3.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2006, com complemento em 2008: Eis aí um filme de estilo único. Não tem propriamente uma história, ou ação, mas também não é um documentário. É o filme papo-cabeça para fazer com que todos os demais filmes papo-cabeça parecem comedinhas românticas de Hollywood.
São 112 minutos de discussão filosófica a respeito do estado do mundo, com base no pensamento de Fritjof Capra.
Fritz quem?, poderão perguntar os menos chegados a um bom papo-cabeça. A Wikipedia (em inglês, porque a em português desconhece esse senhor) informa: Fritjof Capra é um físico americano nascido em Viena, na Áustria, em 1 de fevereiro de 1939. Obteve um Ph.D em física teórica na Universidade de Viena em 1966. Pesquisou a física de partículas e a teoria dos sistemas, e escreveu livros famosos sobre as implicações da ciência, notadamente O Tao da Física, cujo subtítulo é Uma Exploração dos Paralelos Entre a Física Moderna e o Misticismo Oriental. O Tao da Física afirma que a física e a metafísica levam inexoravelmente à mesma sabedoria.
Morou, bró?
Pois então. Para discutir tais temas, Bernt Capra, irmão do físico-filósofo Fritjof, bolou a seguinte história – se é que podemos chamar isso de história. Um político americano, progressista, inteligente e bem informado, Jack Edwards (Sam Waterston) encontra-se com um amigo poeta, Thomas Harriman (John Heard), que não vê há muitos anos, no Monte Saint-Michel, o lugar belíssimo no litoral francês do Atlântico. A eles vai se juntar, por acaso, uma linda cientista que também está por ali, Sonia Hoffman (Liv Ullmann). E ficam os três – o político, o poeta e a cientista – caminhando e filosofando no meio daquela paisagem absurdamente bela, um castelo cercado de pequenas casas medievais na pequena ilha montanhosa, enquanto ao fundo ouve-se a bela, minimalista música de Philip Glass.
Dito assim, parece um horror, um tédio insuportável, certo? Mas não é. É interessantíssimo, fascinante. Uma fantástica e bela ousadia.
Antes deste filme, que eu saiba, só tinha havido um outro quase nessa linha, Meu Tio da América/Mon Oncle d’Amerique, de 1980, em que mestre Alain Resnais põe o professor Henri Laborit para discutir suas teorias sobre o comportamento humano. Mas naquele, apesar da presença de Laborit na tela de vez em quando apresentando suas teorias, Resnais conta histórias bem feitas de personagens interessantes, interpretadas por grandes atores – Gérard Depardieu, Nicole Garcia.
Este aqui, não. Este vai muito mais longe. Acho que é o primeiro filme de divulgação científica da História.
Ponto de Mutação/Mindwalk
De Bernt Capra, EUA, 1990
Com Liv Ullmann, Sam Waterston, John Heard
Roteiro Fritjof Capra, Floyd Bryars
Baseado em obras de Fritjof Capra
Música Philip Glass
Cor, 112 min
***
Eu assisti a esse filme quando eu tinha 20 anos de idade (hoje tenho 29). Marcou a minha vida e moldou a minha forma de pensar e ver o mundo. Adoro os livros de Fritjof Capra.
Após ver o filme no ano passado, ele me inspirou a desenvolver o tema para o meu trabalho de conclusão de curso sobre “O pensamento cartesiano no processo ensino-aprendizagem no ensino superior em área tecnológica” e que me instigou a fazer uma reflexão na minha formação em engenharia e pensar, qual mentalidade se está formando nos estudantes dessa área.
Quando assisti o filme pela primeira vez na faculdade achei um tédio, mas amadureci e acho esse filme facinante, mudou meu mode de pensar.
A primeira vez que assiti o filme foi na faculdade. De lá para cá assisti mais umas 5 vezes. Me interessei tanto que posteriormente li quase todas as obras do autor. A minha forma de pensar a vida começou a se construir a partir desse episódio. Recomendo e acredito que toda pessoa inteligente e preocupada com o mundo que vive deve assistí-lo.
Este filme é fscinante! gosto dele por 3 razões
óbvias: a discussão holística reunindo ciência, arte e política; o esclarecimento sobre o pensamento holístico e o mecânico; também o local onde acontece a conversa.
Maravilhoso. Desses filmes que transformam a gente.