3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 1996: O filme é baseado em fatos reais, nos avisam os irmãos Coen logo de cara – embora seja uma mentira. Parece ter saído da cabeça de um escritor de livros policiais, tipo Um Plano Simples. Se fosse uma história real, seria mais uma prova de que vida e arte nos Estados Unidos espelham a mesma realidade: uma sociedade rica, a mais rica do planeta, e inteiramente ensandecida, em que, por um pouco de dinheiro, se matam pessoas – sete, no caso específico – com a mesma facilidade com que se matam baratas.
Um gerente de vendas de uma revendedora de carros de Minneapolis, Minnesota, tem problemas financeiros, e por isso pede a dois bandidos que forjem o sequestro de sua mulher, filha de um homem muito rico; o plano – aparentemente simples, como o do livro deste nome – é pedir US$ 1 milhão de resgate, dizer pros bandidos que o resgate foi de US$ 80 mil, pagar 40 mil e ficar com o resto. Tudo dá errado, e os assassinatos se sucedem.
Duas coisas impressionam sobretudo, no filme – além da denúncia da insanidade da sociedade americana. A primeira é a narrativa, simples, e ao mesmo tempo envolvente, brilhante, e extremamente pessoal. A segunda é o casting e a direção de atores. São todos tipos absolutamente perfeitos, parece documentário, de tão bem escolhidos e caracterizados que são.
Frances McDormand, como a policial grávida da cidadezinha do interior que vai atrás dos assassinos, está brilhantíssima. Todos os tipos são muito bem construídos, mas o dela rouba a cena, com toques do humor mais negro possível.
Se você não viu o filme, não leia a partir de agora
O personagem de Frances McDormand vai contra o clichê de que os policiais do interior são imbecis e ruins de serviço. Ela é esperta, sagaz, inteligente, com aquele barrigão que parece que vai explodir a qualquer momento. É esse personagem que explicita a moral no finalzinho do filme, depois de prender um dos dois bandidos no momento em que ele botava o companheiro assassinado por ele dentro de um triturador. “Tudo isso por causa de um pouco de dinheiro”, diz ela.
Outros filmes dos irmãos Coen neste site:
Queime Depois de Ler/Burn After Reading;
Matadores de Velhinhas/Ladykillers;
O Amor Custa Caro/Intolerable Cruelty.
Fargo
De Joel Coen, EUA, 1996.
Com William H. Macy, Frances McDormand, Steve Buscemi, Peter Stormare, Harve Presnell
Argumento e roteiro e Joel e Ethan Coen
Música Carter Burwell
Cor, 98 min.
Na verdade não há 7 comentários para este filme, há os tais Pingbacks que o Sérgio já uma vez me explicou mas que eu esqueci.
Vi agora Fargo e gostei muito, acho um bom filme ao contrário do outro filme dos irmãos Coen que vi – No Country for Old Men, que em Portugal se chamou Este País não é Para Velhos e que eu detestei completamente em especial recordo a personagem interpretada por Javier Bardem, um actor de grande talento que eu lembro de Mar adentro e que ali faz uma personagem que só mata, mais nada; até mata a mulher de um homem a quem tinha prometido isso mesmo e quando a vai matar lhe diz isso – prometeu ao marido.
Voltando ao filme gostei e apreciei o humor negro e todo o conjunto de actores, argumento e realização.
O site é tão rico que demandou um tempo para me situar.
Queria destacar William H. Macy. Fazer papel de herói ou vilão é bem mais fácil. Ele merecia um oscar.
Acho que, depois que se assiste a série, que é baseada neste filme, o filme original perde um pouco do fôlego. Apesar disso, é um bom filme, com os personagens bem redondos e a atriz, que interpreta a policial, roubando a cena. Além dela, o ator principal te deixa aflito conforme ele vai se desesperando com os erros do plano e tentando manter a normalidade. Ansioso para os próximos trabalhos dos irmãos Coen