenho uma cópia, daquelas em fita. Filme bom para rever de vez em quando.

  2. Maria, é sempre um prazer e uma honra receber seus comentários.
    Um abraço.
    Sérgio

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