Anotação em 2011: Tamara periga virar cult. É um daqueles sérios candidatos a pior filme de todos os tempos, troféu Framboesa dos séculos, dos milênios. Ed Wood é luxo só perto de Tamara.
Para fazer uma comparação com outro filme do mesmo gênero, o terror sanguinolento que faz a alegria das platéias adolescentes, em especial as americanas, mas também de resto do mundo, é assim: perto de Tamara, Garota Infernal é uma obra de arte.
Vamos lá: o ambiente, é claro, como em 99% dos slasher movies –esse subgênero do terror que em geral beira o terrir – é uma escola, o mundo dos adolescentes de uma cidade americana qualquer. Tamara é uma garota feiosa, desengonçada, motivo de deboche da turma. Mais que deboche: é bullying mesmo, embora o filme não pretenda, é claro, fazer uma denúncia dos maus tratos psicológicos infligidos a uma pessoa. Os colegas a chamam de perdedora – loser, essa palavra que, na cultura americana, parece ser uma das maiores ofensas que se possa fazer a alguém –, de retardada.
Tamara tem uma paixonite por um professor, sujeito legal, bem casado com uma jovem simpática, boa gente. Tem visões de que o professor a come no meio da sala de aula. E, nas horas vagas, lê umas coisas sobre bruxaria.
Toda turma tem seu líder do mal, o cara mais sacana de todos, o rei do bullying, e a turma de Tamara, claro, tem o seu. Ele bola uma grande sacanagem com a garota: inventam uma história de maneira a que ela acredite que numa determinada noite o professor irá encontrá-la no motel da cidade. A turma se junta no quarto ao lado do indicado para o encontro; o líder da turma filma a chegada de Tamara ao motel, filma a si próprio entrando no quarto onde a garota esperava o professor e dizendo que era tudo uma brincadeira, que ela caiu como um patinho. Toda a turma se reúne em um dos quartos, o líder filmando tudo; Tamara se revolta, briga, há um empurra-empurra, ela é derrubada, bate com a cabeça na quina de um móvel e póf – está lá, mortinha.
Discutem o que fazer com o corpo, o cadáver, o corpse. Tem o casal mais bonzinho, a garota até que tratava Tamara bem; ela tenta argumentar que é melhor chamar a polícia, mas é voto vencido. Vão, é claro, enterrar Tamara numa floresta convenientemente próxima.
Isso acontece num fim de semana. Na segunda-feira, tcham-tcham-tcham-tcham – Tamara reaparece na classe, vivinha da silva, e não só vivinha, mas agora em nova versão, mais bonita, sensual pacas. Fez um pacto com o diabo, ou algo parecido, e agora quer se vingar – e sua vingança será cruel, com muito sangue esguinchando pra todo lado, e a câmara vai se fixar longamente nos jorros de sangue. E haverá muitos.
Os produtores e o diretor deveriam ser condenados por bullying
Um dos pontos mais grotescos de toda a história, me pareceu, é a diferença entre a Tamara pré e a Tamara pós. A atriz que os produtores condenaram ao pobre papel chama-se Jenna Dewan. Tadinha. Não é tão feiosa e desengonçada quanto o filme quer que ela pareça, na versão pré-morrer. Mas não consegue ser, de forma alguma, bonita e sensual na versão pós-retorno do mundo dos mortos. Muda o jeito de andar – na versão pré, acanhada, roupa desleixada; na versão pós, saia bem curta, mostrando não pernas maravilhosas, mas uns cambitos que supostamente deveriam ser atraentes, e blusas arrochadas e decotadas, para mostrar uns peitos que na verdade passam bem longe de ser qualquer CCE, quanto mais Brastemp.
A insistência em mostrar sangue esguichando é nojenta.
Mas o que fizeram com a pobre moça Jenna Dewan é um crime. Os produtores e o diretor deveriam ser condenados por bullying em alto grau.
Jenna Dewan, informa o IMDb, foi modelo e dançarina. Tem 22 filmes e/ou episódios de séries no currículo, iniciado em 2002, com uma ponta num filme chamado Garota Veneno/The Hot Chick. Em 2006, foi uma das protagonistas de Ela Dança, Eu Danço/Step Up.
Uma história bem parecida com a de Garota Infernal
Acho que são necessárias duas considerações. A primeira é a seguinte: embora seja um filme absolutamente grotesco, nojento, abjeto, ele veio quatro anos antes do já citado Garota Infernal/Jennifer’s Body. Garota Infernal é uma produção muito mais caprichada, com duas jovens estrelas em ascensão, Amanda Seyfried e Megan Fox; o filme foi escrito por uma moça esperta, inteligente, Diablo Cody, que virou um xodó para muita gente, e entre seus produtores está Jason Reitman, um jovem de imenso talento que já fez três filmes ótimos (Obrigado por Fumar, Juno e Amor Sem Escalas). E, no entanto, a história do personagem título do filme de 2009 se parece muito com a do personagem título do filme de 2005.
Não estou dizendo que tenha sido uma cópia, um plágio – até porque as tramas usadas nos slasher movies são todas muito parecidas. São só dois ou três acordes, como nas canções ruins. Mas que uma história é bem próxima da outra, lá isso é.
A segunda consideração é mais complicada. O que raios está fazendo uma porcaria destas, feita para adolescentes, num site de filmes de um sujeito que já passou dos 60 anos?
Bem. Acho que basicamente é porque eu sou doido mesmo: estava zapeando, apareceu o filme, fiquei olhando… (Confesso, não sem culpa e vergonha, que gosto de um trash de vez em quando.) E aí, já que tinha mesmo perdido um tempo olhando aquilo, por que não desopilar o fígado falando mal dele?
Tamara
De Jeremy Haft, EUA-Canadá, 2005
Com Jenna Dewan, Katie Stuart, Chad Faust, Matthew Marsden, Claudette Mink
Roteiro Jeffrey Reddick
Fotografia Scott Kevan
Música Michael Suby
Produção Integrated Films & Management, Manitoba Film and Video Production, Canadian Film or Video Production
Cor, 98 min
1/2
Gostei tanto do filme que fiz orkut explicando o filme e falando sobre o bulling…
se quiserem add tamarariteyterro-@hotmail.com
em breve nossa comu!
po esse filme é um máximo
Essa menina é linda, mas da medo.