2.5 out of 5.0 stars
Anotação em 1997: Gostosa, divertida comédia sobre temas sérios – infidelidade, desonestidade, fim de tesão no casamento, mentira. A trama é uma espécie de versão cômica e descompromissada de Jogo Mortal/Sleuth, o último filme do grande Joseph L. Mankiewicz, de 1973, cheia de armadilhas, pistas falsas, reviravoltas, surpresas. Cher e Chazz Palminteri estão ótimos.
Qual seria uma boa maneira de fazer uma resenha sem estragar as surpresas? Vou tentar: no dia do 20º aniversário de seu casamento, mulher riquíssima fica sabendo que o marido, empresário de sucesso, que a trai com a secretária, vai demorar a chegar em casa, e recebe a visita de um assassino profissional que pretende matá-la. É. Acho que assim não entrega o ouro. O texto na caixinha do vídeo entrega muito mais.
Há diálogos ótimos. Ela conta para o assassino uma história da juventude: o namorado, paquerado pela moça mais bonita da turma, a abandona pela bela, e acaba, é claro, abandonado. Conclusão dela: “A gente faz tudo pela pessoa amada, menos voltar a amá-la”.
Uma pérola típica do estilo Palminteri. Ela diz para o assassino, sobre a amante do marido: “Deveria haver uma lei proibindo a existência de louras burras de 24 anos com peitos grandes chamadas Debbie”.
As discussões dela com o marido sobre Debbie são ótimas. Ela garante que os peitões de Debbie são falsos, ele garante que não. As discussões dela, bem no início do filme, com o assassino, sobre chupadas são deliciosas. Ele entende que chupada não é traição. É ótimo
Se você não viu o filme, não leia a partir de agora
Na verdade, quando o assassino chega, a mulher está se preparando para suicidar. O assassino é confuso, tem culpas tremendas por ter causado a morte da irmã, e além disso nunca matou uma mulher; está há anos fazendo terapia com um jogador inveterado (interpretado pelo próprio Mazursky). Ele diz que foi contratado pelo marido, mas ela, a partir de um determinado momento, garante que foi ela mesma que o chamou – ele e os espectadores ficam então na dúvida. O marido não a come há quatro meses, e daí ela se oferece ao assassino. Corta, e chega em casa o marido. Na verdade, foi ele mesmo que contratou o assassino. Mas ela se vinga dele, o expulsa de casa (a empresa dele era herança dela), assume o papel de empresária, o marido fica na merda, e ela de vez em quando transa com o assassino.
Fiel, Mas Nem Tanto/Faithful
De Paul Mazursky, EUA, 1996.
Com Cher, Chazz Palminteri, Ryan O’Neal, Paul Mazursky
Roteiro Chazz Palminteri, baseado em sua peça.
Produção Robert De Niro
Cor, 91 min.