2.0 out of 5.0 stars
Anotação em 2010: Mary Stuart Masterson, essa boa atriz simpática, faz o papel de Lisa Walker, uma jovem executiva absolutamente workaholic, neste filme obscuro feito em 1996. A atriz e a personagem são a melhor coisa do filme.
Na verdade, foi por causa de Mary Stuart Masterson – ótima em Tomates Verdes Fritos e Particularidades do Casamento/Married to it, para dar apenas dois exemplos –, que, durante uma zapeada, parei para ver o filme na TV a cabo, quando já haviam se passado uns cinco minutos de ação. Com uns seis minutos de ação, o patrão e chefe da jovem executiva bem sucedida ordena a ela que tire o resto da semana para descansar; diz precisar que ela esteja de volta inteira e pronta para o trabalho na segunda-feira seguinte.
E aí Lisa Walker entra em pânico: “Mas hoje é terça-feira à tarde! O que eu vou ficar fazendo esse tempo todo?”, perguntará à maior amiga, Kim (Pamela Segall).
Lisa acabará passeando por vários lugares de Manhattan, mas não por iniciativa própria. Ela será carregada para os passeios por Lewis Farrell (Christian Slater), um rapaz que faz entrega de flores e um dia viu Lisa e se apaixonou perdidamente por ela – assim, de cara. Ao final de um dia de passeios pela capital do mundo, Lisa diz para Lewis que está se sentindo uma inútil, porque não produziu nada naquele dia, não contribuiu em nada para o Produto Interno Bruto. Sim, ela usa exatamente essa expressão – Gross National Product.
Poderia ser o interessante retrato de uma louca workaholic
Pensei: ué, pode ser interessante esse personagem workaholic, que não consegue ver sentido algum na vida se não estiver trabalhando. Me fascina esse estranhíssimo tipo de gente que vive para trabalhar, que sente tédio se não estiver trabalhando. Para mim, que passei boa parte da vida toda sonhando com a aposentadoria, le droit à la paresse cantado por Moustaki, essas pessoas são mais estranhas que um marciano, ou um jupiteriano.
Sim, poderia dar em alguma coisa interessante. Até porque Lisa é o oposto de Lewis, o sujeito que se apaixonou por ela perdidamente à primeira vista. Lewis, veremos, aos poucos, na verdade não é um mero entregador de flores; é o dono da floricultura; trabalhou feito um camelo numa grande instituição financeira de Wall Street, subiu, ganhou muito dinheiro, mas aí houve uma tragédia em sua vida, ele largou o emprego de salário e bônus altíssimos, e agora se dedica a viver. Gosta de entregar ele mesmo as flores para ver o sorriso de satisfação de quem as recebe, porque quem recebe flores sempre sorri satisfeito.
Mas o diretor e roteirista Michael Goldenberg infelizmente não vai se aprofundar nessa coisa do vício do trabalho de Lisa Walker nem na felicidade que existe para quem é capaz de descobrir que não vale a pena perder a vida no ato de ganhá-la. Na verdade, não vai se aprofundar em absolutamente nada – seu pequeno drama romântico é tão raso quanto um pires, ou quanto a mais rasa comedinha romântica. E tão previsível quanto a mais boba comedinha romântica.
Não é que seja propriamente um filme ruim. Não é. E tem boas intenções: quer de fato falar da solidão das pessoas nas grandes metrópoles, os muros que elas constroem em volta de si mesmos para se protegerem. No fim saberemos que, como Lewis, Lisa também tem uma tragédia do passado que moldou sua personalidade workaholic e solitária. Então o filme tem boas intenções, e não é propriamente ruim. A rigor, é apenas dispensável.
Como não gosto de falar mal de um filme sozinho, vou a outras opiniões.
Tanto Leonard Maltin quanto Roger Ebert deram 2 estrelas em 4 para o filme. Maltin diz apenas que a tentativa de fazer um filme romântico sério falhou, apesar do esforço dos atores. Já Ebert, que não costuma pegar muito pesado, e em geral tenta achar alguma qualidade nos filmes, desce a lenha com uma irritação como raras vezes vi: “Bed of Roses”, ele começa, “é uma história tola sobre dois sujeitos que acabam levando mais ou menos o que eles merecem – o outro. É um desses filmes para fazer chorar que talvez tivessem feito sentido nos anos 1930, quando grandes astros nos faziam ver que era só brincadeirinha.” E por aí vai. Não deixa pedra sobre pedra. Lá pelas tantas, fuzila: “O filme se sustenta sobre um dos mais confiáveis clichês românticos modernos, o Medo do Compromisso”.
Acho que está certo o Ebert. E estava certo eu também, quando disse que o filme é apenas dispensável – a rigor, não precisava ter sido feito, tadinho.
Rosas de Sedução/Bed of Roses
De Michael Goldenberg, EUA, 1996
Com Mary Stuart Masterson (Lisa Walker), Christian Slater (Lewis Farrell), Pamela Segall (Kim), Josh Brolin (Danny)
Roteiro Michael Goldenberg
Fotografia Adam Kimmel
Música Michael Convertino
Produção New Line Cinema
Cor, 87 min
**
Acabei de assistir via “online”. Para mim tbm
sempre me pareceu estranho essas pessoas que
não se sentem bem se não estiverem trabalhan-
do. Pera lá … há tempo prá tudo. Em alguns casos, sôa até falso.
Mas, é como disseste, Sergio, o diretor se
perdeu e o filme ficou comum,simples, previsí
vel descartavel. Fiquei me perguntando.E aí??
Gosto muito deste filme, e gostaria de comprá-lo! Onde posso encontrá-lo!
Gostaria de saber pq alguns filmes como esse Rosas da Sedução nunca encontramos para comprar e/ou ver disponivel online? Att,
Ainda procuro esse Atraidos pelo Destino c/Nicolas Cage, Incognito c/Tor do Velocidade Maxima 2. Musica do Coracao c/Meril Streep. Esse Coracao Indomavel c/Marisa Tomei. Att,
Meu critico favorito era e é o Ebert. Mas as vezes discordo dele. Gosto muito desse filme e parei aqui no site, que conheço ha anos, pois procuro-o para rever.
Onde consigo comprar e assistir?